01. Primeira noite.

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Enquanto a chuva cairia em peso do lado de fora, Lucian estava no banheiro sentado em um banquinho de madeira ao lado da banheira. Havia trazido o corpo do garoto para dentro de sua casa e felizmente ele ainda estava vivo, agora o mantendo dentro de sua banheira enquanto desembaraçava o nó de seus cabelos extremamente embaraçados. Talvez não devesse ter o trazido para dentro, mas o que poderia fazer? Pensava, e pensava. O rosto daquele pequeno humano era como algo insosso, morto por dentro aliás de ter todos os traços humanos comuns algo dentro de si estava morto e em silêncio. Não havia reações para os puxões em seus cabelos que acidentalmente lhe eram puxados enquanto escovados, mas era evidente que sabia o que estava acontecendo em seu redor.

O maior enchia suas mãos com o condicionador mais uma vez e a passava em mais uma mecha, logo a escovando e repetindo o ciclo. Os pensamentos do que faria em seguir eram acompanhados com o som dos pingos da torneira pingando na água daquela banheira espaçosa e branquinha. "Será que isto é realmente o certo? Eu devo me envolver nisto? Agora não há mais volta." Pensava com cautela em se arrepender.
Ao final do desembaraço, cuidava dos cortes ao corpo do pequeno que se mantinha encolhido e imóvel, o deixando banhado e cuidado até o início da noite, quando a chuva finalmente eschiava. Lucian olhara pela janela e em meio a escuridão os cata-ventos eólicos ainda giravam, agora sendo possível ver a luz vermelha que piscava acima de suas élices, apenas estas coisas além dos pequenos pingos de chuva se eram vistas pela janela.

O maior guiava aquela pequena pessoa até a cadeira da mesa, observando que ele se movia lentamente e se sentava como o esperado. Seus cabelos castanhos escuros e agora lisos cobriam todo seu rosto que não muito grande, apenas seu cabelo ficará abaixo de seu peitoral usando roupas leves que lhe foram dadas. Lucian preparava uma mistura em frente à sua pia com ingredientes semelhantes a um mingau, o servindo para o garoto em uma tigelinha verde junto de talheres de prata, sendo uma pequena colher. O menor tremia sua coordenação enquanto agarrava a talher e a enfiava no mingau, a levando até sua boca enquanto o maior observava com cautela. Observa-lo lhe era considerado a maior missão em sua cabeça sabendo que qualquer coisa poderia lhe acontecer a qualquer momento. Quando o garoto percebia que não havia mais nada em sua tigela, era como se quisesse dizer algo mas não fosse capaz, juntava a tigela com ambas as mãos e a jogava com força contra o chão em frente à mesa fazendo o maior ficar impressionado com a agressividade. Mesmo sendo inesperado, Lucian, não tomava providências apenas limpando os cacos de porcelana do chão, os deixando no lixo da cozinha. A noite logo acabava com ele guiando aquela pequena pessoa para deitar-se no sofá de sua sala, ficando sentado ali até que o outro parecesse que estivesse dormindo para sim seguir para seu quarto e igualmente pegar no sono terminando aquele dia cheio de surpresas.

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