Um bom espião deve ser discreto;

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PRÓLOGO 

Angel Dust;



Enquanto vivo, nunca imaginei que eu chegaria onde estou.

Nasci e fui criado entre os bandidos, os caras maus. Toda minha família fazia parte de uma grande organização criminosa de Nova Iorque, e estando mergulhado nela até o pescoço, não pude recusar de me juntar a eles quando chegou a hora. Eu já sabia demais.

Foi assim que minha vida no crime começou.

Embora minha mãe fosse fortemente contra - quando não estava bêbada ou drogada -, meu pai me treinou junto com meus irmãos, querendo que nos tornássemos os melhores aliados da tal máfia. Ele queria que o chefão depositasse em nós, a confiança que não depositava nele.

Desde o começo meu pai sempre prestou mais atenção em mim. Me elogiava dizendo que eu sabia ser discreto e quieto, até abrir a boca. Depois disso eu era escandaloso e "dava pinta". Eu ri quando ele disse isso, já que eu nunca tentei esconder, e ele também não pareceu se incomodar.

Os anos passaram rápido. Eu fiquei mais velho, e cresci dentro da máfia. As pessoas gostavam de mim, eles confiavam em mim. E esse foi exatamente o problema.

Eu comecei como um "mensageiro", como eles mesmo chamam, mesmo que eu soubesse lutar e me defender. O mensageiro é alguém responsável por passar mensagens, como o próprio nome já diz. Mas eu sempre gostei de uma boa fofoca, e quando eu ouvia algo interessante, eu contava ao chefe casualmente.

Ele ficou impressionado, e decidiu me promover a informante.

Eu recebi um pouco da fúria de meus irmãos por estar crescendo mais rápido que eles, mas tinha a proteção do chefe por que eu era útil para ele.

Continuei fofocando pelos cantos e mesmo que eu não fizesse nada de mais, aquele homem parecia muito impressionado comigo, e continuava me dando bens e regalias, e isso enfurecia cada vez mais aos meus irmãos, até chegar ao ponto de que os outros membros da máfia perceberam.

E veja bem, as pessoas não gostam de ver alguém melhor que ela crescer enquanto elas continuam na lama, então logo alguns boatos começaram. E mesmo que o chefe nunca tenha encostado um dedo em mim, fiquei conhecido como "a putinha do chefe". E esse era o apelido mais leve. 

Eu ignorei as brincadeiras por muito tempo, afinal eu estava fazendo por merecer tudo que recebia. Me esforçava para não ser pego, pedia ajuda ao meu pai para treinar, e enquanto todos dormiam, eu estava treinando e bolando planos que me ajudariam a lidar com certas pessoas. Nunca me esforcei tanto por algo!

Eu me sentia útil, e eu gostava dessa sensação, então eu dava tudo de mim para ser o melhor.

Mas as coisas escalaram ao ponto de saírem do meu controle.

Eu ainda me lembro com clareza daquele dia. Eu estava na academia treinando quando alguns homens me abordaram. Eles queriam lutar e eu aceitei. O que não te mata, te faz mais forte. Eu não tinha com quem treinar combate corpo a corpo, então achei a oportunidade ótima para praticar toda minha teoria.

Eu venci os três. E eu normalmente já ficaria feliz por isso, mas quando finalmente me virei em direção a porta para ir para o vestiário, vi que o chefe estava lá. Encostado na porta, com os braços cruzados e um sorriso pequeno no rosto.

Não disse nada, apenas se virou e saiu. E eu também não me preocupei, tomei minha ducha e fui embora pra casa.

Mais tarde naquela mesma semana eu recebi uma mensagem do chefe. Ele dizia que precisava de mim na sede e que tinha uma missão importante para mim, diferente de tudo o que eu já tinha feito.

[HIATUS] Operação Cupido - HUSKERDUSTOnde histórias criam vida. Descubra agora