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🚨 TW: Abuso sexual e psicológico. Se não se sentir confortável lendo, avisarei quando puder voltar a ler.

Oito anos atrás.

CHARLOTTE SARMIENTO

Eu observei escondida a mamãe e o papai, já que eles estavam na cozinha. A minha mamãe estava encostada na ilha da cozinha enquanto o meu papai estava agarrando ela pela cintura enquanto ela se contorcia, tentando se afastar.

— Não, James. Eu não quero. — Vivian disse. Eu me mantive quieta para que eles não percebessem que eu estava ali, observando tudo. Meu pai continuou a beijar seu corpo e a tentar tirar a sua roupa. Eu arregalei os meus olhos, sentindo o meu corpo tremer e um medo intenso me invadir.

Eu preciso voltar ao meu quarto. Mamãe e papai brigariam comigo se descobrissem que eu vi isso. Será que eu vou ganhar um novo irmãozinho? Ele seria herdeiro e o próximo marquês, já que o correto é que eu não posso ocupar este cargo por ser menina. Ou uma nova irmãzinha? Eu amo bebês, eu tenho uma coleção de bonecas de bebês. A mamãe e o papai são padrinhos de uma neném muito linda, eu cuido dela às vezes quando os adultos estão bebendo. Ela tem dois aninhos.

Quando eu virei meus calcanhares para sair dali, eu ouvi um barulho de tapa e o meu pai brigando com a mamãe. Eu engoli em seco e saí correndo em direção ao meu quarto. Minha respiração estava ofegante e eu agarrei o meu ursinho de pelúcia, o Benny, e me cobri da pontinha do pé até a cabeça.

Não demorou muito tempo para que eu adormecesse.

(...)

— Porra, Vivian. Você não é capaz nem de gerar outro filho. — ouvi o papai gritar com a mamãe. Eu estava no meu quartinho, brincando de chá da tarde com o senhor Benny, a senhora Pompom e a senhora Pipoca. — É sempre essa merda de aborto instantâneo.

— Eu não tenho culpa! — ouvi a voz da mamãe gritar de volta. — Nós já estamos velhos para sermos pais, James. Já temos a Charlotte, não precisamos de mais outro filho... Daqui a pouco morreremos e não poderemos ver o casamento dela.

— É lógico que poderemos. Ela vai casar com o filho do Pablo quando fizer dezoito, já está tudo arranjado. — James gritou. Eu arregalei os meus olhos e encarei o senhor Benny, o meu ursinho de pelúcia. Peguei-o, agarrei ele como se a minha vida dependesse disso, e fui atrás dos meus pais. Saí do meu quarto e corri pelo corredor em pequenos passos, indo em direção ao quarto dos meus pais.

— Mamãe? Papai? — eu murmurei. Abri a porta e os adultos se assustaram, mas mamãe continuou no lugar dela, limpando o rosto e o papai veio na minha direção, me pegando no colo. — Por que vocês estavam brigando?

— Não estamos brigando, querida. — papai disse com um sorriso fechado no rosto. Ele ajeitou o fio de cabelo louro caído no meu rosto e deixou um beijo na minha testa. Mamãe observou a cena e rapidamente veio me pegar do colo dele, fazendo com que ele reclamasse mais ainda. — Você sabe onde a empregada está?

Eu enruguei a testa e balancei a cabeça em negação.

— Não, papai. Eu estava no meu quartinho tomando chá com o senhor Benny. — eu respondi. O mais velho ergueu uma das sobrancelhas e cruzou os braços rente ao peitoral.

ineffable, héctor fort.Onde histórias criam vida. Descubra agora