Capítulo 02: Adolescência

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"Reino Unido, Londres
XX/XX/20XX

Depois de 10 dias desde a minha última 'conversa' com esse objeto inanimado, cá estou eu.

Posso ter protelado essa atividade por alguns dias.

Atualmente, minha rotina é: acordar, café, tomar banho, escovar os dentes, sair, trabalhar, faculdade, voltar, assistir televisão, dormir.

Normalmente, não há nada diferente disso nos meus dias. Sou um cara que gosta de manter uma rotina fixa, mas, talvez, essa mesma rotina todos os dias úteis e sábados seja um pouco enfadonha.

Os meus únicos dias livres das semanas nessa rotina são os domingos, mas eles são, sempre, todos iguais desde um bom tempo: assistir televisão de manhã até o anoitecer.

Eu acabo não tentando fugir dessa rotina porque os dias e as noites não apresentam mais tanta importância...

Porém, prometi a mim mesmo que faria um resumo da minha adolescência aqui. Só preciso forçar minha mente para lembrar os acontecimentos.

Minha turma manteu-se quase a mesma desde o começo ao fim. Isso pode ser visto como motivo para estabelecer uma relação semelhante a um vínculo familiar, mas, para mim, não foi, exatamente, dessa forma. Na verdade, eu odiava aquele lugar. Entretanto, embora não gostasse de lá, eu adorava ir todos os dias apenas para desdenhar dos outros e ver aqueles que chamei (e ainda chamo) de amigos, mesmo que eu negasse essa afirmação.

Além de meus fiéis companheiros Mark e Jon, e meu grande rival Edd. Na turma, havia um garoto chamado Tom. Particularmente, eu gostava dele durante a Key Stage 3*, já que compartilhávamos um gosto afim: As músicas do Elton John. Secretamente, fomos a um show desse cantor britânico juntos, todavia não nos falamos mais após aquele concerto.
*Key Stage 3 é um componente do sistema escolar britânico. Engloba do sétimo ao nono.

Naquele show, além de nós dois, uma terceira amiga foi conosco. Eu gostava daquela garota. Na verdade, eu amava aquela bendita garota. Tudo parecia ótimo entre nós três. Ela estava curtindo, eu estava curtindo, e o Tom estava lá, mas ele não importava o suficiente para mim naquele momento. Eu imaginei que conseguiria levá-la para minha casa naquela noite -sem segundas intenções, apenas tomar um sorvete juntos e conversar sem a presença de mais alguém atrapalhando. Entretanto, quando eu olho para o lado, Tom já estava enfiando a língua na boca dela. Fiquei abismado com aquela bendita visão. Meu coração partiu-se e, depois daquele evento, nunca mais falei com Tom, nem com a minha antiga futura esposa imaginaria. Por um certo tempo, agi de forma misógina devido aquele acontecimento e arrependo-me. Senti-me traído, mas ela não sabia que eu a amava, nem Tom. Talvez, se eu tivesse falado, as coisas seriam diferentes atualmente...

Entretanto, no final do show, consegui um autógrafo do Elton John que guardo até hoje. Uma longa história, mas foi uma experiência divertida no final. De repente, eu estava frente a frente com o meu grande ídolo.

Na idade adulta, tentei ter alguns encontros com mulheres. Todos fracassaram. Quase trinta anos e nunca beijei uma boca (apenas uns selinhos). Não tenho interesse em tentar ter encontros com homens. De qualquer forma, a última vez em que me apaixonei foi com aquela fã de Elton John e nunca mais isso aconteceu. Entretanto, falarei meus encontros com mulheres adultas depois.

