𝘾𝙝𝙤𝙞 𝙎𝙖𝙣
Entro na mansão onde cresci e guardo as melhores lembranças da infância. Nada mudou, a decoração ultrassofisticada com acabamentos opulentos são as mesmas desde que sou criança.
Caminho até o piano aberto no imenso hall de entrada e passo os dedos de leve sobre os teclados, buscando na memória a última vez que toquei o instrumento.
— Você costumava tocar tanto, bambino[3] — vovó fala ao descer as escadas. Em passos lentos, ela se aproxima de mim. Abaixo-me um pouco para que ela segure meu rosto e deposite um beijo na bochecha esquerda, depois na direita.
— Não sou mais uma criança, nonna[4] — digo, e é minha vez de segurar seu rosto enrugado e sem maquiagem entre as duas mãos. Ela está tão velhinha, os cabelos brancos são macios como algodão e tem um cheiro tão bom. Tem cheiro de lar.
É claro que ela me ignora e se entrelaça no meu braço, me conduzindo até a estufa nos fundos da casa. Chegando lá, dou de cara com a mamãe cuidando das hortaliças. Faz um frio de menos dez graus e a mulher está usando apenas calças jeans, cardigã, chapéu extravagante e luvas.
Com cuidado, me afasto da vovó e vou na direção dela, que ainda nem notou a minha presença.
— Omma, a senhora vai pegar um resfriado — digo e depois lanço uma olhadela para a moça que estava ajudando a cuidar das plantas, faço um gesto com a cabeça, que ela entende no mesmo segundo. A mulher entra em passos rápidos e vai buscar um casaco. — Ainda brava com seu filho? — pergunto, sugestivo.
De cara fechada, ela deixa o regador de lado, retira as luvas, colocando-as em cima da mesa de madeira próxima. Segura meu rosto com as duas mãos quando estou próximo o suficiente, em seguida, deposita um beijo caloroso em cada bochecha.
— Como posso não estar brava com você? — resmunga, me roubando um quase sorriso.
Ela ainda não se conforma com o fato de eu ter saído de casa. Eu sempre prezei pela minha privacidade e mamãe sempre gostou de me ter debaixo das asas, colocando juízo na minha cabeça e me dizendo o que não fazer. E claro, o que fazer.
Por sorte, a vovó não ficou tão ressentida com a minha decisão, mas às vezes, as duas dão uma bela dupla quando o assunto é família.
Antes que possa conduzi-la até dentro de casa, a moça surge com um casaco grande e acolchoado, que passo pelos braços da mamãe e fecho o zíper na frente, protegendo-a do frio cortante. Mesmo que ainda esteja brava comigo, ela me dá um sorriso doce.
— Vem jantar em casa hoje ou tem compromisso com as suas...
— Omma — interrompo em um tom de repreensão antes que ela vá longe demais.
A mulher é ciumenta e gosta do fato de eu estar aproveitando minha solteirice. Para mamãe e a matriarca, é claro, eu já devia estar bem-casado como o meu irmão e pensando em pequenos herdeiros. Se elas soubessem que depois de três meses de casados, YoungJae ainda nem tocou na esposa...
— Eu ia dizer amigas — fala na defensiva.
Vovó e eu rimos. Assinto, fingindo acreditar nas palavras dela.
— É claro. — Ofereço meu braço e mamãe se enrosca em mim. — Venho jantar com a família, não se preocupe.
Quando estamos próximos da porta que dá na direção da cozinha, vovó se envolve no meu outro braço e eu entro acompanhado das duas mulheres mais importantes da minha vida. Bem, existe Jisu, mas às vezes, eu a amo com a mesma intensidade que a quero longe de mim. Minha irmã mais nova é muito difícil de lidar.
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O Homem Da Máfia - Woosan
Fanfic"Não preciso ter bola de cristal para saber que San é o tipo de homem que quando quer uma coisa, vai lá e pega. O mandachuva exala poder e autoridade. E na real, eu nunca gostei de homens assim. Mas por que "ser dele" soa como um convite tão instiga...