Refém.

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"Eu só quero me sentir normal de novo.
Quero fazer refeições acompanhado dos meus amigos.
Eu NÃO POSSO passar por isso novamente. Encontro meu conforto visualizando o fim."

Mas o que dói mesmo, é saber que as cicatrizes e objetos quebrados não vem de adolescentes sem sonhos,
Nem de olhos cansados e pele acneica,
Nem de repulsa ao nostálgico e afastamento emocional.

Vem de garotinhos que queriam ser super-heróis,
Vem de olhos brilhantes e pele macia,
Vem do cheiro de alho frito e shawn o carneiro depois da aula.

Me pergunto o que foi que aconteceu nesse período. É como se em um dia, eu estivesse no 4° ano brincando com slime e falando sobre um filme da Disney, e então eu pisco, e me encontro no chão do meu quarto, com uma bagunça ao meu redor, que só não é maior que a bagunça na minha atividade cerebral.

Será que foi culpa minha?
Será que foi alguma decisão errada que tomei?
Alguém fez isso comigo?
QUEM fez isso comigo?

Por que meu corpo dói tanto todo dia?
Por que não consigo mais me olhar em reflexos?

Por que tudo que me movia, se tornou tão entediante de repente?
Por que meus dentes travam, minha cabeça dói e minha voz se embarga só de ouvir um som?

Será que alguém notou?
Será que alguém PRECISA notar?
Tem algo errado, mas eu não sei dizer o quê.
Por que?
Por que?
POR QUE???????

Isso é o fim?

Sinto minha visão ficar turva
Sinto meu corpo tremer e se arrepiar
Sinto minha respiração falhar e meu coração gritar por socorro.

Estou me afogando em minha própria agonia, num lago negro de segredos nunca ditos, sem esperanças de que alguém me capture com os olhos e pule nesse fluído denso para me salvar.

Acordo no fundo desse lago.
Com frio, completamente sozinho, consumido pelo meu silêncio e refém das minhas próprias ações. Nada novo, pra variar. Será que...?

Não, não é o fim, mas eu desejaria que fosse.

"A ansiedade não é a causa, é só um sintoma."

Eu só preciso encontrar alguém que coloque minha cabeça em seus ombros, afunde as mãos em meu cabelo, e diga que eu só estou cansado, mas tudo vai ficar bem.

(Já que, aparentemente, eu não posso fazer isso por mim mesmo.)

De qualquer forma, não importa o quanto doeu.

Quem permitiu, fui eu.

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