Soberania

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—Preciso de um favor seu, Alastor, ou um contrato, daqui a algum tempo, quando Charlie crescer, preciso sair deste inferno

—Hum, e como eu ajudaria nisso–Ele cruza os braços, tentando esconder a repúdia por aquela mulher

—Seu poder, ou o poder de Lúcifer que reside em ti, será o estopim para isso ser feito–Ela o olha mais séria

—Meu contrato com Lúcifer era somente companhia, e ele teve minha alma em troca, mas não me deu poder algum

—Não é sobre o contrato, e sim a relação íntima que vocês dois dividiam ou dividem–A mulher explicou

—Como assim?–Alastor não havia intendido a informação

—Quando um anjo ama alguém que também o ama, uma pequena parte de sua energia divina é repassada para a outra a pessoa, isso significa que se tudo deu certo para ti até agora é porque o lado angelical de Lúcifer, Samael, roga por ti–Ela fala a última frase com desgosto

—Então...

—Você acha que toda essa sua sorte e poder foi por pura determinação e esforço? É claro que não, essa é a explicação para tudo isso, é como dizem, um homem amado tem tudo, não é mesmo?–Ela ri ironicamente

—Se você o amasse talvez tivesse tudo isso, na verdade isso que é irônico–Agora ele é quem ri, e a mulher se torna séria

—Nossa que engraçado...

—Pois é mesmo–ponderou ele

—Bom, era só isso, então, temos um contrato?–A rainha estende a mão

—Na verdade, já que está indo para o céu, eu quero uma coisa–O cervo a interrompe

—Sim?‐A mulher já estava nervosa

—Eu quero acesso a biblioteca celeste, Lúcifer me contou sobre ela uma vez e fiquei interessado–Ele a fita, esperando resposta

—Muito bem...irei arrumar isso para ti, agora, temos um trato?–Ela estende a mão novamente

—Temos um trato–Ele aperta a mão dela

As chamas púrpuras e verdes tomam o lugar, não queimando nada, mas deixando uma estranha sensação de tocar no fogo e não se queimar

O clima estranho some após as mãos se separarem, o trato estava selado

—Muito bem, era só isso que eu queria–A mulher some

—Que mulher mais grossa–Alastor se surpreendeu com a rapidez que a rainha se dissipou

Naquele dia seria a primeira reunião de overlords que iria, estava um pouco nervoso mas não o suficiente para deixar transparecer

Estava bastante arrumado, mesmo que não se importasse com opiniões alheias, estresse era algo que ele queria evitar

Como sempre andava na rua como um soberano e pela primeira vez, ele realmente era um

Ele chega lá e já é recebido a caras feias e infelizes, o pessoal não devia ser acostumado com pessoas novas

Mas foi bem recebido por Zestial e uma mulher de pele cinza, parecia ser uma canibal, Carmilla também veio e deu breves gratificações, e o resto só observava

—Oh sim, temperados com gergelim é muito melhor, misturado com alho, fica saboroso–a canibal batia palminhas enquanto falava

—Misture tudo isso com pimenta do reino e o resultado é divino–Alastor e a tal Rosie conversaram a reunião inteira

A reunião foi comum, por incrível que pareça, o assunto foi somente sobre ganhos e benefícios entre as relações dos soberanos com eles mesmos

Ou seja foi bem chata, mas até que achei uma amiga interessante aqui, Rosie era um doce de pessoa e ainda possuía os mesmo gostos culinários de Alastor

Depois de muitos anos, ele finalmente teria um amigo de verdade naquele lugar cheio de porcos e primatas

Um desses porcos era aquele Valentino, homem mais difícil de se conversar não há, ele não parece conseguir falar duas palavras sem conotação sexual e além disso seu temperamento problemático é o pior de suas características

Outra primata era Velvette, a menina era esnobe, uma garotinha que parecia sair direto do ensino médio para o inferno, era um pouco melhor que Valentino, mas também era temperamental

Havia o Vox também, particularmente, mesmo não gostando da tecnologia que se passou após seu falecimento, Alastor tinha um certo respeito pelo demônio TV, pois eram ambos do ramo de comunicação

Esses eram os Vees, era óbvio que ele nunca se meteria com eles, ou talvez estivesse enganado, até porque algo ocorreria de forma inesperada

—Olá, radialista–O demônio TV lhe disse

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Penúltimo capítulo antes do Time skip

Até o último resquício de meu ser-Radioapple Onde histórias criam vida. Descubra agora