Capítulo 9

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  Desde antes que ele se lembra, Daemon e seu irmão estão em desacordo. Quando se davam bem, era esplêndido, e quando brigavam, todo o reino ficava sabendo. Seus argumentos eram muitos e variados, mas o único desentendimento que sempre conseguia aguçar a ira de Daemon era o que dizia respeito ao assunto de seu casamento. O primeiro, é claro.

Daemon e Rhea nunca se deram bem. Eles eram apenas um péssimo par. Já era insultuoso o suficiente ser forçado a se casar contra sua vontade; era ainda mais ser forçado a se casar com uma mulher em quem ele não tinha interesse. Por mais que tentasse, ele não conseguia se livrar da união. A própria aversão de Rhea por ele não ajudava.

Por outro lado, Daemon nunca lhe deu nenhum motivo para ser civilizada.

Depois que seu irmão foi feito rei, Daemon implorou mais de mil vezes para anular seu casamento. Viserys, é claro, recusou. Se foi sua própria decisão ou a intromissão de Otto Hightower, ele não sabe, mas não importava. Na verdade, não saber fez sua raiva ferver ainda mais.

Viserys tentou várias vezes fazer Daemon olhar para seu casamento com Rhea com olhos mais favoráveis. “Quando você a conhecer, verá que ela é uma mulher adorável. Apenas dê uma chance. Você nunca nem tentou.”

Daemon costumava revirar os olhos e morder a língua, para não gritar com o irmão. O que Viserys sabia sobre ser casado com alguém que você odiava? Ele e Aemma eram um par quase perfeito, tanto que Viserys não conseguia tirar as mãos dela, para o detrimento de ambos.

Viserys tentaria convencê-lo de que o casamento poderia ser bom, que não havia felicidade maior do que o amor da esposa. Era uma noção tão ridícula que Daemon nem se deu ao trabalho de rir. Aemma estava muito longe de Rhea, mas Viserys parecia não entender.

Quando o casamento foi finalmente anulado, quase foi o suficiente para fazer Daemon esquecer a humilhação de ser destituído de seu título. Sua raiva retornou dez vezes mais quando Viserys lhe disse que ele se casaria novamente, como se ele fosse uma criança rebelde.

Agora, quase meio ano depois de seu segundo casamento, ele pode admitir que seu irmão talvez estivesse certo. Havia pouca coisa que pudesse se comparar ao amor de uma boa mulher.

Daemon tinha mulheres de quem gostava, ele até teve mulheres confessando seu amor por ele. Ele conheceu o amor de uma mãe e de uma irmã, e o de centenas, se não milhares de prostitutas. Ele conheceu o respeito de seus homens, o medo nos olhos de seus inimigos e a admiração do povo comum.

E ainda assim, nenhuma delas jamais poderia se comparar às afeições de sua esposa, sua doce Alicent. Todo o resto empalidece em comparação.

Quando ela apenas olha para ele com nada além de calor e alegria em seus olhos, quando ela torce seus braços em volta do pescoço dele e o puxa para um beijo gentil, quando ela confessa a ele na privacidade de seus aposentos o quanto ela deseja agradá-lo, o quão feliz ela é com ele-

Ora, mas não poderia haver alegria mais doce.

Desde o banquete, Daemon não passou mais do que algumas horas longe dela. Às vezes ele se preocupa que eles estejam muito próximos, que ele fique entediado com ela, ou pior ainda, que ela fique entediada com ele. Alicent nunca seria desrespeitosa dizendo para ele deixá-la em paz, mas ele odiaria que sua esposa se obrigasse a ficar perto dele.

Ele se sente incrivelmente tolo pensando nisso. Ele nunca se preocupou antes que as mulheres se cansassem dele. Por outro lado, ele nunca teve uma mulher com quem se importasse tanto quanto se importava com Alicent.

Daemon não tinha desejo algum de ficar longe dela. Eles passavam o tempo todo juntos em seus aposentos, lendo, conversando, transando, dormindo. Ele a levava para caminhadas ao redor da fortaleza e dos jardins quando seus aposentos ficavam muito apertados, e a levava para voar nas costas de um dragão dia sim, dia não. Mesmo que ela não montasse em Caraxes, ela se juntaria a ele no Dragonpit, lendo algum livro enquanto esperava por ele até que desmontasse.

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