CAPÍTULO 4

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INIMIGOS

Lucca aperta novamente o botão do elevador. Ele acaba de me pegar no flagra falando sobre seu "pacote". Não consigo controlar a gargalhada.

- O que é engraçado? - ele questiona.

- O "pacote" é uma encomenda exótica digamos assim, que Liz fez e mandou no meu endereço - falo com esperanças que ele não tenha lido muito da conversa.

- Ela é bem safada mesmo - ele ri e coça a nuca.

O elevador chega e nós adentramos. Aperto o botão do 6° andar.

- Falando em gente safada, por que você falou para Liz que nós éramos comprometidos? - Olho para ele pelo espelho que cobre as laterais do elevador, pois estou de costas.

- Não precisa ficar tão metida assim, falei isso para que ela me deixasse em paz - ele olha para o meu reflexo - ela não faz o meu tipo.

- Acho que o seu tipo é homem, você está fugindo de duas garotas lindíssimas em menos de dois dias - falo e me escoro no corrimão ao meu lado.

- Então a vossa sabedoria só se importa com a beleza? - ele cruza os braços.

- Me diga o porquê elas não são boas o suficiente? - pergunto com a sobrancelha arqueada.

- Você escolhe bem as frutas que vai comer não é mesmo? - ele fala e ri.

- Pra alguém que eu nunca vi perto de nenhum garota, você está bastante exigente  - falo.

- Eu estou perto da garota que eu quero, não se preocupe comigo - ele diz cruzando os braços - na verdade estamos quase namorando.

Espero que Liz não rasteje para ele, mas eu não vou falar que ela não faz o "tipo" dele.

O elevador abre e eu o sigo. Paramos na porta "777", coincidentemente 7 é meu número favorito pois é o dia em que eu nasci. Ele abre a porta e entra me convidando para fazer o mesmo.

Até que para ele o apartamento é arrumadinho. Se antes eu tinha dúvidas agora tenho certeza que sua cor favorita é preto, seus móveis são praticamente todos preto ou cinza escuro. Isso aqui parece a caverna do Batman só que mais luxuosa.

- Eu vou tomar banho no banheiro do meu quarto, você pode usar o social que fica no fim desse corredor, tudo que precisa tem no armário - ele aponta para o corredor a minha direita - se ainda quiser eu posso te emprestar alguma roupas - ele ri de esgueira.

- Obrigada mas me lembrei que sempre carrego algumas roupas de reserva - falo semicerrando os olhos.

- Por que você carrega roupas todos os dias na sua mochila do trabalho? - ele questiona franzindo a testa.

- Não sei, vai que um babaca por aí tem fetiche em me ver usando as roupas dele, aí eu sempre carrego por precaução - falo dando as costas para ele e indo até o banheiro.

O corredor até o banheiro tem três grandes quadros sendo dois do lado esquerdo e um maior do lado direito, os dois menores são réplicas de Mary Cassat, amo suas paisagens inigualáveis e o maior não me lembro qual o artista mas a arte é familiar.

Entro no banheiro e pego o que preciso no armário, não fico confortável com isso mas melhor do que eu ficar com mal cheiro. Me lavo e deixo a água escorrer pelo meu rosto, inalo um pouco do vapor que embaça o box. Flashes de um quarto veem em minha mente, uma garota está pintando um quadro, um estranhamente parecido com o que eu vi no corredor, num piscar de olhos a tinta que estava sujando as mãos da garota se transformam em sangue, o mesmo sangue que escorre em suas pernas.

Batidas na porta me trazem ao consciente.

- Está tudo bem? - a voz de Lucca ecoa do outro lado da porta.

- Sim está - falo.

Espero que eu não tenha ficado muito tempo presa nesse lapso de memória. Eles estão mais frequentes desde que o stalker me enviou aqueles lírios, mas eles acontecem desde... bom desde um dia que eu prefiro não me lembrar.

- Estarei na sala de jantar, vou colocar meu notebook carregar para fazermos o trabalho - ele diz e ouço seus passos se afastando.

Me visto de pressa e vou até a sala de jantar que fica ao lado do corredor. Lucca olha para minhas roupas e sorri de canto voltando a atenção para a tela em sua frente. Não vejo onde está a graça minhas roupas são normais, uma calça de jeans preta e blusa gola reta preta também. Essa é minha roupa de emergência.

- Eu vou pegar alguns petiscos enquanto termino a nossa janta - ele fala, se levanta da mesa e vai até cozinha.

Me sento e abro meu notebook, minha pesquisa está concluída, só preciso fazer um rascunho da minha parte do trabalho e depois passar a limpo, mas como tem que ser em conjunto preciso averiguar a parte de Lucca também para encaixarmos nossas ideias em uma só.

Enquanto começo a digitar o rascunho Lucca aparece com uma tábua de frios, com morangos, queijos, geleia e alguns embutidos. Ele termina a pesquisa em silêncio enquanto beliscamos os aperitivos. Depois jantamos o que Lucca preparou e até que ele sabe cozinhar, e por fim terminamos nosso trabalho. Ele se ofereceu para me levar para casa, mas para inimigos ele já fez o bastante para mim. Peço meu Uber e desço até a portaria para espera-lo, Lucca fez questão de esperar comigo, como ele disse "a rua a noite sempre é perigosa" e não o tiro a razão.

Na verdade fiquei aliviada pois não sei até onde o meu stalker pode ir, ele pode muito bem ter me seguido até aqui. Arthur acha que é apenas um admirador secreto, mas eu tenho certeza que é algo mais maléfico que isso, ainda mais se Felipe estiver envolvido, ele é meu ex e sei que ele daria um rim para conseguir me achar e acabar o que ele começou. Mas aquele filho da put@ pode ir para o inferno se acha que eu estou tão indefesa quanto da primeira vez.

- Quer compartilhar a localização? - Lucca pergunta abrindo a porta do Uber.

Eu não havia percebido que ele já tinha chegado.

- Te mandei - falo entrando no carro, claramente eu não mandarei a localização para Lucca mas o motorista não precisa saber.

Chego em meu condomínio e ao subir para meu andar percebo que tem mais um presente em minha porta. Dessa vez é uma caixa de madeira, pego-a e entro em meu apartamento.

Coloco-a em cima da mesa e abro. São fotos minhas pela cidade, inclusive uma de hoje em cima da moto de Lucca, no fundo da pequena caixa tem um envelope, pego e o abro.

"Achei você Sophie"

Meu coração quase salta pela boca, não me resta dúvidas Felipe me encontrou.

- Poh@.

QUEM É SOPHIE?

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