Pirates and black diamonds (FREENBECKY)

1.

1680,
Em algum lugar do Oceano Índico

Os olhos castanhos tão constantemente escuros e afiados, agora ali, pareciam mais claros. Suaves, como os de um cervo, observando com silencioso e familiar reconhecimento por quais águas a embarcação se aproximava.

A jovem capitã fechou os olhos em solitária apreciação quando uma rajada de ar cortou seu rosto, fazendo os fios de cabelos dançarem pelo rosto, contidos no chapéu. Até o cheiro de água salgada parecia ser mais superno, único e saudoso.

Ela sabia. Sabia que não precisava de rotas marítimas ou mapas cartográficos orientando-a naquela parte do oceano. Até dentro de um barril de rum, jogado ao léu, encontraria o caminho dessa terra.

"Companheiros! Içar velas! Estibordo às três horas!"

Sua voz sólida resoou com facilidade por todo convés principal do navio. A ordem atentida em prontidão, seguida pelo barulho pesado dos tripulantes ao caminhar na madeira puxando as cordas e enrolando firmes nós.

"Estamos há 40 minutos de desembarcar na Ilha Bangkok! Atenção!"

Ao lado do leme, tendo no comando o seu fiel timoneiro Lee Dong-wook , a capitã do descomunal navio pirata, Rebecca Armstrong, caminhou em direção a ponta da mureta do convés superior. Aproximando-se para ter a visão de seus companheiros.

Os barulhos cessaram. E a atenção de todos voltou-se mais uma vez à sua capitã, com imediato respeito.

"Sei o quanto estão ansiosos por um bom saquê e belas damas, mas..."
Sorriu lasciva com o uivo de concordância dos companheiros. Esperou um minuto da comemoração antes do seu rosto fecha-se de maneira séria e falar firme.

"Não quero que tenhamos que lidar com a atenção da marinha, antes de conseguirmos os ajustes necessários ao navio. O quartel general da marinha está a pouca distância e serão longos meses pela Grande Terra até conseguirmos desembarcar em outra ilha com suprimentos e carpiteiros tão habilidosos como os de Bangkok. Os reparos são graves e não podemos arriscar por tão pouco."

Seus olhos percorreram com autoridade por todos os rostos conhecidos.

"Nam e Jin-young! Como sempre, confio-os como responsáveis pela troca do ouro."

Rebecca deu um meio sorriso ao aceno em concordância dos seus tesoureiros. O ouro que perseguiram durante longos dias no traiçoeiro e violento Índico; E pelo qual, foi duelado em meio ao corte estridente de batalha com espadas e tiros de canhões, finalmente seria usado em seu velho companheiro de madeira. O confronto nas mesmas terras com os piratas do bando de Heng,  deixou o navio necessitado de devida atenção.

"Os habitantes de Bangkok não são do tipo temperamentais ou desonestos, vocês sabem. Porém Beakho e Taecyeone, peço que controle qualquer possível situação de estresse, ok?"

Seu olhar firme foi atendido por acenos dos dois companheiros espadachins. Habilidosos e fortes, obedeciam-a e não cediam ao extremo. Negociações pelo valor de ouro por vezes, tornavam-se conplicadas.

"Por isso, vamos resolver os assuntos comerciais primeiro, camaradas. Uma estalagem para descansarmos nossos corpos e cuidar com atenção dos ferimentos. Tenho certeza que Irin manterá uma boa quantidade de vocês sob supervisão, para que eu não tenha que chutar a bunda de ninguém, idiotas! Posso fazer disso bem pior!"

Armstrong sorriu em uma maldade brincalhona e deu uma piscadela em direção a médica da sua tripulação, fazendo a garota suspirar, satisfeita pelo apoio da sua capitã. Um pensamento perigoso percorreu pela cabeça de Irin, mas ousou morder a língua. Em vez disso, o imediato da capitã teve a coragem ideal para tal.