Missouri

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Kansas City - Missouri - 16:30 PM

Jungkook fazia aniversário no dia primeiro de setembro, e Taehyung estava se preparando para lhe dar um presente inesquecível: sua ilustre presença. Planejava juntar dinheiro suficiente para comprar uma passagem de ida e volta de avião até Phoenix e surpreendê-lo em seu aniversário. Porém, seu plano não estava indo tão bem quanto ele esperava.

Trabalhando meio-período na Domino's, quatro vezes por semana após o colégio, Taehyung ganhava apenas noventa e cinco centavos por hora — um salário miserável, diga-se de passagem. Pedir dinheiro aos pais estava completamente fora de cogitação; eles já bancavam a casa e ajudavam sua irmã mais velha, Callie, com as despesas da faculdade. Então, Taehyung estava por conta própria. Às vezes — principalmente antes do verão — Tae conseguia um dinheirinho extra limpando a piscina dos vizinhos de Jimin, mas nada realmente significativo.

Começou a economizar desde os dezesseis anos e, no banco, já tinha pouco mais de dez mil dólares, mas não podia tocar nesse dinheiro — não mesmo — porque era todo destinado à faculdade. Há sete meses sonhava em ver Jungkook e há dezessete anos sonhava em se tornar engenheiro ambiental. Ele estava apaixonado, mas não era tolo; sabia que precisava manter os pés no chão e pensar com a cabeça de cima. Dois sonhos, e um não deveria interferir no outro. Por isso, esforçava-se para trabalhar um pouco mais e juntar mais dinheiro, assim poderia se dar ao luxo de gastar um pouco com passagens de avião. O problema é que, quanto mais se trabalha, menos tempo se tem. Então estar apaixonado por um cara que mora a 1.207 milhas de distância e tentar manter um relacionamento ativo com ele era uma tarefa muito difícil.

Durante o trabalho, Taehyung era proibido de usar o celular — certo, às vezes ele conseguia dar uma olhadinha rápida e responder alguma mensagem, mas nada que ultrapassasse cinco minutos, quando fingia ir ao banheiro. Afinal de contas, o lugar era cheio de câmeras — então passava a maior parte do dia offline. Quando chegava em casa, por volta das 17:30, seu aparelho estava sempre cheio de mensagens.

Às vezes ele era sensato e logo que chegava se punha a fazer seu dever de casa, mas em outras — principalmente após conhecer Jungkook — ele deixava suas obrigações de lado e focava em outras coisas. Jogava, fazia ligações longas por vídeo ou — quando estava muito, muito cansado — dormia sem jantar e só acordava no dia seguinte, para ir à escola.

Ele olhava impaciente para o relógio na parede, que parecia quebrado, porque os ponteiros se mexiam em uma velocidade torturante, enquanto esperava Mark, o atendente que o substituía no caixa, chegar. O movimento estava tranquilo, poucos clientes para atender, pouca coisa para limpar ou preparar, do jeitinho que ele gostava.

Era uma sexta-feira muito quente, o ar-condicionado fazia seu trabalho muito bem, gelando seu nariz, mas o calor dos fornos da cozinha deixava Taehyung com as costas suadas. Ele e Rita, a outra atendente, estavam conversando sobre a formatura. Eles tinham a mesma idade, mas não estudavam juntos — o que era uma pena, pois Tae adorava a companhia dela.

— Você vai ao baile?

— Acho que não — respondeu ele, com um encolher de ombros, demonstrando pouco interesse. — E você, vai?

— Estou pensando em ir. Quero muito, mas não fui convidada por ninguém. — Rita admitiu, claramente se importando muito com a questão.

— Você não precisa de um par para ir ao baile. Vá com suas amigas! — sugeriu Taehyung, tentando animá-la.

— Não é a mesma coisa, Tae. Ir sozinha é chato. Quando tocar uma música lenta, faço o quê? Danço sozinha? Não, vou parecer uma pateta! — respondeu ela, fazendo um bico fofo e suspirando.

1.207 milhas de distância (Vkook - Taekook)Onde histórias criam vida. Descubra agora