O rei.

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Essa é a esquecível e questionável história de alguém.

Que, não era um soldado.
Não era um poeta.
Mas sim, um rei.

"Mas, rei de que?"

O Rei de tudo, o dono de nada.

Ele gritava, e ninguém o ouvia.
Ele chorava, e ninguém o via.
Ele procurava, e nunca achava.
Ele pensava, e nunca parava.

O rei, em sua sala sozinho, se perdia e se encontrava.

E foi assim, por um mês
Por um ano
Por uma década
Por um século
Por um milênio

E ele permanecia lá.
Estático, sozinho e odiado, assim como deveria ser.

Ele perdeu as esperanças.
Ele desistiu.

Já não gritava mais, pois ninguém ouviria.
Já não chorava mais, pois ninguém o veria.
Já nem sabia mais o que procurava.
Já pensou tanto, que cansou.

Mas, a sua solidão, nunca mudou.

Foi então que a poesia
Se tornou a fantasia
Daquela mente vazia
Que clamava e conduzia
Uma vida sem alegria

Em castelos distantes
Em situações maçantes
Em palavras desconcertantes
Em preces aclamantes
Á um rei sem ajudantes

Não rezava nem pedia
Não sentia e nem ria
Á liberdade não se permitiria.

O rei, de seu castelo nunca sairia,
Pois acomodado em seu trono, ele lentamente morreria.

Pássaros continuariam a voar.
Crianças continuariam a perguntar.
Tiranos continuariam a praguejar.

E o rei? Continuaria a se despedaçar.

Encontrou refúgio em palavras desconexas, que aqueciam seu coração tão desprovido de amor.

Por momentos, pôde ver uma pequena luz no fim do túnel... bem pequena, quase como um vagalume que debochava de sua cara.

Quem sabe em algum momento
Ele perceba o movimento
Que o trouxe até o assento
Escrevendo seu testamento
Cercado por paredes de cimento

Deixar o rei sozinho nunca foi o plano
Por mais hipócrita e profano
Pessoas o amavam e passavam pano
Até o ponto em que ficou insano
E proferiu vocabulário leviano

As pessoas não o abandonaram, ele as abandonou. Logo depois de se abandonar.
Como poderia se irritar com uma situação da qual ele mesmo se colocou?

Oh, rei, tão incrivelmente estúpido.

Irá perecer sozinho em sua sala, sem ninguém com quem compartilhar sua herança.

E então, seu corpo será encontrado uns 2 meses após sua morte.
Por que? Porque absolutamente NINGUÉM sentirá sua falta antes disso.

Irá se desfazer em ingratidão e desgosto, e então, a terra terá o desprazer de lhe reabsorver.

Só para o ciclo se repetir
Para outras pessoas de sua vida sair
Para outros bancos sentimentais falir
Para outras vezes em que no chão cair
Só para irrelevantemente partir

Mas, oras, sua vida não foi fácil, Majestade. Você fez outras pessoas sofrerem, mas e quanto ao que você sofreu?

Sabe, no fundo, sei que não é uma pessoa ruim. Apenas não teve tempo de encontrar seu caminho.

Rei, eu questiono muitas de suas ações, eu odeio muitas coisas sobre você, eu não esqueço o sofrimento que você me causou. Mas, sabe de uma coisa?

Eu perdôo você.

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