°.Capítulo 2- O que tem na carta?.°

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Por que a carta era do meu pai? Ele tinha desaparecido! E o pior: minha mãe deve saber de alguma coisa. No dia que meu pai desapareceu: ela encontrou uma foto com um "X" vermelho na cara do meu pai e alguns bilhetes espalhados pela casa... Mas ela nunca nem sequer tocou no assunto.

Cheguei no colégio.

Passo pela identificação e vou pra biblioteca. Quando entro tem um garoto de capuz preto, lendo um livro. Só consigo ver sua mandíbula e mãos. Ele tem a pele branca. Vou até o fundo da biblioteca e sento em um espaço que tem entre uma prateleira e outra na parede. Pego a carta.

Está na hora de você saber, querida Hadassa. Diga para sua mãe que a hora chegou.

Com amor: pai.

Hora do que? Saber o que? Por que eles estavam escondendo algo de mim esse tempo todo? Uma lágrima escorre e eu a limpo. Mando foto do conteúdo da carta pra minha mãe.

- A senhora terá que explicar isso: querida mamãe. O que estão escondendo de mim? - Escrevo e envio a mensagem.

Depois o sinal toca e eu vou pra sala.

Começa a chover e faço menção de fechar a janela. Mas antes: vejo uma pena azul com os arredores pegando fogo... Ela pousa no meu colo e eu pulo de susto.

- Algum problema, Srta. Rothschild?

- Não, professora... - Agora todos estão olhando pra mim. Que ótimo.

Olho para meu colo e a pena está ali.

PEGANDO FOGO! Ai meu Deus!!! Tem algo pegando fogo no meu colo!!!

Algo me diz que ela não vai me queimar... Pego a pena e minha intuição estava certa. Ela não me queima. Como pode uma coisa dessa? Estou ficando louca? Preciso marcar uma ida ao CAPS. Guardo a pena no bolso.

Mas errada eu não estou né? Errado é o hospício que me liberou!

Esse pensamento me faz rir.

***

O sinal para o intervalo toca. Eu vou até a fila para pegar a janta. Sempre tem algo que se considere chique demais pra comer. Vou até uma mesa vazia e pego meu livro. Coloco ele ao lado da bandeja. Depois que termino de comer eu começo a ler.

Sinto o olhar de alguém me queimar. Olho para a direção onde sinto minha pele queimar.

Sebastian. O garoto de hoje mais cedo. Seus olhos estão fixos em mim. Acompanhando cada movimento. Cada gesto.

Melhor eu sair daqui.

Vou para a biblioteca e acabo pisando numa poça. Ao mudar de uma torre para outra. Ai que ótimo.

- De novo com os pés molhados?

- Parece que meus pés são imãs para água, tia Loren.

- Vai pegar algum livro hoje?

- Vou devolver esse. Já acabei de ler.

- Em 3 dias?

- Acredite: eu tenho dom pra ler livros.

- Qual vai pegar?

- Crepúsculo. - Entrego o livro e ela registra.

- Todo seu. Aproveite Hadassa!

Me sento lá no fundo. A iluminação amarela traz uma sensação de conforto e aconchego, combinado junto com o aroma familiar dos livros.

Meu celular vibra.

- Converso a hora que você chegar. Isso não é coisa pra falar por telefone.

Apenas reajo com o emoji "beleza" e guardo o celular. O mesmo menino do capuz entra na sala e se senta na mesa ao lado. É a mesma blusa que o Sebastian está usando hoje.

- Você está me dando um pouquinho de medo, Sebastian.

- Era esse o objetivo.

Ele tira o capuz e percebo seus olhos brilhando com uma certa diversão.

- Você realmente me deu medo agora.

- Só agora você percebeu eu te observava? Garota do pés molhados.

- Estava me seguindo? - Minha voz transmite mais surpresa do que eu imaginava. - Garota dos pés molhados? Fala sério.

- Não diria que "seguir" é a palavra certa. Você sempre está com os pés molhados quando chove. Esse virou seu apelido, não sabia?

- Pra falar a verdade: eu pensei que ninguém ligava pra minha existência.

- Você é uma completa desatualizada.

Faço menção de sair.

- Espera.

- O que o "grande Whertheimer" quer comigo?

- Nada.

- Então me deixa em paz!

Saio da biblioteca.

Não estou com ânimo hoje, pra aguentar pessoas me seguindo. Ele ainda continua me seguindo. Que ótimo.

- Qual é o seu problema, Whertheimer?

- Seu pai fechou uma parceria com meu pai.

Quando ele fala isso eu paro de andar e me viro pra ele.

- O que sabe sobre ele?

- Vai ser comunicado para a imprensa hoje. Em Londres. Ele apareceu... Parece que estava intocado na sede da Alemanha trabalhando em um novo projeto.

- Isso é sério?

- Claro... Que não.

- Seu idiota!

Continuo a andar e ele volta a me seguir.

- Claro que é verdade, sua bobinha. Você acha que eu iria mentir sobre seu pai?

- Sinceramente? Eu nem te conheço, então minha resposta é: sim. Agora me deixa em paz, Whertheimer.

Ele para de me seguir e entra em uma das torres.

Garoto estúpido.

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⏰ Última atualização: Aug 19 ⏰

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A Menina Dos Pés MolhadosOnde histórias criam vida. Descubra agora