Ele deve ser nomeado

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11 de Abril de 2002

GoldenPortLand, Colúmbia Britânica

   Em uma manhã de quinta-feira, John embarca no ônibus escolar, escolhe um assento para dois e reserva o espaço ao lado com sua mochila. Ao colocar os fones de ouvido e dar play em seu MP3, ele recosta a cabeça na janela e adormece. De repente, o garoto se vê em um lugar novo. — De novo não. —  diz John ao se ver nesse cenário mais uma de inúmeras vezes. No centro de um deserto noturno e sombrio, onde o horizonte é preenchido apenas por extensões infinitas de areia. Erguendo o olhar, depara-se com um céu estrelado, adornado por constelações que parecem vibrar com uma intensidade cósmica.

   Sem avistar vida alguma, John decide caminhar em busca de alguém. Subitamente, uma imensa tempestade de areia surge à sua frente, surpreendendo-o. Inicia-se uma corrida frenética, mas o garoto não é rápido o suficiente. A tempestade o alcança, derrubando-o ao chão e fazendo seus óculos caírem. Sem opções, John permanece deitado, protegendo os olhos.

   Uma voz grave ressoa em meio à tempestade. Emergindo como um eco distante, sussurra palavras enigmáticas que ressoam nos ouvidos de John como um segredo revelado pelo vento. 

   — John, ele deve ser nomeado! — exclama a voz imponente.

   Ainda no chão, o garoto tenta discernir a origem da voz. Pega seu óculos e lentamente se levanta. Ao colocar os óculos no rosto, percebe que não está mais no deserto, e sim, no meio de um incêndio em um lugar desconhecido. 

   — Quem eu tenho que nomear? — pergunta John, confuso.

   Uma luz dourada surge formando uma silhueta familiar em meio à fumaça do incêndio.

   — Apenas siga a luz! — ordena a voz. 

   Intrigado, John decide seguir a orientação misteriosa. Seus passos incertos em meio ao incêndio tornam-se cada vez mais pesados. Conforme se aproxima, ele sente um calor cada vez mais intenso.

   — Quem é você? — indaga o garoto à silhueta, que estende sua mão. John, hesitando, também estende a sua para segurá-la.

   — John, a gente já chegou! 

   — O que? — questiona o garoto, enquanto observa tudo ao seu redor se desfazer em partículas de fuligem, e subitamente, desperta no ônibus. A sensação de desorientação persiste, e ao seu lado, Will olha para ele com uma expressão curiosa.

   William Miller é o melhor amigo de John desde que se conheceram no primário. Will é um jovem extrovertido e leal, do tipo que mata e morre por você. Com cabelos castanhos e cacheados semelhantes aos de John, Will é um pouco mais alto que o mesmo. Ele joga no time de baseball da escola e é super fã de uma banda chamada "The Hot-Dogz".

   — Eae, John! Valeu por guardar lugar pra mim de novo. — diz Will com um sorriso no rosto, dando um tapinha amigável no ombro de John.

   — Ah... por nada. — Responde John, ainda meio sonolento, esfregando os olhos.

  — Vamos! — Will se levanta — Já chegamos na escola! — exclama, indo em direção a saída do ônibus.

   Os amigos descem do ônibus e caminham em direção à entrada do colégio. No trajeto até seus armários, a conversa casual continua, e Will, sempre antenado nas últimas notícias da cidade, traz um tópico interessante.

   — Ficou sabendo que o Bozzy invadiu um orfanato noite passada?

  — Claro! — John pega seus livros no armário — Ainda bem que J-Justice e Spike-Man estavam por lá. Eles são uma baita dupla!

Gotta Go FastOnde histórias criam vida. Descubra agora