3 - Problemas com o papai

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Com o passar dos anos, Eleanor se tornou uma garota ainda mais caótica para a monarquia britânica. Mesmo tendo elegância e educação, ela odiava cumprir ordens – especialmente as vindas de seu pai, Charles.

Com o divórcio dos pais, a garota se viu mais livre das mãos do futuro rei. Teve duas opções: morar com o pai ou com sua mãe.

Obviamente, como uma pessoa sensata faria, ela escolheu morar com Diana e os irmãos.

Assim que retornou da escola, – Queen's College, onde havia sido seu primeiro dia de aula naquele dia – Eleanor colocou a mochila no sofá e suspirou.

A princesa olhou ao redor, procurando pela mãe.
— Mamãe..?

Harry entrou no apartamento logo em seguida. Ele foi até a irmã e a abraçou. Diana entrou na sala de estar, meio confusa.

— Está tudo bem? — ela perguntou, beijando a testa de ambos os filhos — Pela sua expressão, El, você não parece bem.

Os olhos de Eleanor se encheram de lágrimas e ela sentou-se no sofá. O garoto ruivo suspirou e respondeu por sua irmã.

— Papai buscou eu e William na escola.

— Mas isso não é ótimo? — Diana sorriu e olhou para a filha — Como foi o passeio com seu pai, meu amor? Onde vocês foram?

— Mamãe, o problema é que... — Harry suspirou novamente e esfregou a mão no rosto — Eu perguntei ao papai se ele iria a Queen's College para buscar El, e ele disse...

— Eu não vou buscar uma menininha mimada por Diana. Não sou o pai dela, aquele baterista é quem é. — Charles disse, a raiva pela própria filha evidente em sua voz — Ela pode ir para casa no ônibus escolar ou a mãe dela vem buscá-la. Eleanor até pode escolher qual das mães ela quiser.

— ... Obviamente, voltei para casa com El. — Harry respondeu após dizer as barbaridades de seu pai.

Diana não sabia o que dizer. Parecia que haviam cortado sua língua e ela não poderia pronunciar uma palavra sequer. Ela suspirou e abraçou a filha, que desabou em lágrimas em seus braços.

— Eu odeio Charles... Eu odeio aquela escola... Eu odeio essa droga de sistema real! — gritou Eleanor com tristeza e raiva, correndo para seu quarto.

Um silêncio tenso se instalou na sala. A única coisa que podia ser ouvida era o barulho das ruas movimentadas de Londres e a respiração baixa de Diana e Harry, que se olhavam em choque.

Duas horas mais tarde...
A princesa fazia seu dever de casa em silêncio, a caneta em suas mãos saindo com uma bela caligrafia da tinta para o papel de seu caderno.

Sua mãe via algum programa que passava na televisão, talvez sentada no sofá da sala de estar. Talvez Harry estivesse fazendo seu dever de casa também – El não teria certeza.

Eleanor ouviu o barulho da porta da frente abrindo-se e fechando-se, como se alguém estivesse adentrando a residência. Os passos pesados ecoaram no chão e a voz familiar soou como alívio, tristeza e raiva para a princesa.

William havia chegado de seu passeio com o queridinho papai. Sua voz era baixa, mas audível.

— Como está Eleanor? — ele perguntou alguns segundos depois de entrar na casa – Fiquei preocupado com ela.

Talvez a garota gostasse de uma boa encrenca, ou talvez sua raiva estivesse tomando o controle, mas ela se levantou, apoiando as mãos na escrivaninha com força. Caminhou até a porta do quarto e abriu-a de forma abrupta.

Seus passos, agora pesados, caminharam até onde seu irmão se encontrava.

Diana pôde ver o rosto quase vermelho da filha, suas sobrancelhas franzidas.

— Preocupado? — Eleanor respondeu, seu tom de voz elevado — Preocupado almoçando com o papai, talvez ouvindo ele falar mal sobre a minha pessoa?

— Eleanor, não... — William tentou dizer, mas foi tudo em vão.

— Shiu! — a garota ordenou silêncio — Você não dirigiu uma palavra à Charles para me defender. Achei que irmãos mais velhos defendessem as mais novas – mas talvez você não faça isso pois sou adotada.

— O que? Não! — o futuro rei arregalou seus olhos azuis — Eu tentei, mas papai não dirigiu um minuto de sua atenção para mim naquele momento.

— Nem mesmo quando estavam no seu restaurante favorito, comendo macarrão italiano? — Eleanor perguntou em tom de deboche e irritação.

William se calou e olhou para as próprias mãos, sem saber como responder – ele não havia confrontado Charles, isso era uma verdade.

Eleanor assentiu para o silêncio do irmão e caminhou pesadamente até seu quarto, achando que iria explodir de raiva – talvez uma previsão.

A garota bateu a porta do quarto abruptamente e pegou um borboleta de vidro em seu livreiro, jogando-a na parede com um grito – descontando metade de sua raiva.

Ambos os irmãos estavam prontos para irem ao quarto da irmã, mas sua mãe os parou.

— Deixem-a sozinha por um tempo. Ela está irritada. — Diana disse em voz baixa.

Os sons de objetos de vidro e gritos da delicada princesa podiam ser ouvidos, talvez, pelo palácio todo – motivo de fofoca semanal entre os criados.

Eleanor não se importava se viraria manchete daqueles malditos jornais novamente. Não se importava que as suas notícias eram as mais verdadeiras daquela família, pois eram as com mais informações.

Um grito final, estrondoso e horrendo – eles descreveriam como o de um filme de terror – foi ouvido.

Silêncio.

A princesa caiu de joelhos, chorando quietamente. As lágrimas escorriam de seus olhos em um ritmo rápido e seus soluços não eram audíveis, mas fortes.

Ela juntou as mãos e sussurrou,
— Deus, me ajude a me reerguer neste momento de fraqueza... — ela soluçou — Meu Pai todo poderoso, tenha piedade de mim. Não solte a minha mão frágil...

Eleanor não tinha forças para levantar. Sentia-se incapaz, fraca sempre que lembrava das palavras de seus colegas de classe.

— A princesinha adotada... Pobrezinha...
— Você não quer um prêmio, quer?
— Não se ache a toda poderosa por causa de seu status. Você não passa de uma garota deselegante.

Como um desafio, ela rastejou até sua cama e deitou-se, sentindo seu coração bater acelerado enquanto a tristeza e raiva se juntavam.

Ela reconheceu: as mãos tremendo, a respiração acelerada, o coração em um ritmo incontrolável.

Uma garotinha que nem onze anos de idade havia completado ainda.

Eleanor queria gritar, mostrar ao mundo toda a sua raiva e tristeza. O quanto ela se sentia inferior, deslocada em todos os lugares, desvalorizada pelo pai.

"Não ligamos para seus problemas com o papai" ela lembrou do que sua colega de classe havia dito, "Obviamente, Charles está certo. Isso deve ser drama da sua parte."

A destruição emocional estava apenas começando.

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| Olá! Se você chegou até aqui, eu agradeço muito. Poderia deixar um emoji (💭) para me informar?

Meus amores, queria deixar claro aqui sobre a oração de Eleanor: devido a religião da família real britânica, ela sempre viu Deus como seu Salvador. Sinto muito se alguém se sentiu ofendido ;(

Espero que tenham gostado! 💗

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⏰ Última atualização: Jul 03 ⏰

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A Filha de DianaOnde histórias criam vida. Descubra agora