Neuf (Lettre)

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Querido Jesse,

Eu sei que é uma coisa obsoleta escrever cartas para alguém e também é estranho não entregar ao receptor. Você nunca irá lê-las e daqui a alguns anos eu também não.
Desde que eu cheguei a Liverpool tudo tem sido tão estranho, como se eu viesse aqui apenas para ser vergada.
A firma de jornalistas onde eu iria trabalhar era um enorme aranha céus. Quando eu olhei pela primeira vez para aquele enorme aranha céus que tange as nuvens, eu estava auspiciosa de que seria uma grande jornalista, mas ele me colocaram para fazer cafés e organizar alguns documentos, inclusive, eles gostam de cafés com sabor acre. Eu havia feito faculdade de jornalismo e era formada naquela área, eu entendia tudo sobre aquilo, fazer café não era o meu lugar.
Todos ali possuíam um ar de preeminência, adoravam luxos supérfluos e de lançar repostas agrestes também. O pior foi que a minha própria mãe não teve lástima por mim, dizendo que todas as pessoas bem sucedidas começaram de baixo.
O tempo tornou-se tão escusado e eu ando ocupada o tempo todo, minha única terapia era ouvir as músicas da Gracie Abrams e me identificar com todas elas.
Eu já estou avezada com o frio, com as ruas enormes e com o sotaque deles. O cappuccino de caramelo daqui é muito diferente, se você entender telepatia traga alguns cappuccino para mim feitos pelo Christian.

Desculpa por ter levado a sua meia de crochê.

Querido e desolado amor Onde histórias criam vida. Descubra agora