011/ À beira do Abismo

116 15 6
                                    

Trinta e cinco dias haviam se passado desde que Alvin entrou em coma. O quarto do hospital parecia perpetuamente mergulhado em uma luz tênue e silenciosa, onde o som dos monitores e dos aparelhos de respiração artificial preenchia o ar com uma melodia mecânica e incessante. David, Simon, Theodore e as meninas se revezavam, mantendo uma vigília constante ao lado de Alvin.

Naquela tarde, era a vez de Simon. Ele estava sentado ao lado da cama, os olhos fixos no irmão. A mão de Alvin, fria e imóvel, estava segura na dele. Simon frequentemente olhava para o monitor cardíaco, observando o ritmo constante, como se isso pudesse dar-lhe algum conforto.

David entrou silenciosamente no quarto, colocando a mão no ombro de Simon. O garoto olhou para cima, encontrando o olhar cansado e preocupado do pai adotivo.

- Simon, você pode ir para casa agora. Vou ficar aqui com Alvin - disse David, tentando sorrir.

Simon hesitou, mas sabia que precisava de um descanso. Ele assentiu, levantando-se lentamente.

- Se algo mudar... qualquer coisa... - começou Simon.

- Eu vou te ligar imediatamente - garantiu Dave.

O garoto saiu do quarto, passando por Theodore e as meninas no corredor. Os quatro estavam esperando a sua vez de visitar Alvin. David sabia que a presença deles era um apoio vital para todos, mas precisava de uma conversa particular com os garotos e as meninas.

- Vamos para a cafeteria por um momento - disse o mais velho suavemente. - Precisamos conversar.

Os rostos dos garotos e das meninas mostravam uma mistura de surpresa e preocupação, mas eles seguiram David sem protestar. Ninguém sabia exatamente o que ele queria dizer, mas o tom sério em sua voz sugeria que era algo importante.

(...)

Dentro do quarto de Alvin, o silêncio parecia mais denso na ausência dos irmãos e das meninas. David acomodou-se numa cadeira ao lado da cama, segurando a mão de Alvin. Um suspiro longo escapou de seus lábios, carregado com o peso dos dias de angústia e incerteza.

- Por favor, Alvin, acorde - murmurou David. - Nós todos precisamos de você.

Foi então que o som do monitor cardíaco mudou. Os bip bip constantes e ritmados se tornaram erráticos. David olhou alarmado para a tela, vendo os sinais vitais de Alvin despencarem.

- Enfermeira! - gritou David, sua voz cheia de pânico.

A equipe médica correu para o quarto, e David foi empurrado para fora enquanto os profissionais de saúde trabalhavam freneticamente para reanimar Alvin. Ele observava, impotente, do corredor, sentindo como se o chão estivesse desabando sob seus pés.

A vida de Alvin pendia por um fio, e tudo que David podia fazer era esperar, com o coração apertado, enquanto os médicos lutavam para trazer Alvin de volta do abismo.

Com as mãos trêmulas, David pegou o telefone e discou rapidamente o número de Simon.

- Alô? - atendeu Simon, sua voz preocupada.

- Simon, você precisa vir ao hospital. Imediatamente - disse o mais velho, sua voz trêmula e quebrada.

- O que aconteceu? - perguntou o moreno, o pânico crescendo em sua voz.

- Apenas venha... rápido - disse antes de desligar o telefone.

Enquanto esperava, David começou a ter flashes de memória. Lembrou-se de quando conheceu os garotos, de como eles haviam transformado sua vida de formas que ele nunca poderia ter imaginado. Alvin, sempre o mais travesso, metendo-se em todo tipo de confusão. Como na vez em que ele tentou usar o cortador de grama para fazer uma pista de corrida no quintal, ou quando quase incendiou a cozinha tentando fazer um bolo de aniversário surpresa.

E então, houve aquele primeiro "eu te amo". Ele se lembrava claramente de Alvin, com seus olhos brilhando de emoção, dizendo aquelas palavras simples mas tão profundas. Ele sentiu uma pontada no coração ao lembrar da sinceridade e do amor incondicional que o garoto sempre demonstrou.

Os minutos pareceram horas enquanto David revivia esses momentos. A equipe médica ainda estava no quarto, lutando para salvar o jovem. E David, com lágrimas escorrendo pelo rosto, sabia que, independentemente do que acontecesse, aqueles momentos preciosos seriam eternamente gravados em sua memória.

(...)

Simon, com o coração batendo acelerado, correu até onde Theodore estava. Encontrou o irmão sentado na sala, tentando distrair-se com um jogo de videogame, mas claramente preocupado.

- Theo, precisamos ir ao hospital agora - disse Simon, sua voz urgente.

Theodore largou o controle imediatamente, seus olhos arregalados de preocupação.

- O que aconteceu? Alvin está pior? - perguntou o mais novo, já se levantando.

- Eu não sei, mas o Dave disse para irmos rápido - respondeu o garoto, pegando as chaves do carro.

Os dois irmãos saíram apressados, com Brittany, Jeanette e Eleanor seguindo logo atrás. O caminho até o hospital parecia interminável, cada semáforo vermelho aumentando a ansiedade.

Ao chegarem ao hospital, correram pelos corredores até a ala de cuidados intensivos. Encontraram David ainda no corredor, seu rosto pálido e os olhos cheios de lágrimas.

- Como ele está? - perguntou Simon, ofegante.

David apenas balançou a cabeça, incapaz de encontrar palavras. Os médicos ainda estavam no quarto de Alvin, a porta fechada, bloqueando qualquer visão do que estava acontecendo lá dentro.

A espera era insuportável. David, Simon, Theodore e as meninas se abraçaram, buscando conforto uns nos outros enquanto os momentos passavam agonizantemente devagar. E, durante todo esse tempo, David continuava a ter flashes dos momentos preciosos que compartilhara com Alvin, esperando desesperadamente que não fossem os últimos.

- Por favor, Alvin, acorde - sussurrou Brittany, sua voz embargada pela emoção. - Nós todos precisamos de você.

Ela continuou olhando, como se esperasse ver algum sinal de que Alvin estava lutando para voltar para eles. Os momentos que compartilharam, as aventuras malucas e os sorrisos compartilhados, inundaram sua mente. Ela se lembrou das vezes que o garoto a surpreendeu com sua generosidade e coragem, mesmo que às vezes fosse um pouco impulsivo.

Lá dentro, os médicos continuavam a lutar para salvar Alvin. Brittany sabia que estava fora de suas mãos agora. Tudo o que podia fazer era esperar e rezar para que ele voltasse para eles.

Os minutos se arrastaram, cada segundo parecendo uma eternidade. A jovem permaneceu junto à janela, olhando para Alvin, sentindo o coração apertado de angústia. Ela não conseguia imaginar sua vida sem ele. A ideia de perder ele era uma dor que ela não sabia como suportar.

Finalmente, a porta do quarto se abriu. David saiu, seu rosto tenso e cansado. Ele olhou para Brittany através da janela, seus olhares se encontraram, compartilhando uma conexão silenciosa de preocupação mútua.

THE EXPERIMENT, alvin e os esquilos Onde histórias criam vida. Descubra agora