𝐈𝐕.

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Baelon estava inquieto dentro dos seus aposentos então resolveu sair da Fortaleza Vermelha e foi para o Fosso dos Dragões pegar Nightfyre e voar um pouco com ele.

Durante todo o percurso até o Fosso ele não deixou de pensar no incidente de mais cedo, quando Vaemond Velaryon xingou sua mãe, acusando-a de traição na frente do próprio Rei. A sua recompensa por suas acusações foi um corte perfeito feito pela Irmã Sombria, dividindo sua cabeça na metade.

Quando chegou, lá dentro do Fosso dos Dragões, ele esperou enquanto traziam o enorme animal e Baelon sorriu quando viu seu dragão. Era uma besta enorme, do tamanho de Meleys — e mais rápido que a própria Rainha Vermelha —, com escamas azuis. A crista e os chifres de Nightfyre eram escuros como ébano. Quando o dragão o viu, Baelon jurou que percebeu ele sorrindo.

Calma, meu velho amigo. — Ele falou em Alto Valiriano com a besta alada quando ela encostou o focinho contra o peito dele, fazendo o príncipe bambear um pouco. Baelon levou sua mão até o rosto de Nightfyre, acariciando a pele encouraçada. O bicho bufou com as narinas, e Baelon sentiu a quentura contra a face. — Vamos voar!

Nightfyre se posicionou para que Baelon pudesse subir em seu dorso. Quando estava devidamente posicionado, ordenou para que o animal corresse contra os portões que estavam abertos e, finalmente, içaram vôo rumo aos céus.

O dragão do príncipe Baelon batia suas asas enormes com força, levando eles dois cada vez mais para cima. O animal depois mergulhou rumo ao mar, parando a pouquíssimos centímetros da água e pegou impulso para voar mais rápido. Baelon sempre se sentia mais vivo quando estava voando em seu dragão.

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Já estavam longe de Porto Real quando Baelon avistou outro dragão no Céu. De longe não identificou quem era, mas quando chegou perto percebeu sua coloração azul pálido e prateado.  Não precisava pensar muito para saber quem era aquele dragão e a quem pertencia.

Dreamfyre.

Baelon e Nightfyre se aproximaram mais do animal e viram Helaena nas costas da dragão-fêmea. O jovem príncipe não conteve o sorriso que se formou e ordenou para que seu dragão se aproximasse mais do de Helaena.

Nightfyre começou a voar lado a lado de Dreamfyre e quando Helaena o viu, a jovem princesa sorriu para o príncipe.

Da distância que estavam, era impossível Baelon falar algo e Helaena entender com perfeição, mas sempre a melhor forma de comunicação entre ele e Helaena era o olhar. Então, silenciosamente, ele e Helaena voaram tranquilamente lado a lado até pousarem em um pequena ilha para seus dragões descansarem.

Quando pousaram, Baelon pulou das costas de Nightfyre e foi correndo na direção de Helaena que já se encontrava no chão. Dreamfyre se afastou dos dois e foi encontrar o outro dragão — Baelon quase chegava a acreditar que seu dragão era secretamente apaixonado pelo de Helaena.

— Veio voar para pensar um pouco? — Indagou Helaena. Estava vestida em uma roupa de voo, abandonando os vestidos que costumava usar e substituindo eles por calças, botas e luvas.

— Sim. Estava sufocando dentro da Fortaleza de Maegor. Não aguentava mais ficar em meus aposentos... Por que não me chamou para vir voar com você?

Helaena sorriu de canto, cruzando as mãos em frente ao corpo e se aproximou mais da água, se sentando na beira da praia.

— Quis vir sozinha com Dreamfyre hoje. Ela passa muito tempo no Fosso, sabe? Está começando a ficar preguiçosa.

— Minha avó diz a mesma coisa de Meleys. Acho que a idade afeta os dragões da mesma forma que afeta os humanos. Vhagar, por exemplo. Velha e lenta.

— O último dragão da Conquista vivo. Dê um desconto por ela carregar todo esse legado histórico em suas costas.

— Pode ser. — Ele se sentou. — Mas isso não ignora o fato de que ela está caindo aos pedaços, praticamente.

— Meu pai fez um único vôo nas costas de Balerion antes dele morrer. Ele nunca contou isso à você? — Helaena olhou para ele e Baelon lutou contra a vontade de querer tocar o rosto delicado dela.

— Claro que me contou. Balerion sempre foi meu dragão favorito antes que eu me ligasse a Nightfyre. Queria ter visto ele pessoalmente.

Helaena soltou um riso baixo e olhou para Dreamfyre e Nightfyre mais distante deles. Baelon acompanhou o olhar.

— Devia fazer mais visitas em Pedra do Dragão. Dreamfyre parece gostar do meu velho amigo. Certeza que ele partilha do mesmo sentimento. — Baelon comentou e logo seus olhos se moveram para Helaena.

— Irei, sim. Amigos assim não podem passar muito tempo sem se verem, não é mesmo? — Quando a princesa olhou para ele de volta, Baelon sentiu todos os pelos do seu corpo eriçarem e um arrepio percorrer sua coluna.  — Devemos regressar em breve. Teremos um jantar hoje, está lembrado?

— Sim. Estou. — Baelon suspirou e apoiou os braços no joelho e fitou o mar, calmo com o sol de fim de tarde começando a surgir. — Será se consigo fingir uma febre até lá?

— Claro. Peça para Nightfyre espirrar em você. Quem sabe talvez você fique quente durante um bom tempo.

— Ou morra.

Os dois riram e se levantaram da areia. Cada um foi para o seu dragão e não demorou para que estivessem no céu novamente rumo a Porto Real. O por do sol já se fazia presente, e Baelon foi o trajeto todo admirando a beleza de Helaena em contraste com o alaranjado da tarde.

𝗦𝗢𝗡 𝗢𝗙 𝕭𝗟𝗢𝗢𝗗 || house of the dragon Onde histórias criam vida. Descubra agora