Torres subia o elevador, com meia duzia de desculpas deixou o homem para trás, precisava pensar e dizer coisas a Anita.
O caminho parecia demorado, ao mesmo tempo que havia sentido lugares específicos voltarem a vida, com um único selinho, Verônica tinha receio.-Antes que comece, eu sei.- Anita dispara, assim que vê a morena adrentar o quarto.
-Ta maluca? Eu poderia passar o resto do dia aqui reclamando na sua cabeça, e pra piorar tudo, temos que ir na praia com o suspeito.- Verônica solta em um fôlego só.
-Acabou? Eu sabia que ia vir com todos os cachorros na minha cola, mas pelo amor de Deus. Em que mundo você vive que casais não se beijam?- Anita responde no automático, se lotando de protetor solar.
-Desde que o meu mundo caiu. Eu vou refrescar sua memória, você me largou em um hotel, você decretou que jamais fomos um casal.- Verônica responde, se estava passando do nível profissional, não ligava. Queria que a loira se machucasse, ao menos 1% do que ela sentiu.
-Pelo bem da atividade em campo, escrivã, Verônica Torres. Mantenha o controle das suas emoções. Como fez questão de dizer mais cedo, não somos amigas e eu não tenho simpatia a quem não tenho vínculo.- Verônica se calou, esperando que a loira a deixasse sozinha, mas Anita não o fez.
-Mas meu amor, pelo seu padrinho, você é minha mulher por uma semana.- Anita chegou mais perto, pondo o dedo no meio do busto de Torres. -Se porte como tal.- Berlinger complementa, chegando próximo a orelha da morena. -Só por hoje.-
Como se nada tivesse acontecido, Anita terminava de se arrumar, colocar uma coisa ou outra em sua egobag. Verônica não ia dar o braço a torcer, se arrumou como se não tivesse em pleno desespero para sair das garras de Berlinger. Poucos minutos depois, Anita estava com shorts jeans, um biquíni vermelho e uma regata do flamengo. Verônica usava uma blusa do São Paulo, com shorts jeans para cobrir seu biquíni preto. O caminho teria sido em silêncio, se não fosse uma observação de Anita.
-Tira essa marra de policial, estamos aqui curtindo o Carnaval. E se tiver alguma necessidade de usar a cartada de casal, não quero que pareça uma adolescente.- Anita falava calma, fazendo uma trança pequena no topo de sua cabeça.
-Eu não sou adolescente, delegada. Eu sei me comportar.- Verônica responde entre dentes
-Ótimo, mais uma vez eu estou vendo coisa onde não existe, né Verô?- Anita rebate sarcástica.
-Marina, na frente dele é Marina.- Torres diz, Anita fazia questão de alfinetar, e uma coisa que a morena não tinha era paciência.
-Karina.- Anita da uma piscadela e toma frente ao sair do elevador. Jorge ja esperava as duas na porta do hotel, sua esposa e duas filhas o acompanhavam.
-Vamos logo, o pessoal tá dizendo que vai ter roda de pagode.- Jorge avisa, tomando a mão de sua esposa para si, ajeitando uma bolsa que levava nos ombos.
-Prazer, aquela hora eu estava com pressa então peço perdão. Me chamo Karina.- Anita diz com uma animação falsa, caminhando ao lado do casal suspeito.
Verônica que andava ao lado da loira, resolveu que era hora de juntar seus dedos. A eletricidade que percorreu ambos os corpos, fez um arrepio tomar conta das unhas de seus pés, aos fios de cabelo. Verônica não queria admitir, e nem iria falar em voz alta, mas sentiu que sua mão estava completa depois de muitos anos. Anita não iria dizer, mas era como estar de volta em casa, pelo menos chegou a porta.
-Bobagem! Me chamo Jorge. Essas são minhas filhas, Isabel e Helena. E essa aqui é o meu amor, Alice.- O homem de meia idade, com fios ralos e barba feita. Apresenta sua família. Uma mulher negra de meia idade, Isabel devia ter 5 anos e tinha traços do pai, ja Helena tinha 13 e puxava a mãe.
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Longe?
RomanceUma história onde um casamento foi desfeito, mas 11 anos não serão o suficiente para desfazer um amor eterno. Os sentimentos aflorados no meio do Carnaval, poderão mudar uma história complexa.