𝑷𝒐𝒓 𝑸𝒖𝒆 𝒐𝒔 𝑳𝒐𝒃𝒐𝒔 𝑼𝒊𝒗𝒂𝒎?

Capítulo 1.

! Harper on
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Belleville sempre foi minha casa. As colinas verdejantes e as florestas densas que a cercam guardam histórias que remontam a gerações. Para os olhos inexperientes, a cidade é um retrato de tranquilidade e opulência. As mansões majestosas que se erguem ao longo da Avenida Duval são um testemunho silencioso das famílias que construíram suas fortunas aqui. Mas, para mim, Belleville é um emaranhado de segredos, e recentemente, meu próprio mundo tem se tornado cada vez mais complexo e sombrio.

Eu sou Harper Petterson, filha de Margot Petterson, uma das figuras mais influentes da cidade. Minha mãe sempre foi a personificação da força e elegância, uma mulher cuja presença dominava qualquer sala. Mas agora, ela está doente, e eu, que sempre fui a sombra dela, preciso assumir responsabilidades que nunca imaginei ter.

Acordo cedo, como de costume, vou direto para o quarto da minha mãe. A luz suave do amanhecer inunda o cômodo, mas não faz nada para aquecer o gelo que sinto no peito. Minha mãe está deitada em sua cama enrolada entre as cobertas e acabo por abrir um simples sorriso a ela.

- Bom dia, mãe. Como você se sente hoje? - pergunto, tentando soar mais animada do que realmente estou.

- Estou bem, querida - ela responde, mas sei que não está. As olheiras profundas e a palidez de seu rosto são provas do contrário.

- Mãe, eu sei que não está. - sento no canto da cama perto de seus pés.

Eu estava preocupada com minha mãe, ela só estava piorando e mal deixava eu cuidar dela porque segundo ela deveria ir a escola estudar. Mas como estudar com ela doente? Nem lá minha cabeça ia se distrair.

Aliás a única coisa que consegue me distrair são as aulas de violino e piano, acabo por gostar muito de música e minha mãe sempre incentivou eu começar, então acabo por dar um up a mais nesse meu "hobby". Mas me sentia muito sozinha da mesma forma.

- Hoje você precisa estudar música, nada de ficar aqui comigo! - me adverte.

Uma das cuidadoras de minha mãe chega de fundo com uma bandeja de café, me cumprimenta com um sorriso e diz: "bom dia madame". Retribuo o bom dia a ela e logo me volto a minha mãe.

Ela ajeita sua postura ficando sentada na cama também para tomar seu café, a cuidadora pega um apoio para minha mãe apoiar sua tijela de frutas e eu ajudo com isso. Minha mãe já estava perceptivelmente incomodada por eu estar a ajudando, já que acabara de falar para eu ir estudar música.

- Pela sua expressão eu entendi o recado. - Brinco com ela.

- Ótimo, então já pode ir. - Minha mãe diz sorrindo.

Saio do quarto ainda que relutante por deixar minha mãe ali, fico me sentindo mal por não conseguir fazer nada por ela.

Vejo minha irmã Catherine pelo corredor tomando café e em sua outra mão carregava uma papelada, parecia apressada mas mesmo assim parou para me cumprimentar.

- Bom dia minha princesa. - Catherine me diz com um sorriso no rosto. - Viu a mamãe?

Assenti com a cabeça.

- Sim, acabei de ver. - falo baixo, e com tristeza em minha fala.

- Não fique triste pela mamãe ok? Eu sei, é quase impossível mas tente pensar em outras coisas. É oque ela quer.

- Eu estou bem, sério. - minto descaradamente.

Os dias são longos e cheios de tarefas. Principalmente para Catherine que administra a propriedade da família é lida com as finanças, e eu tento manter a fachada de normalidade para o resto da cidade. De forma alguma quero que ela se preocupe comigo, só vai trazer mais dores de cabeça a ela.