𝐈.

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— Pelos deuses... Tinha esquecido como aqui fede. — Baelon comentou, após descer da carruagem e olhar aos arredores no pátio de entrada para a Fortaleza Vermelha. Haviam vários criados trabalhando, carregando coisas. Assim como guardas em seus cavalos e nos topos da muralha fazendo a vigília.

Jacaerys e Lucerys haviam chegado antes dele, da mãe, de Daemon e dos seus irmãos mais novos, e provavelmente já deveriam estar no lugar favorito deles do castelo: a área de treinamento.

Se pudesse escolher, Baelon preferia não estar ali. Sua mãe na noite anterior havia dito que iriam para Porto Real porque Vaemond Velaryon, o irmão do seu avô, Corlys, estava questionando a sucessão do trono de Derivamarca — cujo qual quem se sentaria lá seria seu irmão Jace.

— Porto Real se fazendo bastante única, como sempre. — Disse a princesa Rhaenyra, colocando a mão sobre a barriga de grávida bastante inchada. Provavelmente dali a algumas luas o seu novo irmão ou irmã estaria nascendo. 

— Quando será a audiência para saber se Jace permanecerá como herdeiro do Serpente Marinha?

— Amanhã durante o dia. A Mão do Rei comandará a sentença, creio eu. A saúde do seu avô Viserys não está das melhores. — Rhaenyra sorriu, mas o sorriso não chegou aos olhos. Ela começou a caminhar em direção às escadas que levavam para as portas de entrada da Fortaleza. As aias de Rhaenyra foram logo atrás, com as crianças no colo e os homens trataram de pegar as coisas da princesa, do marido e dps filhos dela e levarem para dentro do castelo.

Suspirando, Baelon seguiu logo atrás.

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Baelon havia despistado a mãe e ido para os jardins do castelo para aliviar um pouco a mente. Não estava nenhum pouco afim de ir com ela conversar com a rainha Alicent, nem queria ver seu avô no estado que estava em sua cama doente, fraco e frágil.

O príncipe olhava as diversas plantas que tinham ali, tocava as folhas e pegou uma flor em suas mãos e girou o caule entre o indicador e o polegar, jogando ela no chão logo em seguida. Baelon continuou caminhando, até chegar a fonte. Um sorriso leve se repuxou no canto dos seus lábios quando viu uma figura de cabelos louro-prateados parada sentada num banco, bordando algo.  Ele se aproximou e falou, com gentileza e cuidado para não assusta-la.

— Não imaginei encontrá-la aqui. — Baelon sorriu mais abertamente quando Helaena ergueu o rosto e esboçou um sorriso gentil e tímido para ele.

— Baelon... Quando chegou? Rhaenyra veio com você também?

— Chegamos há pouco tempo. E sim. Minha mãe também veio. Todos, para falar a verdade.

— Oh, sim. Compreendo. Bem... como você está? — Helaena apoiou o que quer que estava bordando do seu lado no banco e se levantou, aproximando-se um pouco mais do rapaz e cruzou as mãos em frente ao corpo, ainda olhando para Baelon.

— Sendo sincero, não gostaria de estar aqui. Não sinto que Porto Real é meu lar faz muito tempo. Minha terra é Pedra do Dragão, e sempre vai ser.  Qualquer mísero segundo aqui eu... Não sei. Me sinto sufocado, apenas isso. — Disse ele, sem mentir em nada. Ele e Helaena sempre foram assim, desde pequenos. Tinham uma amizade muito forte e ele sempre protegia ela do babaca do Aegon. — E você, como está? E as crianças?

— Bom... Estou como sempre. Jaehaerys e Jaehaera estão bem, crescendo bastante.  Soube da gravidez de Rhaenyra. Torço para que venha com saúde seu novo irmão, Baelon. — Helaena sorriu, colocando sua mão apoiada levemente sobre o ombro do rapaz, mas logo afastou ela de lá, voltando a cruzar junto da outra.

Baelon manteve seu olhar fixo por alguns instantes em Helaena e logo afastou eles, olhando para trás quando ouviu alguns passos e a dama de companhia de Helaena surgiu.

— Meu príncipe — ela se curvou em reverência. — Princesa Helaena, sua mãe solicita vossa presença.

— Ah, claro... — o sorriso de Helaena pareceu murchar. — Nos vemos depois, Baelon. Quem sabe relembramos a infância e apostamos corrida de dragões. Dreamfyre está ficando preguiçosa e precisa esticar as asas de novo.

— Com certeza. Até mais tarde, Helaena. Foi ótimo ver você novamente.

Baelon ficou olhando enquanto ela se afastava com sua dama de companhia, o vestido esverdeado realçando os cabelos prateados dela que caiam em um mar de prata brilhante em suas costas. Ele permaneceu parado onde estava, e depois foi até o banco que Helaena estava sentada.

O jovem olhou para o tecido que Helaena havia bordado e viu o que estava ali. Era como se fosse uma memória, e pelos bonecos bordados ele sabia quem eram as pessoas. Eram ele, Jace, Helaena e o pequeno Lucerys quando eles eram mais novos e costumavam brincar nos arredores do castelo — Aegon e Aemond nunca buscaram proximidade com eles, sempre eram mais como uma dupla de garotos escrotos.

Baelon suspirou. A idade havia chegado para eles, mas de alguma maneira Baelon nunca conseguiu se afastar de Helaena. Nem quando fora morar em Pedra do Dragão. Ele sempre se comunicava com o lá por cartas para manter a amizade dos dois.

𝗦𝗢𝗡 𝗢𝗙 𝕭𝗟𝗢𝗢𝗗 || house of the dragon Onde histórias criam vida. Descubra agora