Sob o Olhar | Narol

3 - O plano em ação

"Sam! Sam! Espera!"

Reconhecendo a voz de Ulisses, Sam ficou tentado a apressar seus passos, mas eles ainda tinham que trabalhar juntos e ela supôs que tinha que falar com ele em algum momento.

"Sim Ulisses? O que você precisa?"

Finalmente alcançando-a, Ulisses estava ligeiramente sem fôlego. Ele se inclinou para a frente apoiando as mãos nos joelhos antes de se dirigir à mulher novamente.

"Ei. Então, eu estava me perguntando, sabe, se poderíamos gostar de sair e trabalhar novamente? Sabe, só se der? E, uhm, eu estava me perguntando se eu poderia perguntar algo a você?"

"Nossa, Ulisses. Você realmente tem um jeito com as palavras, não é?" Suas palavras estavam praticamente pingando de sarcasmo. "O que você quer me perguntar?"

O comentário de Sam passou completamente por cima da cabeça de Ulisses. Ele sorriu para ela genuinamente, se deliciando com o elogio que ele achava que tinha acabado de ter recebido.

"Bom, você lembra da foto da mulher no banco do parque? Eu queria saber se você talvez tivesse outra foto, ou se você poderia talvez tentar obter outra imagem dela? Só que Natália sequestrou meu último pedaço sobre ela e eu quero muito provar para ela que eu posso fazer isso, sabe? Faça justiça à imagem. Não sei, Sam, mas não consigo parar de pensar nela. E acho que posso fazer melhor do que aquela que Natália escreveu."

Sam teve que morder o lábio para não cair na gargalhada. Esse cara pensou seriamente que poderia sair escrevendo melhor que Natália Cardoso? Mas então a realidade da situação despertou sobre ela. Merda. Ambos querem a foto. E se ambos estiverem sentindo a mesma coisa? Sam percebeu que isso a colocava em uma posição um pouco estranha. Ela deveria estar trabalhando com Ulisses, mas Natália lhe deu uma ordem direta para trazê-la a imagem, se ela encontrasse a mulher novamente. No entanto, Sam também gostou de se divertir um pouco. E se ambos recebessem "acidentalmente" a foto? Ou se Ulisses simplesmente se deparasse com isso. Afinal, essas coisas acontecem. Principalmente, Sam só queria ver Natália desmontar Ulisses. Não é que ela tivesse algo contra o cara, era mais que havia poucas coisas mais sexy do que ver Natália em sua melhor forma. Sam respeitava muito Natália como escritora, e tinha grande amor por ela como amiga. Mesmo que o relacionamento delas nunca superasse a amizade, isso não era motivo para que Sam ainda não pudesse gostar de ver Natália toda irritada.

"Quer saber, Ulisses, estou mais do que pronta para sair com você novamente hoje. E eu vou ficar de olho nessa mulher em particular que você não consegue parar de falar. Não se preocupe amigo, você terá sua musa de volta antes que você perceba. Mal posso esperar para ver o que você escreverá sobre ela a seguir."

Ulisses não conseguia acreditar no quão legal Sam estava sendo. Ele tinha suas reservas em relação a ela, havia rumores de que ela era amiga de Natália, mas aqui estava ela, completamente pronta para ajudá-lo.

"Ótimo! Isso é ótimo. Deixe-me terminar algumas coisas e vou encontrá-la em uma hora?"

"Nos vemos lá."

Quando Ulisses virou a esquina no caminho de volta para seu cubículo, Sam finalmente deixou que seu riso tomasse conta de seu corpo. Dobrada, ela rapidamente engoliu sua risada quando um par de botas pretas entrou na vista no tapete à sua frente.

"Agora você tem que me dizer o que é tão engraçado."

A voz de Natália deixou Sam sóbria imediatamente. Ela puxou as costas para a direita e fez contato visual com a amiga, lembrando rapidamente que ela também era sua chefe.

"É só o Ulisses. Sinto muito por ele. Ele é tão totalmente obtuso, que só me dá vontade de rir. Vamos sair de novo hoje, a busca por sua senhora continua".