Café amargo.

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A noite para Verônica passou devagar, o sono veio de forma lenta, a torturando pouco a pouco. Começou como uma coceira, e foi piorando gradativamente. Pompom, somente em pensar na origem do apelido, a morena sentiu seus pelos acordarem.

-Obrigada, são minhas favoritas.- Anita falava baixo, seu coração se acendeu em ternura.

-Eu sei, você disse em algum momento durante a série que vimos ontem, dai eu resolvi comprar.- Torres falava apressada, a ansiedade de tentar comunicar o que era visto em seus olhos, deixou o sorriso da loira ainda mais ilumidado.

Anita entendeu em segundos, o que devia fazer. Colocando as tulipas que havia ganho ao seu lado do sofá, nada precisava ser dito, precisava ser demonstrado. Com todo o cuidado que a loira conseguiu reunir, beijou lentamente cada centímetro do rosto de Verônica, se permitindo demorar na pinta próxima aos lábios.

Verônica se sentia muito mais que completa, sentia os risos frouxos sairem involuntariamente. O que conseguia pensar era em quão próxima Anita estava, os lábios umidos tocando sua pele, os sentidos se perdendo em meio ao cheiro da loira, tudo a afetava.

-Deixa eu pegar o seu, só um minuto.- Anita se levanta, após deixar um selinho nós lábios de Torres.

Uma caixa foi entregue no colo da morena, em outros momentos Verônica riria pela caixa rosa, mas apenas sorriu com ternura, observando a loira se sentar a frente. Com animação, ergueu os olhos para loira ao seu lado que também sorria, e sem maiores enrolações, abriu a caixa. O ursinho era lindo, tinha um laço envolvendo seu pescoço, patinhas em coração e um nariz fofinho.

-Ai meu amor, eu amei.- Verônica diz com entusiasmo, abraçando a pelúcia logo em seguida, sentindo o perfume da loira invadir ainda mais seus sentidos.

-Que bom que gostou, é pra não esquecer meu cheiro nem se quiser- Anita diz, fazendo carinho na lateral do rosto de Verônica.

-Não ia esquecer, nem em outra vida.- Verônica responde, se sentindo uma adolescente.

-Descida o nome, e vamos sair logo! O trânsito deve estar um caos.- Anita apresa, voltando sua mão ao colo.

-Eu não sei! E não sei o motivo de querer sair bem no dia dos namorados.- Verônica rebate, ainda abraçada ao ursinho novo.

-Mas amor, é dia dos namorados. E eu queria te levar pra jantar.- Anita responde, ajeitando o próprio cabelo. Verônica não diz nada, resolve observar o ursinho em seu colo, e como o nariz parecia um pompom pequeno na ponta.

-Pompom, acho que combina com ele.- Verônica comenta.

-Eu concordo, agora vamos, vamos acabar perdendo a reserva.- Anita diz envergonhada, não queria que Verônica pudesse ter tempo de ver suas bochechas coradas, pompom era perfeito.

Verônica acordou com um barulho alto, mas não qualquer barulho, era uma musica. Resmungou baixinho, tatiou a cama e nada da loira. Com relutância abriu um dos olhos, cortinas abertas e malas arrumadas no chão. Quando se deu conta, notou que a música não era da rua, mas de dentro de seu banheiro. Anita Berlinger estava de pé.

-Nossa paixão foi muito curta
Ontem eu era o amor da sua vida
Hoje eu sou um filho da.- Verônica estava desacreditada, não era possível ser a voz da loira, ou era?

-Desgraçado, lixo, capeta e vacilão.
Eu fui, de vários nomes eu fui chamado por destruir seu coração.
Vai, vai, vai lembrar de mim, sim, meu anjo
Se, ahn, se não for de amor, vai ser de raiva.- Anita cantarolava na frente do espelho, com seu sotaque fortalecendo cada R das palavras que seus lábios soltavam.

Quando foi tomando consciência, abriu os olhos e se sentou rapidamente. Anita rebolava sem prestar muita atenção, se sentia melhor depois de uma ducha, sem ressaca o humor ja estava melhor. Torres observou Berlinger de cima a baixo, shorts pretos, top da mesma cor e cabelo molhado. O corpo se mexia na sintonia perfeita com as batidas.

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