"Incendiei a minha vida."
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É uma noite, quase madrugada, de nada.
Dia vinte e três de dezembro de 1977, onze e quarenta da noite.
Sigo pelos pensamentos avoados e me perco em sua noite vazia. James, como pode você me salvar e ao mesmo tempo me afogar?
Eu não pertenço a esse lugar e isso nunca vai mudar mas, mesmo que momentaneamente, eu me sinto bem vindo em seu coração.
E olá, James, como se sente sabendo que é a mais bela e pura magia?
-Você me lembra minha mãe. Ela vivia com esse humor lindo também, uma mulher realmente encantadora.‐Sirius resmunga sentado a minha frente, percebendo que eu não ouvia uma palavra do que dizia anteriormente.
‐Por que sempre faz piada com tudo?
-Porque de triste já basta a vida, Regulus.‐Ele responde, se levantando com as mãos apoiadas na mesa e os olhos visivelmente cansados.-Precisa tentar se deixar ser feliz alguma vez na vida.-Foi o que ele disse aquele dia antes de ir oara a casa do namorado, voltando apenas no jantar.
Mas não, eu não podia e nem, ao menos, queria.
Quero incendiar esta minha vida como um pedaço de incenso em brasa ardente. Quero voar, e como Ícaro deixar-me queimar. Mas voar. Sem tristeza. Sem esperas.
E por muitos dias reprimi o fogo que me sucumbia por dentro. Reprimi por ti, James. Mas não sei se ainda poderia.
Passo voando por cima das minhas refeições cotidianas, por cima do vinho barato tomado, por cima de um semáforo que diminui corridas alheias. Passo voando sobre quem não sabe que pode voar, quem não consegue mais, quem não quer voar. E espera.
Quem. O quê. Por quê. Quanto. Quando.
Todos privados de sua linda e genuina alegria.
Seria apenas uma única ação para dar cor a tudo isso. Para dar descanso e paz a minha alma. Para parar de sentir dor, mesmo que o preço seja não sentir mais nada.
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Olá, uma última vez, James.
Sua boca na minha até a madrugada me fazem esquecer o plano suícida.
Que Deus me perdoe por lhe deixar após tudo isso e que me deixe finalmente descansar, mas seria muito, muito árduo continuar a aguentar.
Mesmo que os sentimentos que seus lábios me causem ao entrarem em contato com os meus sejam maravilhosos, os sentimentos que o mundo me causa sempre me fazem chorar.
Me perdoe, de verdade mesmo, mas me parece muito mais difícil estar sempre queimando por dentro do incendiar-me por completo por curtos minutos.
A cama estava totalmente incompleta e eu me sentia da mesma forma. O espaço ao meu lado guardado para ter um homem ao meu lado, mas ele estava ao quarto do lado, dormindo avoado.
Minha mala já veio preparada, mesmo que eu esperasse não usar. Peguei a lâmina guardada entre o colchão e a madeira e a encarei por longos e longos minutos.
O alcool estava espalhado e bastava o fogo ser ligado. Um movimento, um único, e o fogo espalharia até chegar no fim de minha vida.
Sinto muito por dizer adeus assim, mas não preciso mais atrapalhar a todos.
Quase desisti algumas vezes e enrolei demais para aceitar o fim.
Adeus, Começo, Sirius, Dezembro e James.
Não vou te impedir de partir mais uma vez, James, mas dessa vez é apenas por sua própria liberdade e felicidade.
Você merece alguém tão bom, puro, gentil e amavel quanto você, James, e eu com certeza não sou essa pessoa. Mas parece que seu problema de visão se encontra em pior estado do que todos pensam, já que você claramente enxerga algo inexistente com esse coração idiota.
E enquanto encarava o emaranhado de cachos negros bagunçados no reflexo do espelho totalmente acendrado, ele repensa seriamente o por que se deixou chegar aqui?
Por que aceitou o plano idiota do idiota do Sirius para ir morar na casa idiota do melhor amigo idiota dele?
No fim, se tornou mais idiota que qualquer outra coisa naquela situação, se apaixonou e deixou que o idiota o amasse apenas para abandona-ló depois por motivos mais idiotas ainda.
Idiotices.
Riu levemente, sem qualquer graça em seu humor. O banheiro estava sufocante e teve que se segurar para não fazer algo mais idiota ainda e correr para os braços de seu irmão mais velho como se tivesse sete anos, correndo para seu porto-seguro depois de um pesadelo com bichos-papão ou algo assim.
Consigo sentir o metal gelado no meu pulso, mas não tenho a ousadia de olhar, encaro apenas os meus próprios olhos.
Um movimento.
Um único movimento e o mundo voltará a ter cor para eles e sem qualquer razão para mim.
Um.
As pontas dos meus dedos estavam ficando mais claras e eu podia sentir um corte leve, mas ainda não era isso.
Mais firme, mais fundo e pronto.
Um.
Dois.
E...
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Não ficou a melhor coisa do mundo, obvio, mas eu gsotei e me diverti fazendo. E foi isso mores, amo muitos os divos!Fim...
Mab💋!
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Incendeia-me a vida, starchaser
Fanfiction"Quero incendiar esta minha vida como um pedaço de incenso em brasa ardente." (...) "Quero voar. E como Ícaro deixar-me queimar. Mas voar. Sem trizteza. Sem esperas." ! JEGULUS & DEADFIC AU !