Me chame pelo nome

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Will chega em sua casa. Na porta, ele retira os visores que recebeu de J-Justice, e os guarda no bolso da jaqueta antes de abrir a porta e entrar. O garoto é recebido por seu samoieda branco, Milu, que late e pula animado sobre o garoto. Will sorri, sentindo a língua do cão suavemente acariciar seu rosto enquanto ele faz carinho na pelagem macia.

   — E aí, garoto, ficou com saudades? — pergunta Will, sua voz carregada de afeto pelo animal.

   Ao entrar na sala, encontra seu irmão Steve no sofá, com um fardo de latas de refri e pacotes vazios de salgadinho. O rapaz está concentrado na TV.

   — E aí, Steve! — cumprimenta Will — Como você tá?

   — E aí, Billy! To de boa. — com seu olhar presunçoso, Steve olha para Will, notando que há algo estranho com ele — Por que é que você tá sujo desse jeito?

 — Eu… estava no meio de um incêndio, hehe! — responde o garoto entre risos constrangidos de maneira sincera, mas com um toque de sarcasmo.

 — Legal! — a feição confusa no rosto de Steve dá lugar a um sorriso presunçoso,  ele imagina ser mais um das histórias do irmão mais novo — Quase acreditei dessa vez. — diz, jogando uma lata de refrigerante para Will.

   Will agarra a lata no ar com precisão. — Valeu! — em seguida a abre e dá um gole, sentindo um gosto extremamente doce, ele olha para a lata em sua mão. — Refri de xarope de bordo? Isso é doce pra caramba, cara! — expressou, pondo a lata sobre a mesinha no meio da sala.

   — Qual foi? É edição limitada da Bolt Cola! Vai fazer desfeita mesmo?

   — Valeu maninho! Mas isso não é pra mim!

   — Não sabe o que tá perdendo, Billy! — diz Steve dando um gole na bebida.

   Em seguida, Will sobe as escadas. No segundo andar da casa, o garoto adentra o banheiro, fecha a porta e encara seu reflexo no espelho. A fuligem do incêndio adere à sua pele, e sem hesitar, ele se despe das roupas, deixando-as cair no chão. O som reconfortante da água do chuveiro preenche o ambiente enquanto ele se entrega ao calor revigorante, permitindo que a água leve consigo as tensões do dia.

   Entre as gotas que escorrem por seu corpo, as memórias do dia surreal ecoam em sua mente. Quase incinerado por um robô gigante, visões estranhas que desafiam a lógica, o despertar de poderes incompreensíveis e a gratificação de salvar vidas. — O que foi tudo aquilo? — questiona-se mentalmente — Não sei, só sei que foi incrível! Meus amigos vão pirar quando eu contar o que rolou! — pensa o garoto, cheio de entusiasmo.

   Após o banho, Will se envolve em uma toalha, seguindo para seu quarto para vestir roupas limpas. O estômago ronca alto. Ele coloca a mão na barriga, surpreso com a intensidade da sensação. Ele sente uma fome intensa, como se não comesse há dias.

Descendo para a cozinha, o garoto abre a porta da geladeira e, sem muita cerimônia, entrega-se à fome voraz, devorando tudo o que encontra pela frente. Sanduíches, restos da janta passada, frutas — nada escapa à sua ânsia de saciar a fome acumulada após correr quilômetros naquele dia louco.

   O irmão de Will entra na cozinha e se assusta com a voracidade do irmão. — Ae, maninho! Tá tudo bem? — indaga Steve, vendo seu irmão agachado de frente à geladeira com a porta aberta e devorando tudo.

   Entre mordidas apressadas, com a boca cheia, Will olha para o irmão. — Tudo ótimo, Steve! Só estou matando a fome. Isso aqui tá incrível!

   Steve observa, meio incrédulo, enquanto Will continua a explorar os sabores da geladeira.           

Gotta Go FastOnde histórias criam vida. Descubra agora