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— Aahhh!

Um gemido insatisfeito saiu dos lábios do homem cansado. Sua cabeça girava como se tivesse passado horas dentro de um liquidificador ligado no máximo; além estar sentindo o ardor e a temperatura elevada a cada instante no seu corpo, por conta da bebida alcóolica. Seus olhos se viraram para a taça com bebida em sua mão — líquido do qual ele nem se recordava mais o que continha.

Seus olhos estavam marejados enquanto deitava sua cabeça no balcão do bar, afundando melancolicamente o seu rosto e deixando um suspiro entristecido sair dos seus lábios. Como ele foi parar em uma balada como aquela, em uma quarta-feira, estando em seu aniversário de 28 anos?

Sinceramente, ele não tinha a mínima ideia. Ele apenas queria mudar um pouco a sua rotina chata e repetitiva, talvez?

O barulho dos jovens gritando e dançando ao som de músicas que ele desconhecia — bem, a maioria — já não o incomodavam tanto. O cheiro da nicotina adentrava as suas narinas de maneira invasiva, entretanto, ele preferia ignorar aquilo.

— Que vida merda, hein? — sussurrou para si mesmo, levantou lentamente a cabeça, arrumando sua postura no banco e direcionando o olhar até a taça em sua mão mais uma vez.

Sua boca se retorceu um pouco para o lado, demonstrando o seu leve desconforto. Ele levanta um pouco sua mão até o topo da taça e passa levemente o dedo indicador naquele vidro fino e puro. Sentia que havia dado um trabalho danado para fazer aquilo. Era tão bem feito que desacreditava que uma mão humana havia feito aquilo.

O barman, tendo o seu nome de batismo de Chigiri Hyoma, olhava com certa pena para o seu cliente enquanto limpava uma das taças do seu bar. Um suspiro deixa sua boca, enquanto ele observa o homem em sua frente direcionar a taça até os lábios e derramar o líquido transparente para dentro. Suas bochechas estavam levemente avermelhadas e fazia um biquinho, enquanto colocava o rosto sobre a mão e apoiava o braço no balcão.

Estava bem fofo, na humilde opinião de Chigiri.

— Você tem que trabalhar amanhã, não tem, Isagi? — perguntou, terminando de limpar a taça e a colocando no seu devido lugar.

Isagi Yoichi, um rapaz de 28 anos — completados hoje, como anteriormente citado —, que continha fios de cabelo da cor azul escura, uma altura média — não sendo nem tão baixo nem tão alto —, além de conter olhos azuis, também. Para muitos, alguém bem comum e, muitas vezes, inconveniente por ser altruísta e "legal" demais. Para outros, alguém extremamente atraente e divertido de se ter por perto.

E, claro, para Chigiri, era certamente a segunda opção.

Chigiri e Isagi se conheciam há um bom tempo. Para ser mais preciso, desde o ensino médio. Por terem a mesma idade, se aproximaram facilmente, tornando-se melhores amigos. Mesmo na vida adulta, onde todos diziam que era quando os "amigos" do ensino médio se separavam, eles continuaram se falando frequentemente.

Chigiri havia seguido o caminho de barman de baladas. Era uma profissão divertida na visão dele, então não se arrependia nem um pouco da sua escolha. Já Isagi havia ido para uma empresa de marketing, o que, sinceramente, não combinava nem um pouco com ele. E ele sabia que o outro concordava com ele. Entretanto, nem sempre se pode ter o que queria, certo?

Isagi o olhou de relance, virando o seu olhar novamente para o local anterior — ou seja, o nada.

— E isso importa?

Chigiri arqueou uma das sobrancelhas e balançou a cabeça em descrença.

— Bom, sim. Acho que importa se você quer sobreviver, afinal, todos precisamos de dinheiro — pegou outra taça e começou a limpá-la como havia feito com a anterior.

Colega Problemático (KaiSagi)Onde histórias criam vida. Descubra agora