— Helô... Helô... Tô entrando. — Stenio disse abrindo a porta da sala da casa dela que antes era deles e as lembranças invadiram a mente dele.
— Vai embora Stenio, saí daqui... Me deixa sozinha... — Ela disse encolhida no chão perto do sofá chorando.
Aquilo quebrou Stenio em infinitos pedaços, ele imaginou que ela pudesse estar mal, mas não dimensionava o quanto até aquele momento. Os arquivos espalhados pelo chão da sala, a casa toda na penumbra e ela sentada no meio daquele caos chorando. Tudo que ele queria era voltar no tempo e não ter falado aquilo pra ela.
— Desculpa, eu não quis dizer aquilo.... — Ele disse com os olhos marejados. O remorso estava consumindo ele.
— Você sabe o quanto é difícil pra mim ter que conversar com a mãe, os filhos, maridos ou algum familiar das vítimas e ouvir " ela era tão parecida com você.." — Ela disse chorando.
— Helô, por favor, me desculpa. — Ele ajoelhou em frente a ela.
— Eu poderia ouvir isso de todo mundo, menos de você.... — Ela disse olhando pra ele, dor era evidente, ele tinha destruído ela.
— Helô.... Eu sinto muito, com todo o meu coração. — Ele disse muito arrependido.
— Você acha que eu vou me perdoar se acontecer alguma coisa com a Drika as crianças e até a sua esposa por minha causa??? — Helô perguntou olhando nos olhos dele. — Você acha que isso não está tirando meu sono? Você acha que eu não tô tendo que lutar com tudo que eu tenho pra não sair por aí e comprar tudo que eu vê pela frente?
— Não, claro que não, eu só estava chateado... — Stenio disse.
— Você foi cruel. — Helô disse.
— Eu sei, por favor me desculpa... — Stenio estava como o coração na mão pelo estado dela. — Eu estava chateado quando disse aquilo, mas não é verdade....
— A questão é justamente essa, é verdade. — Helô disse ficando em pé. — Todo mundo pode morrer só por estar perto de mim, só por se parecer comigo, só por eu amar e a culpa é minha.
— Não Helô, não é, a culpa é desse maluco, você também é uma vítima. — Stenio disse.
— Vai embora Stenio. — Helô pediu.
— Não vou deixar você sozinha aqui, você tirou a sua segurança, tá aqui sozinha sem proteção esperando ele e eu não vou deixar, se você não voltar pra casa da Drika, eu não vou embora. — Stenio disse.
— É a mim que ele quer, então é a mim que ele vai encontrar. — Helô foi pro quarto dela e bateu a porta.
Ela ficou lá por horas chorando na cama, só de imaginar a filha, os netos e até a mulher do Stenio sofrendo alguma coisa por culpa dela, o medo tomava conta dela e fazia ela chorar mais até que ela pegou no sono. Era duas horas da manhã quando ela acordou, a fome foi maior, então ela foi ao banheiro e lavou o rosto, criou coragem pra ir na cozinha ver se tinha alguma coisa no armário pra comer, como ela estava na Drika, sabia que a geladeira estaria vazia e como era muito tarde, não queria pedir comida mas se não tivesse nada, teria que pedir algum lanche. Mas pra surpresa dela, quando ela abriu a porta, Stenio caiu no deitado no chão.
— Oi, que? — Ele disse acordando, ele estava dormindo sentado no meio da porta.
— O que você tá fazendo aqui? — Ela perguntou surpresa, a casa estava tão em silêncio, que ela imagino que ele tivesse ido embora.
— Eu disse que se fosse não fosse pra casa da Drika eu não ia embora. — Ele disse.
Helô ignorou ele e pulou por cima dele. Quando ela chegou na cozinha, pra surpresa dela tinha comida que ele comprou.
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The Hidden
General FictionA vida às vezes prega algumas peças na gente de maneira surpreendentes mas nem sempre milagrosas, Helô e Stenio aprenderiam isso da pior maneira.