𝘾𝙖𝙥𝙞𝙩𝙪𝙡𝙤 4

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𝙅𝙪𝙣𝙜 𝙒𝙤𝙤𝙮𝙤𝙪𝙣𝙜

Depois de quase uma hora e alguns exames de sangue, o senhor Kim chega à conclusão prévia de que a Garota tem intolerância e sensibilidade à frango, mas apenas os resultados que saem em dois dias podem confirmar com certeza.

Ele medica a cadela e me doa alguns pacotinhos de ração úmida hipoalergênica. É um homem prestativo e de coração generoso.

E claro, fico grata por ele não ter perguntado sobre os hematomas no meu rosto. Não me sentiria confortável em ter que falar sobre o que aconteceu. É vergonhoso e humilhante demais para se dizer em voz alta.

Saio da clínica com a promessa de retornar com Garota daqui dois dias. Com ela nos braços, enrolada numa cobertinha que ganhei da recepcionista, caminho até o outro lado da rua e chamo um Uber pelo aplicativo do smartphone. Dez minutos para o carro chegar e acho que vou congelar de frio segurando a Garota.

- Você está melhor? - pergunto com um sussurro, fazendo carinho no seu focinho molhado. - Me desculpe. Nunca mais te darei frango, tudo bem?

De repente, uma van preta para na minha frente de maneira muito suspeita. Sinto o estômago embrulhar e um arrepio na espinha. Quando a porta traseira abre e dois homens usando preto saem de dentro, olhando para mim, por instinto de sobrevivência, eu acelero o passo e saio de perto, correndo.

Os homens entram na van de novo e infelizmente, não têm dificuldades em me seguir. Eles se aproximam e eu aperto a Garota nos braços, que começa a latir de forma descontrolada. Sem articular nenhuma palavra, um dos brutamontes me agarra com força pelo braço e tapa minha boca ao me enfiar dentro da van, que corre em velocidade para sei lá onde.

Meu Deus, eu fui sequestrada.

Mordo a mão do homem que ainda continua cobrindo minha boca, e isso o faz gemer e me soltar no mesmo segundo.

A Garota continua latindo.

- Você ficou doida? - ele grita comigo, me fazendo contrair a mandíbula.

Um dos homens ri, como se a situação fosse uma brincadeira idiota e eu não tivesse sido colocada dentro de um carro contra a minha vontade por estranhos.

- O que vocês querem comigo? - pergunto, olhando os três homens no banco de trás, mas não tenho respostas.

Quando noto que um deles está me encarando, olho de volta, mas o homem desvia. Ele parece meio loiro e tem a cabeça quase raspada, um olhar duro e pela expressão séria no rosto, sorrir parece algo impossível.

- O que vocês querem comigo? - pergunto de novo, dessa vez, quase gritando. Desesperada e tentando segurar as lágrimas.

Começo a arquitetar um plano de fuga e no momento em que o carro para num sinal vermelho, tento abrir a porta, mas ela está travada, é claro.

- Fique quieta - um deles fala, mas decido ignorar. Como vou ficar quieta em uma situação dessas? É minha vida que está em risco. Eu sinto em cada terminação nervosa do meu corpo.

Meto a mão na bolsa para pegar o celular e sei lá, enviar um pedido de socorro para minha melhor amiga Sun-Mi. Antes que possa encontrar o aparelho, o homem carrancudo de frente para mim, percebe meus movimentos e toma minha bolsa.

- Sem chamada de emergência - fala com a voz grossa, fazendo os outros homens rirem.

- Vai se ferrar - crispo.

O Homem Da Máfia - WoosanOnde histórias criam vida. Descubra agora