𝙎𝙞𝙣𝙤𝙥𝙨𝙚
━━━━ 𝐁𝐈𝐋𝐋 𝐊𝐀𝐔𝐋𝐈𝐓𝐙.
━━━━ 𝐓𝐎𝐌 𝐊𝐀𝐔𝐋𝐈𝐓𝐙.
━━━━ 𝐉𝐔𝐋𝐈𝐄𝐓𝐓𝐀 𝐋𝐈𝐍𝐃𝐒𝐄𝐘.
𝘽𝙞𝙡𝙡, um jovem rapaz - ou nem tanto - se muda para os Estados Unidos com sua família um tanto que peculiar aos olhos de outros. Poré...
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Eu desejava me explicar. Para que ela entendesse a situação. Que me perdoasse. Assim eu mostrasse o quanto a amo, e ouvisse minha palavras em quanto me odiasse. E eu contaria cada detalhe, buscar uma forma de fazer com que se apaixonasse por mim outra vez. E voltasse a me ver da forma que eu a vejo.
Espero demonstrar à ela, dessa vez, que amadureci. Mudei. Me arrependi. E que eu sinto muito.
Assim que bati os olhos nessa mulher, a vontade que tive foi de poder agarrá-la com toda minha vontade. Traçar meus beijos em cada extensão de sua pele, enquanto imploro por perdão e por um beijo de retribuição. Quero sentir o calor de sua pele, o calor que não tenho tido à muitos séculos. Desde que minha vida havia começado de verdade. O dia em que a transformação passou em meu corpo e eu me tornei uma criatura que jamais quisera ter se tornado. E eu odeio quem sou agora. Posso dizer que Julietta foi quem me ajudou a aceitar isso de uma maneira mais... fácil. Não que tenha acabado ou sido tão simples, mas gosto de pensar que ela foi e é ainda todos meus motivos e expectativas.
Retornando ao carro, estava aflito ao tentar buscar palavras para explicar o que tinha acontecido lá dentro. Como contar o que vimos? Ela morreria ali mesmo na nossa frente. O certo seria esconder? Contar e vê-la sofrer na nossa frente? Esperar dias? Semanas? Meses? Ela é muito insistente, seria impossível esconder, ela descobriria e me odiaria mais do que já odeia. Prefiro que fique sem falar comigo, do que passar a me odiar. Saber que a mulher que tanto amo e considero em meu coração, me odeia.
A garota estava estática no banco de trás. Virei o espelinho do carro em sua direção e durante todo o trajeto pela rua deserta e a noite chuvosa escura, a observei. Gravando cada traço seu que tanto senti falta durante esse meio tempo. Não reage, ou sorri, ou chora, pisca. Mal respira. Está encarando as montanhas pela janela do carro, as mãos em torno de seus joelhos e abraçando suas pernas, encolhida parecendo incomodada com algo.
── Está com frio? ── resolvo perguntar. Só o que ganho é um maravilhoso vácuo. Ela me ouviu. Sei que ouviu. Mas a essa altura, deve estar pensando em outra coisa e eu não a culpo.
Olho outra vez pelo espelho do carro, intercalando o olhar entre ela e a estrada. Sorrateiramente - mas que não me deixa passar despercebido - ela me olha através do espelinho, seu rosto é inexpressivo, mas pelas bochechas que parecem ganhar cor assim que a olho, entrega estar envergonhada.
Volto a atenção para a estrada e aguardo impacientemente as próximas duas horas de viagem dentro daquele carro abafado, cujo eu mesmo abri o vidro do carro para apoiar o cotovelo e tomar um ar fresco.
── E aí? O que vamos fazer agora? ── Tom passa a cochichar assim que notamos que ela havia dormido.
── E você vem perguntar para mim? Ela nem fala comigo, não quer saber do que tenho a dizer. Acho que você é quem está em vantagem aqui.
