Sirius.

63 5 1
                                    

"O sábado, domingo e a segunda-feira

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

"O sábado, domingo e a segunda-feira."

-✮-

Olá, Sirius. Brilhante estrela da vida de todos. Olá.

Nesta noite anônima de dezembro, seja sábado, seja domingo ou até mesmo segunda-feira, eu corro, corro, tenho um encontro com você, com seus abraços calorosos, com seus conselhos e seu amor.

Corro pelas ruas despovoadas de Londres, sem medo ou remorso de ter saído.

Deixo para trás bares bregas, pousadas ainda mais bregas e restaurantes pequenos, motéis que lembram uma Inglaterra distante e impossível e me fazem companhia sem ao menos se preocupar com meu destino.

Meu destino é você, é a sua Inglaterra visionária, de loucos, amantes, traficantes, mendingos, delinquentes, lindas mulheres, soulmusic, chapados, consumidos, arrombados, de socos, sangue, magia, torturaz e mistérios.

Olá, Sirius, obrigado por me fazer viver por um momento. Mesmo que eu esteja averso, num sábado, domingo, segunda-feira, ou seja lá que dia é hoje, oito horas da noite, sozinho numa rua enorme, correndo e chorando, sem remorso por ações já realizadas.

Passei as últimas horas, últimos dias, meses e anos sem poder falar com ninguém, a não ser para dizer baboseiras óbvias e banais, nesta terra de panacas e tudo sempre igual, dia após dia, noites e tardes e que porra você queria de mim, Sirius?

E agora que saí daqui, o que faço? Mato um também para me sentir vivo? E vou invocar com quem? Quem sabe a mulher que me deu a luz, e tento, só para dar um exemplo, arrancar-lhe a cabeça?

Sossegue, Sirius, erre alguma coisa, eu lhe peço, fique no banal, no óbvio, não me torture mais que isso, não me faça sentir inútil e perdido com minha sobrecarga de quilos de emoções.

Olá, Sirius, estou parado na frente de sua nova casa inundada de amor, eu espero mesmo que você abra a porta para mim, pois não sei o que faria se tiver de voltar.

Mas será sua culpa se em minha saída começo a andar e um inútil qualquer me sequestra e me matam. Ou pior ainda.

Estou fora de sua casa. Sinto falta de ar. Tenho cãibras no estômago.

Não pela casa, é claro, porque já sinto falta. Falta de você.

Bato na porta com falta de ar e espero, espero, espero e espero muito uma decepção mas sou recebido com um caloroso e desleixado abraço seu.

Não vou ser sequestrado e morto, Sirius, vou direto para seus braços, com seu amor nos olhos e na mente.

Regulus sonhava. Sonhava contigo, Sirius.

A casa cheirava a vida e biscoitos de Natal saindo do forno. Regulus sonhava com isso.

REGULUS SONHAVA com um lar cheio de amor, com Sirius ao seu lado.

Regulus adormeceu no quarto de Sirius depois de uma curta conversa sobre o sábado, o domingo e a segunda-feira.

Adeus sábado, domingo e segunda-feira.

Adeus, Sirius, obrigado por ter me salvado esta noite.

-✮-

Dezembro afogado. Dezembro inundado. Dezembro encharcado pelas canções de um rádio que atravessa as paredes da casa adorada com a voz de Bowie que corta o ar a canta algo sobre amor.

Olá, Sirius, olá, Dezembro. Vejo, sinto e desejo o acolhimento que vocês hoje me receberam.

Olá, James, Euphemia e Fleamont. Obrigado mesmo por não me expulsarem, agredirem, xingarem, matarem e explorarem assim que coloquei os pés em sua casa.

-Regulus, está melhor?

-Estou sim, Sirius, apenas com fome.

-Claro, Euph já está preparando o café. Agora quer me contar porquê está aqui?

-Pelos mesmos motivos que você, creio eu.

-Ah, sim, a puta da Walburga.-Disse-me Sirius.

-Sim, puta Walburga.-Concordei.

Sirius e eu descemos as escadas sem muitas palavras trocadas e almas cansadas.

Cansadas da dor já passada. Almas cansadas de momentos já vividos.

Ah, Sirius, se soubesse que a vida seria fácil assim ao encontrar um lugar tão tranquilo quanto seu lar já teria me ido há muito, muito tempo.

-Olá, querido, como se sente?-Perguntou Euphemia assim que nos apróximamos da grande e convidativa mesa de café da manhã tão bem posta.

-Me sinto ótimo, obrigado, senhora Potter.

-Não precisa de tanta formalidade, amor, pode me chamar apenas de Euphemia.-E ela sorriu. Sorriu com amor. Um amor nunca visto antes por meus próprios olhos. Um linda e calmo amor genuíno materno.

Gosto das sensações causadas por esse tão sincero amor. Senti vontade de abraça-lá ali mesmo mas me contive com um pequeno aceno de cabeça e um sorriso tímido.

Haviam outras duas pessoas sentadas na mesa, além de Sirius, que assistiam toda a intereção com cautela e que desviaram o olhar para começar uma conversa casual uma com a outra assim que eu me movi para sentar-me na mesa.

James e Fleamont Potter, homens práticamente identicos se não fosse perceptivel a grande diferença de idade.

-Está com fome, Regulus?-O mais velho dos Potter é quem o puxa de volta ao mundo.

-Ah, sim, um pouco.

E ele come.

Come com classe, como lhe fora ensinado, mas come como se não visse comida há semanas.

Os outros conversam tão felizes, contentes e amorosos, e Regulus sente inveja.

Inveja, um sentimento tão comum e habitual em sua vida que já tinha se tornado práticamente rotina.

E assim se passou o dia, Regulus observava e consumia a felicidade alheia da família que Sirius entrou, se sentia contagiado por eles, mas sempre que o chamavam se sentia como um intruso.

Então é isso, Sirius. Obrigado por me acolher, me amar e tentar ser meu irmão, mas eu não pertenço ao seu lar.

Adeus, Sirius, obrigado por me amar.

Adeus, Sirius, tentarei sempre te amar.

-✮-

-✮-

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Incendeia-me a vida, starchaserOnde histórias criam vida. Descubra agora