OInício da Partitura
Uma farta mesa estava posta quando Adam chegou à sala. Miriam, falastrona como de costume, repercutia os acontecimentos do dia anterior com Sofia, sua filha do meio, uma mocinha de quinze anos que a ajudava às vezes nos afazeres do casarão Camponelle. A mais velha, com uma bandeja na mão, estava a caminho da escada para o segundo andar.
— É para Evan? — perguntou Susan, interceptando Miriam.
— Sim, dona Susan.
— Adam vai trazê-la aqui para baixo. Nossa hóspede precisa sair um pouco daquele quarto.
— Outra pessoa não pode fazer isso? — perguntou Adam, descendo as escadas.
— Teu pai? Quer que ele dê um jeito na coluna? Teu avô? Sabe bem que apesar daquele jeito bronco dele, os ossos já fraquejaram há tempos.
— Quem está com os ossos fracos? — Aproximou-se Ryan, saindo do escritório, sabia bem que falavam dele.
— Não banque o valente, Ryan. Já tem mais de dez anos que reclama de dor nos joelhos.
— Sempre atrevida essa minha esposa. Já não a carreguei no colo dezenas de vezes?
— Sim, há algumas décadas. Põe-se no seu lugar, senhor meu marido. Há de se adequar à sua idade.
— Não fale besteira, mulher. Estou forte como um touro.
— E os funcionários? — perguntou Adam, encerrando com aquele embate senil dos dois.
— Ocupados. Além disso, Evan ficaria desconfortável sendo carregada por aí por um estranho. Não fica bem, não fica bem mesmo. Já você é diferente, é da família, não...
— Eu a conheci ontem — retrucou ele.
Ryan foi para a mesa arrastando as costumeiras sandálias de couro, só usava sapatos para ir à congregação. Sabia que a conversa ali se estenderia.
— Não é verdade, ela já veio a eventos aqui quando pequena, além de períodos de férias. E também naquela vez...
— Eu estava ocupado demais com a minha vida para prestar atenção — disse Adam com indiferença.
— Você é o médico dela. — Susan estreitou as sobrancelhas e colocou as mãos na cintura.
Adam abriu a boca para discordar, mas foi interrompido.
— Agora seja bonzinho para a vovó Sussu e vá fazer o que pedi, a menina deve estar faminta. — Ela deu batidinhas leves no rosto do neto.
Mesmo a contragosto, Adam foi, sempre teve uma relação muito boa com a avó, tinha por ela um enorme respeito e admiração. De qualquer forma, já havia carregado a paciente antes, uma vez mais não o mataria.
Abriu a porta após Evangeline responder para que ele entrasse. Estava sentada na poltrona escarlate. O médico notou algo estranho, ela parecia sobressaltada, afastando o tornozelo machucado para mais próximo do pé da poltrona. Adam então foi até ela e se agachou para examiná-lo. Parecia mais inchado. Ele respirou fundo, demonstrando contrariedade.
— Me desculpe! — disse ela, sem jeito.
— O que houve?
— Tem um degrau para a cama, e ela é um pouco alta e... bem, não que eu esteja reclamando, é realmente muito boa, confor...
— Apenas diga logo! — exigiu ele, já impaciente com os rodeios dela.
— Está bem, sinto muito, Dr. Adam. Tive dificuldade para voltar para cama, me senti um pouco tonta e pisei de mal jeito. Então resolvi ficar na poltrona. Sinto muito por tudo, realmente lamento o transtor...
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CANTANDO COM AS ESTRELAS - Livro 3
Romance🎶🌟🌟🌟🎶 De temperamento forte e resoluto, Adam não é totalmente contra as tradições de sua família, apenas prefere as coisas em seus próprios termos. Mas uma tragédia muda completamente o rumo de sua vida. Amargurado e marcado pela culpa, cria u...