A manhã começou com um céu acinzentado, prenunciando a chuva que caía sobre a cidade. Esse tipo de clima costumava deixar Natália pensativa. As conversas noturnas com Carol deixavam um rastro de emoções que ela não conseguia dissipar. Ela se arrastou para fora da cama, preparou um café forte e se sentou à mesa da cozinha, observando as gotas escorrendo pela janela embaçada.
Enquanto o café esfriava em suas mãos, ela pensava em tudo o que estava acontecendo. Ela recordava aquele momento quando conheceu Carol e, por algum motivo, sentiu uma familiaridade instantânea, como se o universo estivesse conspirando para que elas se encontrassem. Pensava em quais são as chances de encontrar alguém que seja absolutamente perfeito para você em todos os aspectos da palavra, como se o primeiro encontro, fosse... não amor à primeira vista exatamente, mas uma familiaridade. Como se, "Oi, é você. Vai ser você."
Era algo que ela não conseguia explicar, mas que a deixava intrigada. E agora, enquanto observava as bolhas na xícara de café e o mundo à sua volta passar, ponderava sobre as chances disso acontecer de novo. Sobre o que era preciso para que duas almas se encontrassem dessa forma e seguissem em sintonia, como peças de um quebra-cabeça que finalmente se encaixam. Como no mito grego do herói e da princesa, cada um com seu próprio fardo, mas juntos enfrentando monstros e labirintos. Havia uma metáfora ali, algo que ressoava com o que ela e Carol estavam vivendo. Labirintos de emoções, monstros de insegurança e arrependimento. Ela queria acreditar que, como no mito, elas poderiam encontrar um caminho de volta uma para a outra.
Natália desejava que Carol soubesse que ela estava disposta a encontrar o caminho de volta. A esperança ressoava dentro dela como um eco, alimentando a vontade de seguir adiante e encontrar a compreensão e a reconciliação que tanto ansiavam.
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Carol estava deitada em sua cama, observando o teto acima, enquanto a chuva caía suavemente do lado de fora. A luz tênue da rua desenhava sombras nas paredes do quarto, criando um cenário melancólico e confortável. Ela havia passado os últimos dias tentando entender seus próprios sentimentos em relação a Natália. Sentia falta dela, de sua presença constante e do calor que havia entre elas. Porém, também havia medo e dúvida sobre como elas poderiam recomeçar depois de tudo o que havia acontecido.
Enquanto pensava, Carol refletia sobre os momentos de cumplicidade e alegria que estavam tão vivos em sua memória e da dor em pensar que tudo parecia tão distante agora.
Ela se sentia perdida em relação à reconciliação. Será que Natália ainda a queria por perto? Será que ela estava pronta para tentar novamente? Carol sabia que estava disposta a lutar por elas duas, mas o medo a impedia de se lançar completamente.
Pelo menos ela nunca mais tinha visto aquela mulher no apartamento de Natália, o que não significava que elas não se encontravam em outros lugares.
Com um suspiro, Carol fechou os olhos e tentou se acalmar. Talvez, ela pensou, o destino já tivesse se manifestado de uma maneira que pudesse guiá-las de volta uma para a outra. Talvez, se ela fosse paciente e permitisse que o tempo mostrasse o caminho, Natália e ela poderiam se reconectar de uma forma mais verdadeira e sincera.
As perguntas se acumularam na mente de Carol enquanto ela se permitia afundar nas memórias e emoções que a envolviam. Tudo sempre acaba ao passado, não é? Talvez não se possa lutar contra o que está em seu sangue.
Mas já aprendi que você também não pode lutar contra o que está em seu coração.
Finalmente, ela afastou as cobertas e levantou-se da cama. Agora era hora de trabalhar. Talvez, com o novo dia, sua mente clareasse e pudesse encontrar uma solução. Enquanto escovava os dentes se olhando no espelho, Carol desejou que o destino as guiasse de volta uma para a outra, e que ela não tivesse perdido todas as chances de reconquistar Natália.
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Entre nós, uma rua
FanfictionO amor pode ser uma verdade inconveniente, mas é a coisa mais honesta que Carol já encontrou. E nada que vale a pena ter é fácil.