Capítulo 6.

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! Harper on
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Quando termino de arrumar minha coisas para ir embora, começo pelo violino por ser mais caro que a cadeira. Entrando em uma caminhada de dois minutos começo a ouvir passos.

Viro-me rapidamente e vejo um jovem parado a poucos metros de mim. Ele é alto eu poderia chutar que ele é mais alto que Jack, com cabelos escuros e olhos azuis penetrantes, e parece tão surpreso quanto eu.

- Desculpe, não queria te assustar - ele diz com um sorriso que tenta desarmar a tensão do momento.

- Não, está tudo bem - respondo, tentando manter a compostura. - Eu só não esperava encontrar alguém por aqui.

Tento analisar ele todo, fora suas características visíveis, ele tinha corpo um pouco definido, seu moletom não me permitia ver mas pela largura de seus ombros eu conseguia chutar isso.

- Meu nome é Ethan. Eu sempre venho aqui na floresta. - ele explica, dando alguns passos em minha direção.

Ele estende a mão para me cumprimentar e acabo cedendo.

- Harper - respondo, ainda desconfiada.
- Você mora por aqui?

- Mais ou menos. Tenho andado por esses lados recentemente. Gosto do silêncio e da natureza.

Algo no modo como ele fala e no jeito que me olha me intriga. Há uma intensidade em seus olhos que me faz sentir exposta, como se ele pudesse ver através das minhas defesas. Antes que eu possa perguntar mais, ele aponta para o meu violino.

- Você é violinista?

- Amadora - digo, com um sorriso tímido. - Gosto de sentir a música, sabe?

- Isso deve ser interessante. Nunca ouvi o som de um violino de perto - ele diz, com um olhar para o instrumento.

A gente fica em silêncio por alguns segundos mas decido quebrar o gelo, afinal preciso ir para casa.

- Bem, muito bom conversar com você Ethan. Mas tenho que refazer essa trilha mais umas duas vezes e já está escurecendo. - Começo a caminhar. - Tenho que pegar uma coisa que deixei lá, porém minhas mãos já estão cheias.

Ele da um sorriso fraco como estivesse achando tudo aquilo engraçado.

- Eu te ajudo, vai. - Ele fala como estivesse de saco cheio sendo que em nenhum momento eu pedi para ele me ajudar. - É perigoso andar sozinha por aqui com todas essas coisas.

- Eu não pedia sua ajuda, Ethan - o confronto - pode deixar que eu pego.

Ethan ergue as mãos em sinal de rendição, mas o sorriso permanece.

- Ok, desculpe. Não queria parecer intrometido. Só pensei que poderia facilitar.

Suspiro, sentindo a irritação se dissipar um pouco. Há algo nele que me deixa em dúvida, curioso.

- Tudo bem - digo, mais calma. - Acho que poderia usar uma mão extra, se você realmente não se importar.

Ele sorri de novo, dessa vez com mais suavidade.

- Claro, Harper. Vamos.

Enquanto caminhamos de volta pela trilha, o silêncio entre nós é confortável. Sinto a presença de Ethan ao meu lado como um estranho alívio, apesar da desconfiança inicial.

- Você vem sempre aqui? - pergunto, tentando iniciar uma conversa e tentar saber mais sobre esse garoto.

Acho que agora que ando sempre por aqui é bom eu ter uma certa noção de quem passar entre essas árvores, afinal, caso eu precise de ajuda sei a quem procurar.

- Quase todos os dias. A natureza me traz paz. E você?

- Gosto de vir aqui para tocar violino e pensar. É um dos poucos lugares onde posso me sentir realmente livre.

- Entendo perfeitamente. Há algo mágico na floresta, não acha?

Assenti, olhando para as árvores ao nosso redor. Eu não sentia algo mágico, soava muito místico para mim e eu não tenho muito desse lado da jovem mística.

- Sim, é como se estivesse conectada a algo maior - começo pensar instantaneamente no meu amigo lobo.

Chegamos ao local onde deixei o restante das minhas coisas. Ethan pega a cadeira e alguns livros que eu havia trazido, enquanto seguro o violino com cuidado.

- Você gosta muito de ler? - ele pergunta, observando os livros em suas mãos.

- Sim, adoro. Livros me permitem escapar da realidade por um tempo.

- Acho que preciso ler mais. - Ele sorri, um pouco envergonhado - Passei muito tempo na floresta e menos em casa com livros.

- Nada errado em aproveitar a natureza. - Digo, dando um sorriso.

Com tudo em mãos, começamos a voltar para a saída da floresta. O sol está quase desaparecendo no horizonte, pintando o céu com tons de laranja e rosa.

- Obrigada pela ajuda, Ethan. Realmente fez diferença. - digo, sincera.

- De nada, Harper. Foi bom ter companhia. -Ele responde, parando na entrada da trilha.

- Talvez nos encontremos de novo. - Sugeriu, com um brilho de esperança nos olhos.

- Talvez sim. - Respondi, sorrindo. - Até mais, Ethan.

Ele acena, e eu começo a caminhar de volta para casa.

Após nosso breve encontro, volto para casa com a mente cheia de perguntas. Quem é Ethan e o que ele está fazendo em Belleville? E por que tenho a sensação de que nosso encontro não foi um acaso?

Quando chego, minha mãe está descansando no sofá. Ela sorri ao me ver, e por um momento, todas as minhas preocupações desaparecem. Sento-me ao lado dela, segurando sua mão.

- Você parece pensativa, querida. O que aconteceu? - ela pergunta, sua voz suave e reconfortante.

- Encontrei alguém na floresta hoje. Um rapaz chamado Ethan. Ele parecia... diferente.

- Às vezes, encontros inesperados são os mais significativos - ela diz com um sorriso sábio. - Talvez ele tenha algo a ensinar.

- Nhe, não diga besteiras mamãe. - digo a ela.

Ela sorri fraco para mim.

- Mas e o lobo? O encontrou? - minha me diz e se ajeita no sofá como estivesse animada para escutar sobre.

Êxito em falar sobre o lobo depois do que Catherine me disse.

- Não vi mais o lobo... - Digo a minha mãe.

- Ah que pena filha, mas agradeça por ter visto um de perto - ela diz.

Assinto, mas não consigo afastar a sensação de vergonha pela mentira que contei .

De volta ao meu quarto, enquanto organizo meus livros e coloco o violino no lugar, reflito sobre o encontro com Ethan. Apesar de ele ser um estranho, havia algo reconfortante em sua presença. Ele parecia entender a paz que eu encontrava na floresta e compartilhava desse sentimento.

Deitada na cama, deixo meus pensamentos vagarem. Talvez, apenas talvez, encontrar Ethan fosse o começo de uma nova amizade. E, de alguma forma, sinto que a floresta tem muito mais segredos a revelar.

Fecho os olhos, sentindo-me mais tranquila do que em muito tempo. O som suave das folhas ao vento me embala enquanto adormeço, sonhando com a floresta e seus mistérios.

𝑷𝒐𝒓 𝑸𝒖𝒆 𝒐𝒔 𝑳𝒐𝒃𝒐𝒔 𝑼𝒊𝒗𝒂𝒎? Onde histórias criam vida. Descubra agora