Depois de Tom, continuando na Letra T, há Tord... Eu NUNCA gostei daquele sujeito. Eu o achava um egocêntrico! Aliás, ele sabia retrucar minhas provocações perfeitamente, então não era divertido provocá-lo. Além do Edd, ele possuía outros amigos, que eu não lembro o nome, na época de escola. Se eu não me engano, um deles chama-se Paul? Patrick? Pablo? Não me recordo. Há uns alunos, Tord deu-me uma razão para odiá-lo veementemente. Contudo, escrevo, detalhadamente, sobre isso depois, já que é uma questão muito difícil para mim. Eu não falava com ele, nem Mark tomava tal atitude, Jon era o único quem falava com Tord, mas ele falava com todo mundo, então não era surpreendente. Eu precisei educar o bobalhão do Jon a conversar apenas com as pessoas certas nos momentos certos...

Agora, não obedecendo o alfabeto, há Matt. Assim como Tom e Tord, ele era um dos melhores amigos de Edd, este que sempre foi uma pessoa popular, mas era fiel aos seus melhores amigos. Eu não gosto de pessoas bobas e Matt é o significado vivo da palavra "tolo". Ele se importava muito com a aparência dele durante a época de escola e depois dela, afinal, a mãe dele era uma modelo muito famosa na época de 80-90 que engravidou de um magnata. Matt viveu sob os cuidados da mãe apenas (pelo que eu descobri enquanto escutava uma conversa dos "três mosqueteiros").

Após ter meu coração partido em milhões de pedaços, eu me tornei um cara que tinha uma perspectiva poética e subjetiva sobre a existência humana; via beleza na melancolia, na tristeza e na solidão; e possuía um gosto musical alternativo. Ou seja, eu entrei na comunidade da subcultura gótica. Meus amigos não entendiam a minha forma de ver o mundo, mas nunca me abandonaram. Fiquei com esses ideais
até o final da Key Stage 4*.
*Key Stage 4 é um componente do sistema de ensino britânico que abrange o 10° e o 11° ano.

No fim da Key Stage 4, alguns alunos decidiram arrecadar dinheiro para organizar uma "Promenade dance", ou "Prom", isto é, um baile de formatura oriundo dos Estados Unidos da América. Eu não pretendia ir, porém, em apenas um dia de aula qualquer, Jon disse que uma das garotas consideradas mais bonitas adoraria ser chamada por mim para dançar, por isso, decidi dar uma chance para aquela baboseira. No dia da festa, comprei um buquê enormes de rosas vermelhas e vesti um terno velho do meu pai. Fui conversar com a garota e ela, simplesmente, disse:

'Bem, você é uma das opções que eu pensei por ser um cara diferente, mas é apenas a segunda opção, a primeira é o Edd... Eu achei esse seu gesto legal até. Flores são um pouco clichê e não possuem utilidade para uma garota como eu, mas eu até que gostei. Estou esperando o Edd chegar, mas, se ele não vier, podemos dançar juntos.'

Eu não a respondi e apenas sair de perto dela. Sentei-me em uma cadeira e comecei a refletir. Após alguns minutos, Jon aproximou-se e pediu desculpas por passar uma informação incompleta, mas eu não aceitei. Como resposta, eu gritei e acertei o nariz dele com um soco e sair correndo daquela festa. Fiquei sabendo que a acompanhante de Jon cuidou dele. Os dois até começaram a namorar por um tempo, mas ela precisou viajar para outro país, então eles perderam o contato. A namorada de Jon era, totalmente, diferente dele. Ela era uma fã de Heavy Metal, mas eles amavam um ao outro fortemente.

Arrependo-me por ter machucado Jon e gritado com ele naquele dia.

No final de minha adolescência, meus pais entraram com um processo de divórcio. Isso não me abalou emocionalmente. Por sinal, eu não cheguei a me importar. A partir daquele momento, eles começaram a me dar toda a atenção que eu desejava antes para demonstrar um ao outro o quão bom eram. Todavia, em minha era gótica, eu não queria atenção, apreciava somente o dinheiro dado por eles naquela época. Depois do divórcio, vivi com minha mãe, mas isso durou pouco tempo porque eu comecei a morar em uma república com os meus amigos posteriormente."

Eduardo's DiaryOnde histórias criam vida. Descubra agora