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HÉCTOR FORT

Eu estava conversando com o Cubarsí sobre o colégio novo que entraríamos junto com a minha irmã caçula, a Melinda. Estávamos em uma resenha com o Pau Prim, Marc Guiu e mais alguns amigos do time. Me disseram que o Gavira e o Balde não vieram porque estavam estudando para as provas.

— Ouvi dizer que a filha do marquês estuda nessa escola. — Cubarsí disse. Lamine nos encarou curioso e sentou ao nosso lado, jogando as pernas para cima das minhas coxas. O zagueiro mostrou a foto da garota de fios de cabelo louro escuro e eu entreabri os meus lábios, surpreso pela beleza dela.

Além de bonita, é gostosa.

— A filha do marquês não é a namorada do Gavira? — o mais novo entre nós questionou. Ergui uma das minhas sobrancelhas e um sorrisinho divertido surgiu no canto dos meus lábios. Pau me conhecia como ninguém, já que me encarou com seus olhos de julgamento. — Ela é chata para caralho. Não é atoa que o Pablo trai ela.

— Então é passe livre? — eu disparei. Os meus amigos me encararam rapidamente, assustados, e eu me mantive inexpressivo, aguardando a resposta. — É só para comer. Se essa garota aceita chifre do Pablo, com certeza aceitaria ser comida.

— Ela só namorou com o Gavira até hoje, cara. Nunca viram ela com outro garoto... Sem contar que ela deve gostar só de herdeiro. — Guiu disse. Traguei a fumaça de uva verde do meu vape e soltei-a. Alinhei meus lábios e meus ombros subiram e desceram em indiferença. Patricinhas não transam com alguém de classe menor que a delas até de fato conhecer alguém de classe menor que a delas.

— Vocês ainda duvidam de mim? — eu questionei sendo sarcástico. Os meus colegas de time se entreolharam e assentiram, rindo.

— Cara, a gente sabe que você sempre consegue o quer, mas a filha do marquês? Isso é impossível, ainda mais que ela namora com o nosso amigo. — Pau Prim disse por todos os nossos amigos. Eu revirei os meus olhos e traguei novamente o meu vape. — Talvez em outra vida, mano.

— Vocês apostam quanto que eu vou comer a marquesinha e ainda vou gravar? — eu perguntei. Um alvoroço foi causado no meu grupo de amigos e eu instantaneamente sorri, satisfeito com isso.

(...)

Coloquei a minha mochila ao lado de uma mochila rosa e quando eu ia me sentar, uma voz feminina me chamou, me repreendendo de fazer aquilo.

— Vaza, Héctor. — Charlotte ordenou. A garota se aproximou de mim, me empurrando para o lado e jogando a minha mochila no chão. Estávamos somente nós dois, acredito que pelo horário. Eu opto por chegar cedo para conseguir pegar um lugar bom.

Isso soa até meio estranho, mas eu já quase repeti de ano uma vez e não quero que isso aconteça novamente.

— Pega. — eu mandei de volta.

— O quê? — ela questionou desacreditada. A marquesa soltou uma risada curta e balançou a cabeça em negação. Puxei-a pelo braço e ouvi os seus resmungos.

— Pega logo a minha mochila, filha da puta. — eu repeti. Charlotte me fuzilou com os olhos e endireitou a postura, me encarando firmemente em uma disputa de ego silenciosa. Me aproximei da loura e ela continuou de cabeça erguida. — Pega a minha mochila, Charlotte.

ineffable, héctor fort.Onde histórias criam vida. Descubra agora