— O que houve? Você não parecia com fome.
Ouvir o amigo falar subitamente o pegou desprevenido, o que resultou em longos segundos de silêncio enquanto ele organizava os pensamentos para responder. Mas após perceber que pensar não o ajudaria a responder, apenas disse a primeira coisa que passou pela cabeça.
— Não sei.
— Ah, então— O amigo girou e o observou. Era uma visão interessante, vestido dos pés à cabeça com roupas limpas e intactas, e sem ostentar armas. Ele parecia uma alucinação em meio ao caos. Atrás dele a paisagem era medonha, os carros destruídos, o chão repleto de traços de sangue seco e antigo, os prédios em ruínas. O dia nublado apenas deixava tudo ainda mais fantasmagórico. — Você não devia carregar uma arma?
— E você não deveria comer? — o amigo rebateu.
Às vezes aquela amizade drenava sua paciência e ele tinha que se esforçar para simplesmente não acertar a cara do amigo.
— Vamos voltar, vai anoitecer logo — foi tudo que respondeu.
Eles estavam andando em meio às ruas quando as primeiras gotas de chuva começaram.
— Ah, cara — ele suspirou e encarou o céu, tão escuro e denso, em outro momento ele teria apreciado a visão.
— Corrida até em casa? — o amigo perguntou.
— Vamos chegar encharcados — ele pontuou.
— E desde quando isso importa?
Ele observou os cabelos escuros do outro, as mechas já chegavam até a gola da camisa, que logo iriam ficar encharcados pela chuva.
— Vamos. — respondeu lentamente.
Eles haviam passado o dia caçando, e embora tenham encontrado poucos animais, foi o suficiente. Claro que, enquanto ele tentava mirar a balestra nos animais, o amigo resmungava sobre aquilo ser cruel, e sobre o desaparecimento do cão; ele se perguntava o que ele tinha que fazer para convencer o outro a superar a perda do cachorro.
Não demorou para que eles fossem tomados pela tempestade, mas era irrelevante, pois já estavam próximos ao presídio.
Ele estava prestes a comentar na má sorte deles quando ouviu os disparos.
— Isso é...? — ele não conseguiu falar, enquanto encarava o presídio à distância.
— Alguém entrou lá — o outro respondeu e se colocou a correr.
Claro que ele não esperou mais um disparo, e em um milésimo ele já estava correndo em direção ao prédio.
— Vamos pelos fundos — o amigo disse enquanto o puxava pelo pulso.
Os disparos cessaram pouco tempo após eles colocarem os pés dentro do prédio. Tinha rastros de sangue e cartuchos de balas no chão.
— Não são infectados — observou.
— Pior ainda — o amigo respondeu enquanto segurava a mão contra a boca e nariz. — Tá sentindo isso?
— Eles têm coragem de invadir prédios desse lado da cidade.
— As hordas de infectados não foram o suficiente para afastá-los? — ele quase conseguia escutar as engrenagens funcionando na cabeça do amigo.
— Deve ser outro grupo, não seriam tão burros assim — Ele disse enquanto caminhava pelo local. — não é...?
— Você acha que eles chegaram às celas?
— Não... — ele sussurrou, e o medo percorreu pelas veias dele. Estava correndo pelos corredores do presídio antes que pudesse notar.
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Sangue, Presas e Garras: A CURA [TAEKOOK]
Paranormal⚠️ - Em revisão - ⚠️ Após a extinção da raça humana durante uma pandemia sangrenta, Jungkook acredita ser o único que sobreviveu, e entre a indecisão de lutar pela sobrevivência ou não, ele descobre que não está só. [Taekook | vamp!au] ⚠️ [G*re] [...