001/ Uma pista

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No ambiente parcialmente iluminado do laboratório, apenas as telas emitiam brilho, projetando a luz nos olhos fatigados de Simon. Inclinado sobre o teclado e ajustando os óculos, ele digitava com frenesi. As cifras e fórmulas piscando na tela eram tão intrincadas que pareciam indecifráveis para qualquer pessoa que não fosse um gênio como ele. O tempo era essencial. Alvin e Theodore estavam adormecidos no canto da sala, exaustos depois de passarem a noite inteira em vigília.

O sequestro de David havia afetado profundamente os três. David sempre fora mais do que um tutor; ele representava uma figura paterna e um mentor, deixando um vazio perceptível com sua ausência. Os sequestradores haviam sido explícitos: buscavam algo além de um resgate. Era evidente que quem quer que tivesse levado David reconhecia a inteligência de Simon e planejava utilizá-lo para algo nefasto.

Simon entendia que, assim como esquilos, eles tinham suas limitações. Necessitavam de atributos humanos a mais: força, altura e uma presença imponente. A noção de se metamorfosear e transformar seus semelhantes em humanos parecia um desafio intransponível, contudo, Simon se recusava a aceitar tal restrição. Ele estava decidido a encontrar uma solução.

A pesquisa que realizava era minuciosa. Em uma tela, havia gráficos detalhados de DNA, proteínas e moléculas que ele acreditava serem a chave para a transformação. Na outra, registros de experimentos biológicos e avanços científicos recentes que poderiam auxiliar na compreensão do processo.

"Estamos perto, muito perto," murmurou para si mesmo, quase como um mantra para manter o foco.

De repente, um bip incessante quebrou o silêncio. Simon dirigiu seu olhar para a tela que notificava a chegada de um novo e-mail. Era de um remetente desconhecido, oferecendo informações sobre uma tecnologia inovadora de modificação genética. Com as mãos trêmulas de expectativa, Simon abriu a mensagem e descobriu um link com instruções detalhadas para acessar um servidor seguro.

"Pode ser isso," ponderou, cheio de esperança, mesmo ciente dos riscos de confiar em fontes não identificadas.

Alvin se mexeu, despertando com o som. "Simon, o que está acontecendo?" questionou, esfregando os olhos sonolentos.

"Podemos ter encontrado uma pista," Simon respondeu sem desviar o olhar da tela. "Mas precisamos agir com cautela. Pode ser uma armadilha."

Theodore, agora desperto também, se aproximou. "O que vamos fazer, Simon?" ele perguntou, com sua preocupação evidente na voz.

Simon respirou fundo. "Vamos prosseguir, porém com apoio. Fiquem atentos a qualquer sinal de suspeita", pediu.

Os irmãos se prepararam, prontos para qualquer eventualidade. Simon clicou no link e digitou as credenciais fornecidas. A tela piscou e uma nova série de arquivos surgiram, revelando um processo experimental de alteração genética.

Enquanto absorvia a informação, Simon pensava rapidamente, conectando os pontos e elaborando hipóteses. Embora houvesse grandes riscos, a oportunidade de salvar David e restaurar a normalidade era irresistível.

Horas se passaram num instante. Simon ajustou a máquina que tinha construído meticulosamente, adaptando as novas informações. "Está pronto," disse finalmente, virando-se para Alvin e Theodore. "Temos uma chance de nos tornarmos humanos. Mas precisamos estar preparados para tudo."

Os irmãos se entreolharam, compartilhando um momento de silenciosa resolução. Eles sabiam que estavam prestes a cruzar uma linha da qual não havia volta, mas a lealdade a David e a determinação de salvá-lo os guiava.

Simon ativou a máquina, e uma luz intensa preencheu o ambiente.

~ Flashback ~

A tarde estava quente e ensolarada, uma típica tarde de verão em Los Angeles. David, Alvin, Simon e Theodore estavam aproveitando um raro dia de folga no parque, comendo sorvete e brincando despreocupadamente. A risada dos esquilos era contagiante, e David se sentia feliz por ver seus meninos tão alegres. Era uma pausa bem-vinda na correria da vida de celebridades.

Enquanto Alvin desafiava Simon para uma corrida até a fonte, Theodore se deliciava com seu sorvete de chocolate, tentando evitar que derretesse rápido demais. David os observava com um sorriso no rosto, satisfeito em vê-los assim. Porém, ele não percebeu os olhos atentos que os observavam das sombras.

À distância, dois homens de aparência suspeita trocavam olhares e cochichos. Um deles, alto e musculoso, conferiu um dispositivo no bolso e fez um sinal para seu comparsa, um homem mais baixo e magro, que parecia nervoso. Eles começaram a se aproximar do grupo disfarçadamente.

David, sempre vigilante quanto à segurança dos meninos, finalmente notou a presença dos estranhos. Uma sensação de desconforto começou a se formar em seu estômago. "Alvin, Simon, Theodore," chamou ele, tentando não alarmá-los, "vamos voltar para casa."

Os esquilos obedeceram sem questionar, correndo até David. Mas antes que pudessem sair do parque, os dois homens bloquearam seu caminho. "O que vocês querem?" Perguntou David, tentando manter a calma.

"O senhor Seville, não é?" Disse o homem musculoso com um sorriso ameaçador. "Precisamos que venha conosco. Agora."

David deu um passo para trás, protegendo os meninos. "Não vou a lugar nenhum com vocês. Deixem-nos em paz."

O homem magro tirou uma seringa do bolso e, antes que David pudesse reagir, cravou-a em seu braço. David sentiu uma dor aguda e, em questão de segundos, suas pernas começaram a fraquejar. "Cor... corram..." ele tentou dizer aos esquilos, mas sua visão já estava se tornando turva.

Alvin, Simon e Theodore gritaram em desespero enquanto David caía no chão, inconsciente. Os homens pegaram o corpo desmaiado de David e o arrastaram até uma van preta estacionada nas proximidades. Os esquilos tentaram seguir, mas a porta da van se fechou com um estrondo, e o veículo arrancou em alta velocidade.

"Não! David!" Gritou Alvin, correndo atrás da van até que ficou fora de vista.

Simon, embora devastado, manteve a calma. "Precisamos pensar," disse ele, sua mente já começando a formular um plano. "Vamos para casa e chamar a polícia. Encontraremos David."

Theodore, com lágrimas nos olhos, apenas acenou com a cabeça. Eles sabiam que seria uma jornada difícil, mas não tinham outra escolha. David precisava deles mais do que nunca, e eles estavam determinados a fazer qualquer coisa para trazê-lo de volta.

(...)

Ao retornar para casa, Simon foi surpreendido por uma mensagem: "Se não quiser vê-lo machucado, é melhor evitar chamar a polícia ou atrair atenção". Alvin, que estava ao seu lado, percebeu sua expressão nervosa e prontamente pegou o celular do irmão para ler em voz alta. Theodore ficou estático, lutando para assimilar a informação: se não pudessem acionar a polícia, como conseguiriam trazer David de volta?

THE EXPERIMENT, alvin e os esquilos Onde histórias criam vida. Descubra agora