𝐼 𝐿𝑜𝑜𝑘 𝐴𝑓𝑡𝑒𝑟 𝑌𝑜𝑢. • 𝐹𝑖𝑣𝑒 𝐻𝑎𝑟𝑔𝑟𝑒𝑒𝑣𝑒𝑠.

05

Todos se reuniam a mesa de jantar para almoçar, enquanto a música tocava no velho aparelho de som que Reginald Hargreaves guardava há anos.

Cinco sempre se sentava ao lado de Kate, ele gostava de acariciar sua coxa enquanto saboreava sua comida, e poder observa-la de perto era um grande privilégio.

Reginald chegava com os passos firmes, e sua feição habitualmente rigida e brava.

- Sentem! - Ele ordena.

Todos os irmãos saiam do lado de suas cadeiras para poderem se sentar, enquanto Kate fazia um esforço enorme para não se enjoar com o cheiro da comida.

Todos comiam em silêncio, Kate percebia o olhar de Luther e Alisson sorridentes um para o outro, mas se importaria mais se Cinco não estivesse mais estranho que o habitual. Ele não estava com a mão em sua coxa, na verdade, mal olhava para a cacheada.

O silêncio foi interrompido pelo mesmo, que no impulso, pegou sua faca cravando-a na mesa.

- Número Cinco? - Reginald olha para ele.

- Eu tenho uma pergunta.

- A busca pelo conhecimento é algo admirável, mas conhece as regras. Nada de falar durante as refeições. Está interrompendo Herr Carlson.

- Eu quero viajar no tempo.

- Não!

- Mas eu tô pronto. - Ele argumenta, a única reação de Kate foi colocar sua mão na perna do menino e olhar para ele, atraindo sua atenção. - Eu tô praticando meus saltos espaciais como você pediu. - Ele diz, saltando ao lado de Reginald. - Viu?

- Um salto espacial não é nada se comparado aos mistérios da viagem no tempo. Um é como deslizar sobre o gelo, o outro é como descer as cegas para as profundezas da água congelante e reaparecer como uma noz.

- Não, não entendi.

- E é por isso que não está pronto.

Kate, do outro lado da mesa, fazia o sinal negativo com a cabeça, se preparando para agir. Ela poderia dar saltos espaciais, claro, ela herdou muitos poderes, mas nunca havia posto a maioria em prática.

- Eu não tô com medo.

- O medo não é o problema. Os efeitos sobre seu corpo e sua mente são imprevisíveis. Chega! Eu o proíbo de continuar falando sobre isso. - Ele ordena a Cinco, que pelo contrário, apenas sai da cozinha como um jato.

Kate, em uma tentativa de impedi-lo, correu para frente da casa atrás de Cinco.

- Onde pensa que vai, Cinco? - Ela pergunta.

- Eu vou viajar no tempo, eu estou pronto.

- Não, nem sonhando. Você ouviu o papai.

- Não tem como você me impedir. - Ele diz passando por ela, fazendo a mesma suspirar.

- Você volta pelo menos? - Ela diz olhando para ele.

- É claro que volto. - As últimas palavras de Cinco sairam como poesia antes de saltar no tempo por anos.

Em outra linha, Cinco passava por todas as estações do ano, sem se preocupar nas consequências, até saltar para o grande desastre.

A mansão Hargreaves estavam destruída, caida em pedaços e legando fogo, o ar poluido e o forte cheiro de queimado, e o desespero tomava conta de si.

𓆙

- Tive que me virar com as sobras. Comidas enlatadas, baratas, o que desse para achar. Lembra que diziam que os Twinkies não tem prazo de validade? É a mais pura mentira. - Cinco conta, cabisbaixo por ter que relembrar tantas memórias ruins.

- Nem imagino.

- Você faz qualquer coisa para sobreviver, ou... você morre. Ai nos adaptamos. Para qualquer dificuldade, nós achavamos um jeito de superar.

- "Nós"? - Pergunta Kate.

- Tem alguma coisa mais forte? - Cinco pergunta por cima, ignorando a pergunta anterior da cacheada.

Kate se dirige até a cozinha pegando uma garrafa de bebida e despejando no copo.

- Eu não sabia que tinha passado por tudo isso. - Kate consola Cinco

- Eu fiz tudo isso para voltar para nossa família. - Ele diz com o olho na xícara, seu dedão acariciava o objeto levemente. - Acha que eu tô maluco, né?

- Não. É que é muita... É muita informação.

- Me diz o que exatamente você não entende.

- Por que não saltou de volta? - Kate pergunta.

- Nossa, por que não pensei nisso? Viajar no tempo é um jogo de azar. Eu mergulhei no gelo e não virei noz. Acha mesmo que não tentei de tudo para voltar pra minha família?

- Se você envelheceu lá no apocalipse, por que ainda tem a aparência de uma criança?

- Su já falei sobre isso! Eu provavelmente errei nos cálculos. - Ele responde, colocando o copo na pia.

- Olha, eu entendi essa parte, Cinco. Mas você ficou anos fora, é meio difícil de acreditar que estou vendo meu irmão desaparecido há 15 anos em um corpo de criança. Você simplesmente aparece naquela droga de funeral, em uma porra de anomalia temporal e age como se nada acontecesse. Depois, você aparece na minha casa falando de um suposto fim do mundo. E se quer saber, a conta de você ter tentado voltar e ter retornado com os seus próprios poderes não batem tanto quanto deveriam.

- Droga, Kate. Eu estou tentando evitar o fim de todos nós e você só consegue reclamar. Você não pode ao menos tentar entender?

- Cinco, você pode ao menos se colocar no nosso lugar?

- E no meu? Fiquei sozinho por 45 anos. - Ele diz irritado.

- O nosso pai dizia que viajar no tempo poderia mexer com a sua cabeça. Não foi isso que aconteceu?

- Não devia ter vindo. É jovem demais. - Ele diz, se preparando para sair.

- Olha, espere. Eu não sou sua maior fã, mas você parece não dormir a dias, e se quer mesmo salvar o mundo, essa decadência não vai levar a nada. Se deite e talvez podemos conversar amanhã. Boa noite. - Ela diz, indo até seu quarto e fechando a porta.

- Boa noite.

𓆙

O dia acordou ensolarado no dia seguinte, Kate se vestia ocasionalmente para poder sair trabalhar e resolver seus problemas do dia a dia. Esperava conversar com Cinco, mas ele já havia partido quando saiu do quarto.

Enquanto fazia sua rotina matinal, ela sentia o chão mais escorregadio do que o comum, o que a fez estranhar.

Após terminar de se arrumar, ela andava pela casa procurando os sapatos, mas a textura escorregadia fez a garota cair de costas no chão enquanto tentava raciocinar a visão em sua frente, mas apenas um apagão.

Em seu vago momento de consciência, conseguia ver uma luz azul, mas apagando novamente.