00|Prólogo. Os ciclos da vida...

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Estou super emocionada pelo início de mais uma história. Ela tem um espacinho especial no meu coração junto com alguns sofrimentos que tive a escreve-la.

Espero que acompanhem esta jornada comigo enquanto o nosso querido Park Jimin conta a história do seu primeiro e grande amor.

Boa leitura!ᵔᴗᵔ


2023, algures na grande cidade de Seul

Todas as coisas neste mundo são efêmeras, curtas, finitas. O tempo é um dos mais perfeitos exemplos, da palavra que define toda a minha vida, um curto momento de felicidade, uma amizade que acaba, ou o fim de um relacionamento.

Em toda minha vida, tive mais despedidas do que posso contar, umas mais melancólicas do que outras, porém, existe sempre aquela que marca a nossa alma, quanto a mim a marca que foi deixada era a representação da tortura.

O fim é sempre assustador, o medo do depois e do desconhecido, no entanto, o começo de algo é tão lindo, tão emocionante como o nascer de uma estrela que ajuda a estrelar o breu em uma noite sem nuvens. Comigo não foi diferente, conheci ele na conclusão de um ciclo, um momento amedrontador, e ele foi o início de outro e também o fim de um. Um momento efêmero, passageiro, mas que acabou por levar o que restava de mim.

O fim traz sempre um novo começo, é inevitável, e eu descobri que estava no começo de mais um ao escutar a linha do outro lado tocar. O meu pé batia incansavelmente no chão sujo da frente do prédio de dez andares, onde acabara de sair. O sol irritantemente quente fazia com que eu pudesse começar a sentir o suor a escorrer pelas costas sob a camisa social branca. Os pássaros excessivamente felizes cantavam ao meu redor, voando pelo céu, mostrando que o seu dia estava claramente melhor que o meu. Eram somente dez da manhã, e eu achava que o meu dia não poderia piorar. Além disso, era a segunda vez que ligava para a minha mãe e a chamada não era atendida. Necessitava que ela atendesse a chamada o mais rápido possível, eu necessitava da resposta para aquela pergunta que me matava. Até que na terceira tentativa, enfim, ouvi a sua voz.

- Jimin?

- Você sabia que ele voltou? - Aquela questão estava cravada no meu âmago desde que saí da sala no sétimo andar da empresa. Não consegui cumprimentar a minha mãe, perguntar como ela tem estado, mesmo que nas últimas semanas não tivesse tempo para lhe ligar. Minha rotina era: trabalhar, ir para casa, jantar, dormir e voltar a trabalhar. Esse cotidiano ajudava a minha cabeça a desacelerar a contemplação de como a minha vida é uma merda. Porém o cansaço físico me impedia até de pegar o celular. Quando sentia a maciez do colchão, era levado para um mundo vazio, acordando apenas no dia seguinte pelo alarme irritante do celular tocando.

- Jimin... - A voz dela estava arrastada e receosa, um tom que eu ouvi poucas vezes ao ponto de conseguir contá-las com uma mão.

- Você sabia, mãe? - Reforcei a pergunta, minha voz mais grave do que o habitual devido à ansiedade que começava a se manifestar.

1... 2... 3... Foram os segundos que Park Jiyeon demorou a responder.

- Sim.

O silêncio percorreu a linha.

Senti o corpo esfriar e um arrepio percorrer minha espinha. Não era pelo frio, uma vez que estávamos no meio do mês de julho, mas sim por saber que aquela pessoa que eu havia guardado nas profundezas do meu coração, fingindo que não existia mais, estava de volta à Coreia do Sul.

Quando ele havia retornado? Essa era a minha pergunta. Depois de ter ido viver na França, dei o meu melhor para esquecer aquele homem, na esperança de nunca mais vê-lo, jamais imaginando que ele regressasse ao país.

Fazia apenas dois meses que eu mesmo havia retornado. Tinha visitado minha mãe somente uma vez desde então, mas nunca imaginei que ela me escondesse tal informação.

A respiração dela estava falha do outro lado da ligação. Então, eu percebi que era o único que não tinha ideia dos últimos acontecimentos da vida dele e que ela não me havia contado propositalmente, o que sinceramente não me chocou muito, pois eu sempre seria a última pessoa a saber de algo relacionado a ele.

Desliguei a chamada assim que me despedi às pressas, já sentindo a ardência nos olhos. Dei alguns passos para trás, atordoado, encostando as costas na parede fria do prédio. Anos atrás, havia jurado a mim mesmo que não voltaria a chorar por ele, afinal, aquela pessoa jamais se importou com minhas lágrimas.

Olhei de volta para o prédio. A lembrança de minutos atrás, de finalmente vê-lo depois de longos dez anos, ainda não parecia ser real. Talvez fosse apenas minha mente delirando; não me surpreenderia, já que não seria a primeira vez. Contudo, desta vez, eu sabia que era a realidade ali: a fria e crua realidade de vê-lo novamente. Fazendo com que eu recordasse memórias que há muito tempo havia jogado forçadamente debaixo do tapete, na esperança de finalmente esquecê-las.

A lembrança dos seus sorrisos, do seu riso, das vezes que cuidou de mim... Da primeira vez que o vi, da primeira vez que o odiei e da primeira vez que o amei. Ele foi a pessoa que me fez viver tudo o que nunca pensei que fosse possível num curto período de tempo, mas também a pessoa que me mostrou que a dor do abandono nunca poderia ser apagada como uma ferida mal cicatrizada na pele, especialmente quando ele era o meu primeiro amor e irmão adotivo, Jungkook.

Dez Anos Amando Você | JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora