dahlias

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1800, Londres.

A carruagem em que eu estava sentada balançava de um lado para o outro, provocando-me enjoos. Papai, o Duque Laviolette, arranjou-me um imóvel em Paris, a vibrante capital da monarquia francesa, para que eu pudesse expandir meu negócio, a doceria Cream Brûlée.

Ser mulher nesta época de hipocrisia é uma tarefa árdua, ainda mais sendo solteira, sem um casamento abençoado pelos deuses da paixão. Felizmente, meu pai é um homem de mente aberta para esses tempos limitados, sempre me incentivando a estudar e a ser independente.

Então, por que estou nesta carruagem? — Pergunto-me, em pensamento.

Simples: meus direitos são escassos. Por não ser casada, minha família, especialmente minha mãe, considerou um absurdo que uma jovem de 19 anos ganhasse uma doceria como presente de aniversário. As mulheres não possuem muitos direitos, especialmente se não forem casadas. Não podemos votar, possuir propriedades em nossos nomes após o casamento ou participar diretamente da vida política. Nossa existência é centrada no matrimônio.

Sou filha de uma família com oito irmãos, sendo uma das únicas três mulheres no meio dessa barbaridade masculina, ao lado de minha mãe e minha irmã, Rosalie Laviolette.

Meu pai, Edgar Laviolette, está abaixo apenas do rei por ser um duque da mais alta nobreza. Mas o que a sociedade britânica não sabe é que o sobrenome Laviolette está falido. Até mesmo ele, meu pai, enviou-me para Paris com a intenção de me casar com um homem da realeza parisiense.

Será que minha independência sucumbirá às exigências de um casamento arranjado? Ou conseguirei transformar meu destino e provar que uma mulher pode ser mais do que uma esposa? A resposta, talvez, esteja além dos limites desta carruagem oscilante.

— Henri.

— Sim, senhorita? — O cocheiro perguntou, já impaciente.

— Estamos chegando? Disseste-me que chegaríamos há duas horas.

— Estamos perto, senhorita.

Revirei os olhos, bufando. Não que fosse culpa dele eu estar presa naquela carruagem abafada que me sufocava e causava claustrofobia, mas odiava esperar. Não seria bem mais interessante cavalgar livremente, sentindo o vento acariciar meu rosto como um beijo apaixonado? Talvez fosse.

A única parte positiva deste teatro que seria a busca por um marido em Paris era o reencontro com a Duquesa-Viúva Nami, uma amiga que fiz em uma das viagens de meu pai.

Após horas sentindo dores na cintura pelo espartilho apertado, finalmente chegamos ao meu novo lar: uma enorme mansão, maior que as dos outros nobres vizinhos, uma ostentação da riqueza e status de minha família.

Apesar da imensidão da residência e das joias entre meus pertences, a tristeza ainda reinava e habitava profundamente meu coração.
Senti-me melancólica quando a água quente da banheira tocou minha pele. Talvez porque as lágrimas que escorriam pelo meu rosto não fossem quentes o suficiente para me aquecer. Havia um contraste doloroso entre essas águas; uma limpava meu corpo, enquanto a outra tentava, sem sucesso, purificar minha alma. Uma criada esfregava meus braços, outra separava o corpete, espartilho, chemise, petticoat, corset e os outros mil componentes do vestido que me faziam sentir como um balão de ar. A terceira preparava meus sapatos e pentes para o penteado.

— Estes vestidos franceses são horríveis, cheios de babados e completamente volumosos! Não vou usá-los!

— Senhorita Laviolette, o Duque disse que deveria seguir a moda de Paris — uma das empregadas respondeu, receosa.

— Meu pai? Ele é um tolo, vendeu-me para um casamento, do qual nem ele sabe com quem será! O Duque não entende a importância de sentir-se confortável com um vestido, ele nunca usou um.

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⏰ Última atualização: Jun 24 ⏰

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𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌 𝐁𝐑𝐔𝐋𝐄𝐄, vinsmoke sanji Onde histórias criam vida. Descubra agora