Em Busca de Sobrevivência • ³⁶

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𝘽𝙞𝙡𝙡

Estava aflito

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Estava aflito. Sentindo que entraria em pânico a qualquer momento. Meu irmão estava sentado no sofá, com a cabeça abaixada e encarando o chão à uns trinta minutos. Gordon estava em uma ligação no telefone e minha mãe saiu à procura de informações.

A situação estava feia e muito preocupante. Se não déssemos um jeito nisso, correremos perigo e o pior acontecerá.

Esmago a última bolsa de sangue em minha boca, onde apenas uma última gota molha minha garganta. Frustrado, jogo-a longe e volto a batucar os dedos no peito, deitado, olhando para o teto.

O som da notificação me pega desprevenido.

Droga.

Respiro fundo, pegando o celular e me sentando no sofá. Olho para meu irmão que esperava uma resposta vinda de mim.

── A Julietta está vindo ── ele bufa.

── É isso que acontece quando resolve sumir por quase três semanas e saindo de casa quando ela resolve vir
── revira os olhos.

── O que foi!? Queria que eu passasse essas três semanas com ela, correndo o risco de machucá-la??
── altero minha voz, sem perceber.

── Você não deixou que eu falasse com ela!

── Faria alguma diferença, Tom? Ela ficaria insistindo até que você desse uma resposta que a convencesse. Além de continuar vindo atrás de mim!

Demos um salto quando a porta de entrada foi aberta, Julietta parecia estar furiosa ao entrar e me encarar no fundo dos olhos. Engulo em seco e olho para o lado, mas Tom já não estava mais ali.

Ótimo.

── Pode começar ── diz, com sua voz calma e doce que tanto senti falta durante esse tempo.

── Não devia estar aqui, meu amor ── toco em seus ombros guiando-a em direção à porta. Ela gira seus calcanhares mas para ao ver que estava voltando para o lado de fora.

Ela me empurra, soltando-se de meus braços. Passo a mão pelo rosto sentindo uma dor de cabeça insuportável me invadir.

── Não! Você me deve explicações, Bill! Sumiu por três semanas, me deixou preocupada e agora está fugindo de mim? O que você tem!? ── se aproximando dois passos mais perto, o cheiro de seu sangue parece ter ficado mais forte. ── Por que seus olhos estão assim?

Seus olhos acompanham os meus, analisando-os milimetricamente.

── Eu... não me alimentei.

── E por quê?

── Estamos com um problema, Julietta ── fecho os olhos. ── Nosso estoque de sangue acabou, Tom foi até o Hospital mas foi pego escondendo as bolsas de sangue em uma mochila e a hipnose parece não ter funcionado com nenhuma das enfermeiras. O mesmo foi quando tentei de hipnotizar mas não funcionou. Achamos que... o sangue não está sendo o suficiente, eu não sei. Ligaram para a polícia assim que Tom tentou atacar uma das funcionárias, mas ele conseguiu fugir e agora precisamos sair daqui o mais depressa possível.

── Você só me conta isso agora!? ── ela arregala os olhos. ── Bill, não pode ficar sem comer!

── Por isso tentei ficar afastado de você! ── me viro de costas, andando de um lado para o outro. ── Seu sangue está me fazendo delirar!

── Então... ── gagueja. ── O que pretendem fazer?

Solto um suspiro, passando a mão em meu próprio pescoço ao sentir minha garganta arranhar.

── Gordon... está tentando algumas ligações de outros Hospitais mas estão todos... indisponíveis. Sem estoques de bolsas de sangue ou... ── suspiro. ── Estão todos fracos. Minha mãe saiu para ver se conseguia alguma coisa. Provavelmente viajaremos para um lugar mais afastados, para nos alimentarmos de outras coisas. Não podemos ficar desse jeito. E você não deveria estar aqui ── seguro em seus ombros levando-a para porta, mas ela recua outra vez.

── Mas o que vão fazer se não ser certo?

── Eu não sei, Litta ── abro a porta. ── Você tem
que ir.

── E por quanto tempo vamos ficar afastados? Bill, Tom está muito encrencado, milhares de viaturas devem estar por aí agora atrás dele, vocês não têem o que comer, acha que vou ficar tranquila assim!? ── diz me olhando nos olhos.

Aqueles profundos olhos castanhos.

── Vamos dar um jeito ── beijo sua testa.

── Quando você diz viajar... é para onde?

── Qualquer... lugar... ── respiro fundo quando a dor de cabeça passa a ser mais forte.

── Eu quero que me mande mensagem. Não some mais assim.

── Tá, tá. Fica tranquila ── seguro a maçaneta da porta, esperando para fechá-la.

Julietta segue parada no lugar por um tempo, talvez tenha percebido o quanto já estava impaciente e eu via a preocupação em seu rosto e a confusão em seu olhar. Mas a última coisa que eu tinha naquele momento era paciência para explicar tudo. Minha cabeça estava explodindo e seu sangue mexia com a minha cabeça. Talvez pela falta de costume, pois nunca fiquei próximo de alguém quando estou assim.

── E o que vai fazer em relação à escola? Os professores perguntaram.. -

── EU NÃO LIGO PARA PORRA DE ESCOLA NENHUMA! SÓ ESTOU NESSA MERDA POR CAUSA DO MEU IRMÃO E JAMAIS TERIA VOLTADO! TERMINEI ESSA DROGA JÁ TEM SÉCULOS E NÃO AGUENTO MAIS TER DE LIDAR COM NOTAS IDIOTAS QUE NÃO VÃO MUDAR EM NADA DA MINHA VIDA, ESTÁ ENTENDENDO!?! VOU CONTINUAR NESSA DROGA DE CAMINHO ONDE NÃO POSSO ESCOLHER SER QUEM EU QUISER E VIVER DE SANGUE! AGORA MANDA AQUELES TROUXAS SE FUDEREM E PARAREM DE QUERER CUIDAR DA MINHA VIDA!! ── vou empurrando suas costas até a saída do portão, sentindo meu rosto queimar.

Ela se vira para mim assustada e os olhos inundados, só então percebo a gravidade em que deixei chegar essa situação. Eu não sabia o que dizer. Obviamente tinha exagerado um pouco, não havia motivos para gritar com ela. A mesma já havia sido muito compreensiva e demonstrou preocupação comigo e só o que fiz foi descontar meu estresse nela.

── Já entendi ── sai num sussurro. Ela esconde as mãos no bolso do casaco e sai andando para longe.

── Julietta! ── grito por seu nome mas ela já estava longe demais para ouvir. ── Porra...

(...)

TRAÇA-ME | Bill Kaulitz (DESCONTINUADA) Onde histórias criam vida. Descubra agora