Dissipar

Capítulo 6

Daemon passa a manhã com a esposa, como já é de costume. As criadas nem perguntam enquanto trazem o café da manhã para ambos. Eles costumavam lançar olhares curiosos para Daemon quando ele começou a passar as noites com Alicent, mas agora eles mal piscavam.

Sua esposa é dócil e quieta, como uma gatinha cansada. Eles geralmente falam pouco pela manhã, mas ela fica com aquele lindo rubor nas bochechas quando ele se propõe a segurá-la no colo e pedir a mão de Alicent para alimentá-lo com o café da manhã. Sua senhora parece positivamente escandalizada. Então é claro que Daemon planeja fazer isso em algum momento.

Um dia desses, pensa ele, eles farão a refeição com o resto da família. Ele sugerirá isso a Viserys, sutilmente, e provavelmente cairá nessa na tentativa de consertar seu relacionamento com Rhaenyra e o próprio Daemon. Daemon quase podia ver tudo acontecer, o olhar chocado quando ele e Alicent chegaram atrasados, a raiva de sua sobrinha por ser forçada a assistir ao espetáculo, a percepção de Viserys de que ele se apaixonou por uma das travessuras de Daemon e, claro, a atitude de Alicent. constrangimento com as implicações de sua chegada tardia. Melhor ainda, o assunto da Fortaleza Vermelha seria se eles não aparecessem. Tantas possibilidades.

Ele, relutantemente, sai do lado da esposa e passa a maior parte do dia olhando por cima do ombro do joalheiro real, observando atentamente enquanto o homem traça ideias para o colar que será um presente para Alicent. Daemon rejeita todas as outras ideias que o homem propõe; a estrela de sete pontas está imediatamente fora de questão. Ele não gosta da Fé e a odeia cada vez mais por causa de todas as ideias estúpidas que colocaram na linda cabeça de sua esposa. Mesmo uma estrela de cinco pontas não é algo que ele deseja; muito perto do emblema da Fé.

Um dragão seria uma boa escolha, é claro. Dourado e adornado com rubis, ficaria lindo na garganta pálida de Alicent, mas Daemon tem que reinar em seu orgulho. Ele duvida que o homem teria tempo suficiente para fabricar um pingente de dragão que atendesse aos seus padrões. Apenas o melhor para sua esposa, especialmente se for o sigilo dele que ela usará. Então o colar do dragão teria que ser um presente para outro dia, outra ocasião.

O joalheiro segue sugestão após sugestão, e Daemon tem que elogiar o homem por não murchar sob o olhar descontente do Príncipe. Daemon dispensa todos eles. Borboletas e pássaros são tolos e tolos; sua esposa é casada com um dragão, ela não usará nenhuma outra criatura alada no pescoço, especialmente uma tão idiota.

No final, eles se contentam com um desenho simples de flores. Não é o mais inventivo, mas é uma escolha clássica por um motivo. O ouro maciço e os rubis atrairão a atenção, e o design simples permitirá que o homem faça isso no banquete.

Ele espera que Alicent goste. Ele não percebeu que sua esposa alguma vez usou joias extravagantes, apenas ocasionais colares e brincos modestos. Este colar é modesto o suficiente para o gosto dela, mas sofisticado o suficiente para a esposa de um príncipe.

Quando a noite cai, Daemon mal consegue se conter. Ele vai para os aposentos de Alicent mais cedo do que normalmente faria, esperando que ela nem estivesse lá. Daemon espera surpreendê-la quando ela chegar, mas em vez disso é ele quem fica surpreso.

Alicent está ajoelhada ao lado da cama, de costas para a porta. Ela está em um de seus trajes noturnos, de seda branca e macia com renda, um dos mais bonitos. Seu cabelo está solto, recém-escovado e caindo pelas costas. O sol está se pondo, banhando a sala com um tom amarelo suave, enquanto velas queimam por todos os aposentos.

Sua esposa se vira para encará-lo ao ouvir seus passos. Daemon pode ver que ela está com as mãos cruzadas na frente do corpo, os cotovelos apoiados no colchão.

"Bem, esta é certamente uma boa maneira de ser recebido", diz Daemon em um tom leve, mas zombeteiro. Alicent não se encolhe mais com suas piadas, mas um leve rubor toma conta de seu rosto.