"De Volta A Vida" - Primeiro Capítulo.

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Léo se sentia vazio. Acabara de perder o melhor amigo, e não havia nada de feliz nisso. Quem poderia gostar de perder alguém tão importante? Ninguém. Léo estava profundamente abalado e buscava maneiras de preencher o vazio deixado pela ausência de Rémi. Ele estava arrependido e sentia uma dor imensa.

Deitado em sua cama, Léo começou a se mexer inquieto. Seus dentes rangiam, e ele começou a gritar. Seus olhos estavam fortemente cerrados, mas não se abriam. Ele clamava por ajuda.

– REMI! – gritou.

Ele se revirava várias vezes, a dor da perda o atormentava. Implorava pela volta do amigo querido.

Léo se mexeu tanto que acabou caindo da cama. Mesmo assim, permanecia dormindo. Levantou-se, ainda adormecido, e começou a correr desesperado pelo quarto.

– REMI! – gritou novamente.

A saudade o dominava. De repente, sentiu-se segurado por Rémi. Léo estava em pânico.

– LÉO, CALMA! CALMA. – disse Rémi, abraçando-o.

Léo parecia estar tendo um pesadelo terrível. Logo após ser segurado, ele se acalmou e então acordou. Sophie entrou no quarto e acendeu a luz. Ela viu Léo abraçado a Rémi, que o confortava.

– Calma, estou aqui... Calma. – disse Rémi, enquanto Léo chorava incessantemente.

– O que está acontecendo? – perguntou Sophie, preocupada.

– Eu sonhei que você tinha ido. – disse Léo, ainda abraçado a Rémi no chão – Por favor, não me deixe novamente.

– Eu estou aqui. – respondeu Rémi.

– O que está havendo? – Sophie estava confusa.

– Ele não está bem. – disse Rémi, tentando se levantar, mas Léo não soltava o abraço.

– NÃO! Fique aqui... Comigo.

– Léo, calma, já falei, estou aqui. – disse Rémi.

– Vou ligar para Nathalie, fique aqui. – disse Sophie.

Logo em seguida, Peter entrou no quarto.

– O que está acontecendo aqui? – perguntou Peter aos presentes.

– Nada, Léo só teve um pesadelo. – explicou Rémi.

– O quê? – Peter estava confuso.

Léo começou a chorar ainda mais, suas lágrimas molhando a camisa de Rémi. Rémi beijou sua testa e fez um cafuné em sua cabeça.

– Estou aqui, do seu lado, está bem? – disse Rémi.

– Estou com medo... – disse Léo, com a voz trêmula.

– Medo de quê? – perguntou Rémi.

– De que isso seja um sonho... – disse Léo.

– Vou ligar para Nathalie. – disse Sophie novamente.

– Vá. – concordou Peter.

– NÃO! – gritou Léo – Estou bem, só tive um sonho ruim. Mas parecia tão real... – disse.

– Tudo bem, ninguém vai ligar para ninguém, certo? – disse Sophie.

– Ok, vamos voltar a dormir. – disse Léo, ainda abraçado a Rémi.

– Vamos voltar a dormir, certo? – perguntou Rémi.

– Sim... – afirmou Léo.

– Léo, não quer tomar um chá ou algo assim? – perguntou Sophie.

– Não, estou bem. – balançou a cabeça, ainda abraçado a Rémi.

– Ok, estamos saindo. Boa noite! – disse Peter.

Quando Sophie foi desligar a luz, Léo pediu:

– NÃO! Deixe ligada, por favor...

– Está bem. Apague quando se sentir melhor, ok? – disse Sophie.

– Ok, tudo bem. – disse Rémi.

– Boa noite, meninos. Durmam bem. – disse Peter.

O casal voltou para seu quarto. Assim que saíram, Rémi perguntou:

– Quer me explicar com calma o que aconteceu?

– Promete não me deixar, nunca? Independente do que eu faça? Mesmo se eu for idiota, mesmo que eu aja como um idiota, mesmo que eu não te dê atenção, mesmo que eu seja um lixo, promete que nunca, nunca, vai me deixar? – perguntou Léo.

– Como assim...? – antes que Rémi terminasse, Léo o interrompeu:

– PROMETE? – gritou Léo.

– Shhh... – disse Rémi, tentando acalmá-lo – Prometo sim! Agora vamos voltar para a cama? – perguntou Rémi.

– Vamos... – disse Léo.

– Mas para isso você precisa me soltar... – disse Rémi.

– Vamos assim mesmo. – disse Léo.

Léo levantou Rémi, e ambos caminharam abraçados até a cama. Deitaram-se juntos.

– Eu te amo, muito, muito, muito, muito e muito. Entendeu? – perguntou Léo.

– Sim, entendi. Eu também te amo. – Rémi riu.

– Quer me contar com o que sonhou? – perguntou Remi.

– Prefiro não dizer. Não quero lembrar daquilo. – respondeu Léo.

– Tudo bem, não precisa contar se não quiser... Só quero que saiba que, independentemente do que sonhou, eu estou aqui, pra sempre, e nunca vou te deixar. Sabe por quê? – perguntou Remi.

Léo não respondeu, apenas olhou para Remi com um pequeno sorriso no rosto.

– Porque eu sou seu melhor amigo. – disse Remi.

– Me desculpa, ok? – pediu Léo.

– Pelo quê? – perguntou Remi.

– Pelo que aconteceu hoje... – disse Léo.

– O que houve hoje? – perguntou Remi.

– Quando você foi se deitar perto de mim, eu me afastei. Fiz isso porque estava com medo, medo das pessoas pensarem que somos um casal. Não quero ser visto desse jeito. Sou seu amigo e nada mais, entendeu? – explicou Léo.

– Ah, sobre isso... Eu fiquei chateado, mas tudo bem. Eu entendo, só não faça isso de novo. Eu valorizo muito nossa amizade e não quero que acabe nunca. Se sentir medo, pode me dizer. – disse Remi, confiante, rindo.

– O que vai fazer? – perguntou Léo, rindo com lágrimas ainda escorrendo pelo rosto.

– Vou bater naqueles idiotas, entendeu? – disse Remi.

Eles riram juntos.

– Você? Bater? – Léo riu.

– Está duvidando de mim? – perguntou Remi, sorrindo.

Eles riram novamente.

– Não! Jamais. – respondeu Léo.

– Enfim, é melhor dormir... Ok? – sugeriu Remi.

– Não me sinto confortável para dormir. Não quero ter outro pesadelo. – disse Léo.

– Tudo bem, vou me manter acordado com você. – disse Remi, abraçando Léo ainda mais.

Mas tudo não passava de um sonho. Léo sonhou que afastava Remi e que ele se matava, mas, na realidade, Remi estava vivo. Agora, eles têm muito a resolver, já que Remi ainda estava ali, ao seu lado.

Além do sonho: A jornada de Remi e Léo Onde histórias criam vida. Descubra agora