Capítulo 5

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OInício da Partitura

Uma farta mesa estava posta quando Adam chegou à sala. Miriam, falastrona como de costume, repercutia os acontecimentos do dia anterior com Sofia, sua filha do meio, uma mocinha de quinze anos que a ajudava às vezes nos afazeres do casarão Camponelle. A mais velha, com uma bandeja na mão, estava a caminho da escada para o segundo andar.

— É para Evan? — perguntou Susan, interceptando Miriam.

— Sim, dona Susan.

— Adam vai trazê-la aqui para baixo. Nossa hóspede precisa sair um pouco daquele quarto.

— Outra pessoa não pode fazer isso? — perguntou Adam, descendo as escadas.

— Teu pai? Quer que ele dê um jeito na coluna? Teu avô? Sabe bem que apesar daquele jeito bronco dele, os ossos já fraquejaram há tempos.

— Quem está com os ossos fracos? — Aproximou-se Ryan, saindo do escritório, sabia bem que falavam dele.

— Não banque o valente, Ryan. Já tem mais de dez anos que reclama de dor nos joelhos.

— Sempre atrevida essa minha esposa. Já não a carreguei no colo dezenas de vezes?

— Sim, há algumas décadas. Põe-se no seu lugar, senhor meu marido. Há de se adequar à sua idade.

— Não fale besteira, mulher. Estou forte como um touro.

— E os funcionários? — perguntou Adam, encerrando com aquele embate senil dos dois.

— Ocupados. Além disso, Evan ficaria desconfortável sendo carregada por aí por um estranho. Não fica bem, não fica bem mesmo. Já você é diferente, é da família, não...

— Eu a conheci ontem — retrucou ele.

Ryan foi para a mesa arrastando as costumeiras sandálias de couro, só usava sapatos para ir à congregação. Sabia que a conversa ali se estenderia.

— Não é verdade, ela já veio a eventos aqui quando pequena, além de períodos de férias. E também naquela vez...

— Eu estava ocupado demais com a minha vida para prestar atenção — disse Adam com indiferença.

— Você é o médico dela. — Susan estreitou as sobrancelhas e colocou as mãos na cintura.

Adam abriu a boca para discordar, mas foi interrompido.

— Agora seja bonzinho para a vovó Sussu e vá fazer o que pedi, a menina deve estar faminta. — Ela deu batidinhas leves no rosto do neto.

Mesmo a contragosto, Adam foi, sempre teve uma relação muito boa com a avó, tinha por ela um enorme respeito e admiração. De qualquer forma, já havia carregado a paciente antes, uma vez mais não o mataria.

Abriu a porta após Evangeline responder para que ele entrasse. Estava sentada na poltrona escarlate. O médico notou algo estranho, ela parecia sobressaltada, afastando o tornozelo machucado para mais próximo do pé da poltrona. Adam então foi até ela e se agachou para examiná-lo. Parecia mais inchado. Ele respirou fundo, demonstrando contrariedade.

— Me desculpe! — disse ela, sem jeito.

— O que houve?

— Tem um degrau para a cama, e ela é um pouco alta e... bem, não que eu esteja reclamando, é realmente muito boa, confor...

— Apenas diga logo! — exigiu ele, já impaciente com os rodeios dela.

— Está bem, sinto muito, Dr. Adam. Tive dificuldade para voltar para cama, me senti um pouco tonta e pisei de mal jeito. Então resolvi ficar na poltrona. Sinto muito por tudo, realmente lamento o transtor...

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⏰ Última atualização: Jun 18 ⏰

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