Ontem foi um dia dificílimo. O suficiente para me fazer ficar ansiosa ao ponto de não conseguir pregar os olhos direito e acordar antes do meu despertador tocar a cada cinco minutos, achei que precisaria de pelo menos alguns daqueles "cinco minutinhos" antes de conseguir levantar da cama. Mas eu estava completamente enganada.
Levantei lentamente como se fosse uma múmia saindo do sarcófago menos confortavel do mundo e, eu aposto que meus cachos estão completamente destruídos. Só consigo pensar em fazer um coque e por uma roupa social para conseguir ficar apresentável ao Senhor North.
Após uma ducha rápida, escolho uma calça de alfaiataria, preta e uma blusa social da mesma cor, levemente transparente. Coloco um sutiã de renda para dar um ar mais delicado ao conjunto de peças e deixo alguns botões apertos.
Meus cabelos estão presos num coque delicado, com alguns cachinhos soltos. Ponho um par de saltos agulha, pretos, com uma sola vermelha e nem penso em passar alguma "make", apenas alguns produtos de cuidados com a pele.
Me sinto otimista após me olhar no espelho.Meu dia começa com o que eu escolho para vestir, se me acho bonita, automaticamente me sinto mais disposta e capacitada.
— Acho que mereço um bom café da manhã. — Digo animada ao chegar na cozinha, abrir a geladeira e dar de cara com um monte de coisas as quais nem quando eu morava sozinha, antes de ter que passar um tempo com a mamãe, pensei em comprar.
Faço um sanduíche com geleia e, algumas proteínas, café com leite e uma maçã para acompanhar.
Enquanto estou degustando meu desjejum, ouço a campainha tocar algumas vezes, o que é estranho pois o comum é apertar e esperar alguns segundos. Caracterizo o autor desse feito maravilhoso, um belo mal-educado. Levando isso em consideração, posso imaginar quem é atrás da enorme porta.
— Pois não? — Questiono piscando lentamente de forma insatisfeita ao abrir a porta com força o suficiente para arranca-lá.
Ele me olha de cima a baixo e ouço um pigarro vindo de sua garganta.
— Bom dia 'pra você também. Já está mais do que pronta, como bem vejo, vamos? — ergo uma das minhas sobrancelhas ao cruzar os braços braços e olhá-lo da cabeça aos pés.
O macho está vestido com o uniforme da ONE. Uma blusa preta de mangas, as quais apertão seus bicepis e seu peitoral amplo, bem protuberante. Nela, está escrito "one" em forma pequena sobre o peito.
Suas calças são jeans e escuras, apertando suas coxas que mais parecerem duas rodas de trator. Admito que está muito gostoso, mas o ambiente pede algo mais formal. — Você vai vestido desse jeito? — Questiono apontando para o seu "look" —
Me olha como se eu tivesse exagerando sobre suas roupas.
– Faço parte da assembleia, mas não tenho saco para me engravatar igual Justice, aquele macho se rendeu à essas porcarias humanas, por isso nosso povo o ama tanto. Deve sofrer muito. — Ele dita isso tudo na maior calma que já vi refletida em sua face até agora, fazendo até que sua voz fique mais grave de tão relaxada.
Não posso deixar de me sentir incomodada pela forma como ele fala dos humanos, sei que erramos muito, mas afinal, é de mim que ele está falando. Apenas bufo e decido ignorar. Entro para pegar minha bolsa e em seguida passo por ele direto. "quando eu voltar limpo a mesa do café da manhã", penso.
Enquanto caminhamos passamos por algumas pessoas, alguns são humanos e até chegam a me cumprimentar. Outros são espécies, dos quais sinto alguns olhares curiosos e entre estes também vi raiva. Durante o percurso Vince consegue um jeep e nos leva mais rápido até um prédio que julgo ser executivo, para assuntos de mais importância, pois ele é enorme e mal consigo imaginar quantos andares podem ter.
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Know me
NouvellesDescubra com Ayira, que sua vida é uma farsa. Novas espécies de humanos com DNA animal são projetadas para comércio. No meio do caminho, são libertadas dos laboratórios. Agora, o mundo está dividido entre as opiniões afáveis ou cruéis sobre o destin...