CAPÍTULO 1

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LÍRIOS

Flashes daquele terrível dia surgem em minha mente.

Sangue. Era tanto sangue que jorrava pelo chão daquela sala de paredes brancas.

Um clarão chamando meu nome me trás a tona da realidade atual.

- Nicoly?... Nicoly? Você sabe me dizer a qual geração o núcleo temático do soneto que acabei de citar pertence? - professora Cláudia me questiona.

Olho para seu rosto me lembrando que ainda estou na faculdade. Porra, o que ela acabou de me perguntar? Que soneto ela citou?

- O soneto... a terceira geração? - falo tão baixo que parece mais um sussurro.

Mas para minha decepção parece que errei feio, vejo as sobrancelhas grossas da professora formarem um traço. Ouço um riso atrás de mim. Seguido de borburinhos na sala.

- O soneto pertence a segunda geração romântica - Lucca responde antes que Cláudia possa apontar meu erro.

Metido. Arrogante. Consigo sentir aquele sorriso irritante quase queimando minha orelha.

- Isso Lucca - ela fala e então continua a explicar sobre o soneto.

- Achei que você era apaixonada por literatura, isso foi um erro tão... hostil? - ele sussurra em meu ouvido.

Antes que eu possa virar e mandar Lucca ir a um certo lugar que não o agradaria vejo o relógio acima da lousa e essa aula já terminou. Pego meu notebook e guardo em minha mochila, pego meus livros de Miguel de Cervantes e me levanto rapidamente deixando aquele babaca falando sozinho.

- Oii Ni, vamos para o bar? Hoje é dia on dos destilados!! - Dani me questiona assim que saio pela porta da sala entrelaçando nossos braços.

- Não posso, amanhã tenho que trabalhar cedo - explico.

- Mas amanhã é sábado!.

- Fala isso para minha chefe - falo enquanto observo seu beiçinho chantagista - Desculpa Dani não vai dar mesmo, eu preciso desse sábado, mas sei que a Bianca vai adorar ir com você.

- Mas eu não vou adorar ir com a Bianca, qual é? Ninguém merece ir pra balada de babá da irmã mais nova né?

- Então fala isso pra ela, porque ela está vindo aqui - Falo observando a baixinha confiante que está vindo em nossa direção. Ela tem os cabelos cacheados mais lindos que eu já vi, os olhos são azuis iguais o da irmã.

- Vamos pro dia on dos destilados meninas!? - Bianca pergunta empolgada.

Dani olha para mim como se fosse uma última súplica. Ela até junta suas mãos como se fosse rezar.

Eu rio.

- Desculpa meninas, mas eu preciso mesmo ir para casa - falo novamente - Mas eu sei que a sua irmã vai adorar ir com você Kaká - termino a frase me afastando das duas e pisco pra Dani a mesma faz um gesto com o dedo que prefiro não explicar.

Chamo um Uber e caminho até o estacionamento para espera-lo. Normalmente eu vou de ônibus pois assim economizo mais. As vezes a Dani ou o Arthur me dão carona, mas como hoje é dia de bebidas grátis provavelmente o Athur também não irá pra casa tão cedo.

- Ainda está aqui? Saiu correndo da sala que pensei que você tinha uma emergência  - Lucca diz parando em minha frente.

- Aonde eu estou ou para onde eu vou são coisas que realmente não são da sua conta - Falo enquanto olho para o celular na esperança do Uber estar chegando.

Ele ri olhando para o alto e colando uma das mãos no bolso da sua calça jeans preta, enquanto segura seu capacete na outra mão.

- Ficou sozinha hoje? - ele pergunta.

- Você não tem ninguém melhor para perturbar? Você não vai no bar universitário? Hoje é o dia on dos destilados, acredite quanto mais embriagada, mais uma garota conseguirá te aguentar! - Respondo e finalmente desisto de olhar o celular, o Uber chegará em 5 minutos.

- Calma sassenach eu só estava perguntando porque queria te oferecer uma carona.

- Haha... Infelizmente eu não tenho capacete. E meu Uber já está chegando.

- Mas eu sempre tenho um reserva comigo e na minha moto você chegará bem mais rápido em casa.

- Mas talvez não viva, então prefiro o meu Uber mesmo - falo andando em frente pois o Fiat Argo preto acabou de estacionar á dez metros de nós.

- Tudo bem sassenach aproveita esse tempinho para estudar mais sobre a história da literatura talvez assim você saiba a geração do soneto da próxima vez.

Reviro os olhos enquanto caminho em direção ao Uber. "Sassenach" só porque ele descobriu que minha série favorita é Outlander agora ele me chama assim. Abusado isso que ele é. Se eu sou a Claire ele é a Laoghaire, inteiramente insuportável.

Enquanto subo as escadas do meu prédio sinto uma sensação estranha como se alguém estivesse me observando. Paro no segundo andar e olho rapidamente para trás, mas não vejo ninguém. Decido subir o andar que falta correndo o MAIS RÁPIDO POSSÍVEL.
Eu corro tão de pressa para a porta do meu apartamento que quase piso em um buquê de lírios brancos que tem em cima do meu tapete, ao lado tem um pequeno bilhete. Eu pego e aproximo dos meus olhos. Maldita miopia. Está escrito "Eu vejo você" em baixo está - ass F.J. Não penso duas vezes pego o buquê e entro o mais rápido em meu apartamento e me certifico da porta estar bem trancada.

Mas que poha foi essa? Será que ele me achou!?

QUEM SERÁ QUE DEIXOU ESSE BUQUÊ E ESSE BILHETE ESTRANHO PARA NICOLY? E DE QUEM A NOSSA PROTAGONISTA TEM TANTO MEDO?

ME CONTA AI O QUE VOCÊ ACHOU DESSE CAPÍTULO <3


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