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CHARLOTTE SARMIENTO

Papai me encarou de relance como se dissesse "te matarei após esses policiais irem embora". Lágrimas eram derramadas dos meus olhos de forma descontrolada enquanto o Héctor estava me abraçando.

O saco com o corpo da minha melhor amiga era carregado por dois homens enquanto a detetive fazia perguntas ao meu pai. A cena da raquete sendo acertada diversas vezes na Margarida vinha à todo instante na minha mente como flashbacks, era como um castigo, castigo esse que me torturava toda vez que eu piscava.

Era minha culpa.

Maggie estava morta por minha culpa. Eu deveria ser presa, mas por que não tinha coragem o suficiente para me entregar?

Porque não foi somente minha culpa. Eu pensei.

Mas se eu não tivesse...

— Charlotte. — ouvi me chamarem. A voz séria e feminina ressoou em meus ouvidos, era como se ela soubesse que era minha culpa.

"É culpa sua, Charlotte. Você só pensa em si mesma e no que o psicopata do seu pai pensa." As palavras da minha falecida melhor amiga ressoaram em minha mente.

Eu estava ficando louca.

— Sim? — eu murmurei. Engoli em seco e fui atingida por milhares de perguntas.

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Atualmente.

Encarei o farto prato de comida e senti um embrulho atingir o meu estômago. Eu não conseguia sentir fome, acho que estava me culpando por trair o meu futuro marido. Papai não sabia, mas seria questão de tempo até ele descobrir e me castigar.

Eu não gostava nem um pouco dos castigos dele.

O silêncio na sala de jantar era ensurdecedor, mas a empregada surgiu quebrando-o enquanto retirava a mesa. Levantei somente os meus olhos e encarei-a, cabisbaixa.

— Eles não virão tomar café da manhã? — eu questionei, já sabendo a resposta. A mais velha me encarou com pesar e balançou a cabeça em negação, caminhando em passos apressados até se retirar do local, se poupando de dar mais respostas dolorosas.

Não vi mamãe em casa nessa semana, talvez tenha ido para suas colônias de férias. Pelo contrário de meu pai, que só vi duas vezes, mas de forma rápida.

Mas tudo bem, não é nada que eu não esteja acostumada, certo? Era só mais um dia normal na família feliz Sarmiento. Eu não aguento mais viver nesse inferno astral, mas eu não tinha escolha.

(...)

Pablo estava agarrado em mim como um carrapato e isso estava começando a me estressar, isso às vezes pesava a minha consciência também, já que uma namorada deve amar o toque físico do amado, mas eu não, não conseguia gostar do toque físico dele. Margarida estava ao nosso lado junto com o Balde, e nós quatro conversávamos sobre a festa que eu darei na minha casa. Estávamos na área externa da escola, deitados no mato aparado e verde.

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⏰ Última atualização: Oct 05 ⏰

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ineffable, héctor fort.Onde histórias criam vida. Descubra agora