Confissões

1.9K 165 11
                                    

Durante as semanas, os dias pareciam arrastar-se para Larissa, que se via confinada no hospital, desejando ardentemente recuperar sua mobilidade e voltar à normalidade.

Cada instante se transformava em uma eternidade dentro daquele quarto, onde a monotonia prevalecia.

Os corredores tornavam-se uma passagem interdita, obrigando-a a permanecer confinada em seu quarto. A vista das paredes brancas e dos móveis impessoais tornava-se sufocante, e a jovem ansiava por um sopro de ar fresco e liberdade.

Ainda que sua recuperação fosse prioritária, a sensação de impotência e a monotonia do ambiente agravavam sua angústia.

Larissa estava deitada na cama, com a mente mergulhada em pensamentos tumultuados, quando a porta do quarto se abriu e, para sua surpresa, não foi apenas Rosamaria quem adentrou, mas também Carolana e Gabi.

Seus olhos se arregalaram ligeiramente diante da inesperada visita, enquanto seu coração batia com mais força dentro do peito, as jogadoras do time estavam ali e não apenas para acompanhar a amiga, mas ficaram tão preocupadas tanto.

Depois da visita das meninas, as coisas no hospital continuaram em uma rotina constante. Todos os dias, Rosa e Agatha se revezavam para visitar Larissa, garantindo que ela nunca se sentisse sozinha durante sua recuperação.

Os pais de Larissa também estavam sempre presentes, proporcionando o apoio necessário.

No entanto, Rosa começou a notar mudanças sutis no comportamento de Agatha.

Antes, os olhares de Agatha para Larissa eram carregados de carinho e preocupação, mas algo parecia ter mudado.

Os olhos que antes brilhavam com emoção agora estavam mais opacos, evitando o contato visual prolongado. Rosa observou como Agatha desviava o olhar rapidamente, quase como se estivesse evitando algo.

O tom de voz de Agatha também parecia diferente. Anteriormente, suas palavras eram suaves e cheias de afeição, mas agora tinham uma tonalidade mais neutra, quase distante. Ela já não se inclinava tanto para perto de Larissa, nem segurava sua mão com a mesma intensidade.

Durante as conversas, Agatha estava menos envolvida. Seus sorrisos pareciam forçados, e suas risadas não alcançavam os olhos.

Ela se mexia mais na cadeira, cruzava e descruzava os braços, mostrando sinais de nervosismo ou desconforto.

Rosa não pôde deixar de notar que, quando estava com Larissa, Agatha parecia estar em outro lugar, perdida em pensamentos.

Rosa tentou abordar o assunto de maneira casual, perguntando a Agatha como ela estava se sentindo, mas as respostas eram vagas e evasivas. “Estou bem, só cansada,” acompanhando com um sorriso tenso. Rosa sabia que havia mais por trás dessas palavras.

O quarto de hospital estava silencioso, apenas os sons suaves das máquinas e dos passos dos enfermeiros no corredor podiam ser ouvidos.

Rosa tinha passado a noite no hospital, permitindo que os pais de Larissa fossem para casa descansar e passassem um tempo com a caçula, que ainda não conhecia pessoalmente.

Os primeiros raios de sol entraram pelas frestas da cortina, iluminando suavemente o quarto. Rosa acordou com a luz no rosto, piscando enquanto se acostumava ao brilho. Ao virar a cabeça, percebeu que Larissa já estava acordada, olhando fixamente para o teto.

Rosa se levantou devagar, ajeitando a camiseta e os jeans que usava. Ela deu um leve sorriso e um beijo na testa de Larissa, que respondeu que lhe devolveu com um sorriso gentil.

Laços além da quadraOnde histórias criam vida. Descubra agora