𝐈𝐈.

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Quando entrou nos aposentos da Rainha, Helaena se deparou com Alicent parada próxima a janela olhando para o mar. O quarto dela ficava em uma das torres mais altas do castelo, e a vista era magnífica.

— Mandou me chamar, mãe?

Alicent se virou, com um sorriso leve formado em seus lábios.

— Minha doce menina. — Colocou as mãos em frente ao corpo, cruzando de leve os dedos. Alicent vestia sedas verdes, com detalhes em bordado feito de fios de ouro. Alicent se aproximou mais e no momento que ergueu sua mão para tocar o braço de Helaena, a garota recuou um pouco. Suspirando, Alicent falou: — O que estava fazendo?

— Bordando. Nos jardins.

— Ah, compreendo. Já ofereceu seus cumprimentos à Rhaenyra e o príncipe Daemon?

Quando ouviu o nome de Rhaenyra, Helaena lutou contra o sorriso que iria se formar em seus lábios. Fazia tempos que não via a irmã, e mesmo trocando corvos com certas com frequência, não era a mesma coisa que conversar pessoalmente. Helaena com frequência se lembrava dos passeios que Rhaenyra fazia com ela quando ela era mais nova e a irmã morava na Fortaleza Vermelha.

— Não tive a oportunidade. Poderia ir agora, mas creio que ela deve estar descansando no momento.

Alicent acenou com a cabeça, compreensiva.

— É possível. A viagem deve ter sido cansativa para todos. — Alicent fez uma pausa, seus olhos estudando a filha. — Seria ótimo que você fosse vê-la o mais breve possível. Nossa relação é... complicada. Mas vocês sempre foram mais próximas...

Helaena assentiu, embora um peso incômodo se alojasse em seu peito. Ela sabia que sua mãe estava certa, mas a perspectiva de ver Rhaenyra novamente enchia seu coração de alegria.

— Eu irei vê-la mais tarde, mãe. Prometo.

Alicent sorriu novamente, com um pouco mais calor o desta vez.

— Fico feliz em ouvir isso. — Alicent olhou para a janela mais uma vez, como se estivesse perdida em pensamentos. — Há tantas coisas mudando... O rei... Devemos estar preparadas para tudo...

Alicent falou mais consigo mesma do com com Helaena, mas aquilo bastou para que Helaena sentisse um arrepio percorrer sua espinha com a seriedade na voz de sua mãe. Ela sabia que os tempos eram turbulentos e que a paz era frágil. Que tudo era meio conturbado. Mas naquele momento, tudo o que ela queria era o conforto familiar da presença de sua irmã.

— Eu entendo, mãe. — respondeu Helaena, tentando parecer mais confiante do que se sentia. — Farei o que for necessário.

Alicent quis segurar as mãos da filha, mas Helaena não permitiu. Alicent olhou para ela com um olhar firme e afetuoso.

— Sei que fará. Você sempre foi uma boa menina. Agora vá, e tente aproveitar um pouco do dia. Não deixe que essas preocupações pesem sobre você.

Helaena se despediu de sua mãe com um aceno de cabeça e deixou os aposentos, descendo pelas escadas da torre. Sua mente estava dividida entre as palavras de Alicent e a expectativa de ver Rhaenyra. Ao chegar ao jardim, ela se sentou novamente com seu bordado, mas seus pensamentos estavam longe das linhas de seda que suas mãos habilidosas teciam. Não lutou contra os pensamentos sobre ter visto Baelon mais cedo, e o conforto também de estar na presença dele de novo. Ele já não estava mais ali, mas mais tarde ela iria procurar ele novamente.

O sol começava a baixar no horizonte quando Helaena finalmente decidiu que era hora de procurar por Rhaenyra. Caminhou pelos corredores do castelo, cumprimentando os guardas e servos que encontrava pelo caminho. Quando chegou aos aposentos de Rhaenyra, bateu levemente na porta.

Um momento de silêncio se seguiu antes que a porta do quarto se abrisse, revelando a figura de Rhaenyra. A irmã mais velha sorriu ao ver Helaena, e a puxou para um abraço apertado.

— Helaena! É tão bom te ver novamente.

Helaena retribuiu o abraço, sentindo um conforto imediato ao estar nos braços da irmã. Dentre todas as pessoas do mundo, Rhaenyra era uma das únicas que Helaena permitia que lhe tocasse.

— Eu senti tanto a sua falta, Rhaenyra.

As duas irmãs ficaram assim por alguns instantes, aproveitando a reconexão, antes de se afastarem e entrarem nos aposentos. Rhaenyra ofereceu a Helaena uma cadeira e se sentou ao seu lado, seus olhos brilhando de alegria. Daemon não estava presente ali. Nem Baelon ou os outros.

— Conte-me tudo, Helaena. Como você tem passado?

Helaena sorriu, sentindo-se mais leve do que em muito tempo. Era incrível a forma que conseguia se sentir livre na presença da irmã mais velha.

— Bem...

𝗦𝗢𝗡 𝗢𝗙 𝕭𝗟𝗢𝗢𝗗 || house of the dragon Onde histórias criam vida. Descubra agora