Capítulo Quatro

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O som estrondoso da porta da frente sendo arrombada ecoou pela casa, fazendo o coração de Junko disparar. Instintivamente, ela agarrou o pequeno garoto pela mão e correu para o quarto mais próximo, em um esforço desesperado para proteger seu filho de seis anos. Amedrontada, abriu o roupeiro e fez sinal para que ele entrasse.

— Fique quietinho aqui, meu amor. Não importa o que aconteça, não faça barulho — sussurrou ela, com os olhos cheios de pânico.

O menino, compreendendo a gravidade da situação, tampou a boca com as duas mãos para sufocar qualquer som que seu choro pudesse produzir. Do outro lado da porta, Junko podia ouvir os invasores se aproximando, suas vozes agressivas e passos pesados invadindo o espaço que antes era seguro.

A mãe saiu do quarto, tentando ao máximo distrair os invasores para longe do esconderijo do filho. Os disparos ressoaram pela casa, cada um mais ensurdecedor que o anterior. Clara gritou, implorando por misericórdia, mas sua voz foi silenciada abruptamente.

O garotinho no escuro do roupeiro, tremia, tentando ignorar o terror que o cercava.

De repente, um silêncio pesado se instalou na casa. O menino quase se permitiu respirar aliviado, mas logo ouviu passos pesados aproximando-se do quarto onde estava escondido. A porta do roupeiro se abriu com um rangido, e a luz que entrou revelou a silhueta de uma mulher vestindo um taje. Seu capacete refletia a luz, mas sua presença emanava uma estranha sensação de segurança.

Ela estendeu a mão para o menino, que, hesitante, a segurou.

— Venha comigo, pequeno. Você está seguro agora — disse ela, sua voz soando acolhedora apesar do modulado do capacete. Com cuidado, ela o levantou e o segurou firmemente. — Feche os olhos e não abra até eu mandar!

Pediu ela, enquanto saía do quarto. O menino obedeceu, confiando na estranha figura que o carregava.

Enquanto atravessavam a sala de estar, o garoto não resistiu à curiosidade e abriu os olhos por um breve momento. O horror o atingiu como um soco no estômago. Corpos encapuzados estavam espalhados pelo chão, e entre eles, os corpos inertes de seus pais. Lágrimas brotaram instantaneamente, mas ele se obrigou a fechar os olhos novamente, apertando-se contra a mulher que o carregava.

Ela sentiu o movimento, segurando-o mais firmemente: —Estou aqui, você está seguro — repetiu ela, saindo da casa e levando o pequeno garoto consigo com uma promessa de proteção e segurança.

____

Ren despertou com o som estridente de seu celular tocando. Meio grogue, esticou-se na cama para pegar o aparelho na mesa de cabeceira. Ao desbloquear a tela, viu um lembrete piscando: "Prova de roupa para o evento na FDK - 13h". Suspirou, desligando o alerta e aproveitando o silêncio matinal, permanecendo deitado. Seus olhos se fixaram no teto, observando as sombras que dançavam suavemente com a luz que penetrava pelas frestas da cortina.

Ele sentiu o leve peso de Sox, seu gato robótico, subindo na cama. O felino com movimentos surpreendentemente fluidos e naturais, caminhou até se acomodar ao lado de Ren.

— Parece que você teve um pesadelo, Ren — comentou Sox, suas lentes brilhando em um tom azul suave enquanto fazia uma rápida análise dos sinais vitais do dono.

Ren virou-se para o gato, ainda sentindo o corpo meio preso pela preguiça matinal.

— Não tive... — murmurou, sua voz carregada de sono. — Só acordei com o barulho do celular.

Sox inclinou a cabeça, um gesto quase humano que Ren achava intrigante: — Sua frequência cardíaca estava elevada e houve atividade neural intensa, típicos sinais de um pesadelo. Quer conversar sobre isso?

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⏰ Última atualização: Jul 24 ⏰

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O Príncipe Da Farsa • Kenji Sato Onde histórias criam vida. Descubra agora