Linhagens - Safira e Lucien

Capítulo 8

Safira sorriu ao passar pela fila de advogados que aguardavam pela atenção de Muriel, eles não pareciam nada felizes com a "criança" que passava como se eles não existissem.

-Olá, minha pequena criança. Devo me preocupar com algum cliente novo seu? - Muriel perguntou, logo depois de dispensar o promotor com quem conversava.

-Não, Muri, está tudo tranquilo por aqui. Podemos falar em particular?

-Claro, eles podem voltar quando tiverem corrigido todos os erros que cometeram em seus processos.

As duas caminharam em silêncio até a cafeteria que ficava do outro lado do tribunal em que Muriel trabalhava, era um lugar bem receptivo aos linhagens, seguro para eles viverem até. Aqueles que encontraram seus companheiros e quiseram morar fora da Land acabram vivendo naquele bairro, a segurança, obviamente, era feita pelos linhagens e policiais locais, a cidade era aberta e nada impetia alguns visitantes de serem agressivos quando queriam.

-Então, a que devo a honra da vê-la com esse belo rosto longe das páginas dos livros? - Muriel perguntou depois de fazerem os pedidos.

-O que acontece com Lucien se eu afastá-lo? - Safira perguntou sem rodeios.

-Por que você faria os dois passarem por esse inferno?

-Ravi quer matar a mim, não a ele, e cansei de ver meu companheiro pisando em vidros por algo que nem pôde escolher.

-Essa decisão não é só sua, companheiros não se divorciam como os humanos, você sabe disso.

-Deve haver alguma maneira.

-E tem.

Muriel esperou calmamente o garçom colocar os pedidos na mesa e se retirar, antes de dar um longo gole no chocolate que havia pedido, enquanto Safira a olhava esperando que ela terminasse a frase.

-Você vai me fazer perguntar qual é? - Safira questionou impaciente.

-Mate-o, se você terminar com Lucien é só matá-lo, vai ser a mesma coisa de qualquer jeito.

-Eu não vou matar meu companheiro!

-Pensei que fosse isso que estivesse tentando fazer.

-Estou tentando proteger ele.

-Sua solução e a minha vão dar o mesmo resultado, a diferença é que vai ser mais rápido e menos doloroso pra Lucien se você for pelo meu caminho - Muriel deu de ombros - Escute, não estou tentando convencê-la a puxar uma arma para seu companheiro, quero que lembre que Valentina quase matou Laurent por negá-lo apenas por um ou dois dias sem ter um terço do convívio e vínculo que vocês dois possuem. 

-Lucien não é igual ao pai dele.

-Não, não é. Sabe o que Lleaud me contou sobre o resgate de vocês? Lucien não lhe soltou em nenhum momento, isso até foi bom para o sequestro porque era menos uma criança para amendrontar, se lhe ameaçassem, Lucien obedeceria, simples assim. Ele era apenas uma criança quando vocês se encontraram, você ainda mais, mas não muda o fato de que ninguém foi capaz de tirar dos braços dele além de Valentina. Você acha que esse comportamento mudou ou diminuiu depois de anos?

Safira não respondeu, sabia que a mulher estava certa e foi por essa razão que havia procurado Muriel, a shifter não se importaria em falar a verdade para ela, independente do quanto achasse que doeria.

-Encontre Lucien, converse com seu companheiro, tire essa história maluca da cabeça e, o mais importante, mostre a Ravi com quem ele mexeu. Você tem um pouco de cada linhagem dentro de si, Rage e Amy são seus pais de coração e no papel, mas você cresceu na casa de todos nós, puxou alguns hábitos, qualidades e defeitos que posso ver em cada linhagem próximo a mim e aos meus companheiros, mostre ao Ravi quem a criou e quem você se tornou, estaremos todos aqui se precisar de ajuda, mas afastar Lucien não é uma opção.

-Obrigada, Muriel.

-Não precisa agradecer, vá para casa. Storm me avisou que você viria e estou aguardando alguns contatos que podem trazer notícias sobre o que Ravi está aprontando, você será a primeira a saber se eu tiver alguma novidade, enquanto isso...

Um tiro fez as duas encerrarem a conversa e se virarem para encontrarem um humano em roupa casual deitado e sangrando enquanto uma cópia de Safira olhava para elas com um sorriso simpático no rosto.

-Olá, maninha - a desconhecida cumprimentou.

Alguns linhagens desconhecidos apareceram para levantar e algemar o homem que sangrava no chão. A desconhecida se ajoelhou na frente do homem e tirou a arma do cinto que prendia sua calça.

-Eu avisei ao tenente para não me deixar em paz e não mexer com Safira ou Sun, mas ele não me ouviu, não é Clay?

-Quem são vocês? - Muriel perguntou, arma apontada pra desconhecida.

-Entreguem suas armar para a sra. Johnson e a obedeçam, não se preocupem, elas não nos farão mal algum.

Todos obedeceram a ordem da linhagem estranha e ela fez o mesmo que ordenou a eles. A essa altura as pessoas já haviam corrido para longe e a polícia e os linhagens que faziam a segurança do lugar já estavam cercando o lugar.

-Você não me respondeu. Quem são vocês?

-Eu sou Jade, o homem ao meu lado direito é meu esposo Romam e ao lado dele são nossos amigos, Sylus e Anya. Não precisa continuar apontando sua arma, Muriel, eu e Anya estamos grávidas, Sylus e Romam não vão começar uma briga que nos colocaria em perigo.

Muriel não conseguiu confirmar aquela informação, eram muitos cheiros ao redor pra que ela conseguisse focar apenas em dois.

-Ela está falando a verdade - Safira confirmou, falando pela primeira vez e guardando sua própria arma, não sabia como tinha certeza disso, mas tinha - Ele precisa de atendimento médico e ser interrogado, precisamos sair daqui para que eles possam trabalhar.

-Nós não os conhecemos - Muriel refutou.

-Não, mas acabaram de salvar minha vida. Vocês se importariam de serem revistados antes de irmos para a Land? Seria mais seguro lá.

-Sem problema algum, faremos da forma que vocês preferirem, sabemos que não machucam inocentes, muito menos companheiras - Romam falou pela primeira vez.

-Vou avisar Lucien e Laurent da nossa chegada com os convidados, Lleaud está chegando em dois minutos.