Além da Rede

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POV Hande

Estar apaixonada por Tijana era uma montanha-russa emocional, e no fundo eu tinha que agradecer à Simge por ser uma fofoqueira linguaruda. Graças a ela, Tijana agora sabia sobre meus sentimentos. Não era apenas uma queda, como diria Luísa Sonza, era um penhasco.

Desde que Tijana soube da verdade, parecia mais leve comigo. Nossas brincadeiras diárias estavam se tornando os momentos mais felizes do meu dia. Cada piada, cada sorriso trocado, fazia meu coração bater mais forte.

— Eu não posso acreditar que Simge realmente contou isso pra você — eu disse, rindo, enquanto perturbava Tijana durante um intervalo no treino.

— Ah, você sabe como ela é — Tijana respondeu, sorrindo.

Não falávamos mais diretamente sobre o "nós". Apenas deixávamos tudo rolar, aproveitando nossa amizade e os momentos que compartilhávamos. Entendia que, assim como na Turquia, a questão da sexualidade era complexa e cheia de nuances.

Na Turquia, a sexualidade ainda era um assunto delicado. Havia uma pressão cultural e social para manter certas aparências e seguir normas tradicionais. Isso tornava tudo mais complicado, principalmente para alguém como Tijana, que vinha de uma cultura igualmente conservadora. Eu sabia que não podia pressioná-la, e respeitava isso.

Elif, uma grande amiga nossa, também contribuía para fazer esse time mais feliz. Ela sempre tinha uma palavra amiga e um sorriso encorajador, tornando os dias mais leves. Saber que podia contar com amigas como Simge e Elif fazia toda a diferença.

— Então, o que você acha de irmos ao cinema depois do treino? — perguntei a Tijana, tentando manter a conversa casual, mas meu coração estava acelerado.

— Parece uma ótima ideia. Precisamos de um pouco de diversão depois de uma semana tão intensa — ela respondeu, com aquele sorriso que fazia tudo parecer possível.

Perturbar Tijana com minhas brincadeiras estava se tornando um hábito delicioso. Cada vez que ela sorria ou ria das minhas piadas, sentia uma onda de felicidade percorrer meu corpo.

Simge, apesar de sua língua solta, sempre soube me apoiar e entender. Sua fofoca acabou sendo a melhor coisa que poderia ter acontecido. Agora, mesmo que o "nós" fosse um assunto não discutido, havia uma sensação de alívio e entendimento entre mim e Tijana.

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Chegar ao cinema com Tijana foi um evento à parte. Ela estava com uma expressão esquisita e carrancuda, algo que quem não a conhecesse poderia facilmente interpretar como mau humor. Mas eu sabia que essa era apenas a fachada dela, provavelmente uma estratégia para botar medo nos adversários.

Enquanto esperávamos na fila para comprar os ingressos, Tijana começou a implicar com minhas escolhas musicais.

— Hande, eu realmente não entendo como você pode gostar desse Chris Brown. — disse ela, balançando a cabeça. — As músicas dele são todas iguais.

Eu fingi um drama, segurando o peito como se tivesse sido atingida.

— Ah, Tijana, você não entende nada de música. Christopher Maurice Brown
é o maior músico existente!

Ela riu, aquele riso que era raro e precioso, iluminando seu rosto de uma maneira que poucas coisas conseguiam.

— Maior músico existente? Por favor, Hande, até a playlist do meu treino tem mais variedade do que as músicas dele.

O clima entre nós era leve e descontraído. Aproveitei o momento para brincar um pouco mais.

— Olha, Tijana, nosso namoro terminando agora mesmo — disparei, tentando manter a expressão séria.

Para minha surpresa, Tijana travou. Seus olhos se arregalaram por um segundo, e pude ver uma mistura de surpresa e algo mais profundo ali. Rapidamente, ela se recompôs, tentando esconder qualquer vulnerabilidade.

— Namoro? — Ela arqueou uma sobrancelha, tentando manter o tom brincalhão, mas havia uma nota de hesitação na sua voz. — Desde quando estamos namorando, Hande?

Eu ri, tentando aliviar a tensão.

— Calma, Tica, é só uma brincadeira! — Respondi, dando-lhe um leve empurrão no ombro. — Mas a sério, se você não gosta de Chris Brown, isso pode ser um problema.

Ela finalmente relaxou, rindo comigo.

— Tá bom, tá bom. Talvez eu possa suportar suas músicas horríveis por um tempo.

Conseguimos nossos ingressos e entramos na sala de cinema. O filme começou, mas eu mal conseguia me concentrar na tela. Minha mente continuava voltando ao momento em que mencionei o "namoro" e a reação de Tijana. Havia algo ali, uma pequena faísca de possibilidade que eu não podia ignorar.

O ambiente era confortável e escuro, perfeito para perdermos no enredo do filme. De vez em quando, eu espiava Tijana pelo canto do olho. Ela parecia imersa no filme, mas algo em sua postura sugeria que estava tão distraída quanto eu.

No final do filme, enquanto as luzes se acendiam e todos começavam a sair, Tijana se virou para mim com um sorriso tímido.

— Então, Hande, o que achou do filme?

— Foi ótimo — respondi, sorrindo de volta. — Mas a melhor parte foi estar aqui com você.

Ela corou ligeiramente, um raro momento de vulnerabilidade que me fez sentir uma onda de afeição por ela.

Enquanto saíamos do cinema, senti que algo havia mudado entre nós. Talvez fosse apenas minha imaginação, mas não podia negar a esperança crescente em meu coração. Estava disposta a esperar e ver onde essa nova jornada nos levaria, aproveitando cada momento ao lado de Tijana, a pessoa que fazia meu coração bater mais forte.